Fibromialgia: pacientes tratados com cannabis relatam melhoras dos sintomas

DO TEXTO:

No Dia Mundial da Fibromialgia (12 de maio), especialista fala sobre os sintomas associados à síndrome e os benefícios dos canabinoides no controle da dor

São Paulo, maio de 2019 – Sentir dores intensas e incapacitantes, mas sem causa aparente e, muitas vezes, também sem diagnóstico. Esse é o desafio constante de quem tem fibromialgia, dor crônica caracterizada por se disseminar por vários pontos do corpo, especialmente tendões e articulações, e provocar fadiga, distúrbios de sono e alterações de humor, dentre outros sintomas relacionados. De causa desconhecida, estima-se que 2% a 4% da população geral tenha fibromialgia, sendo que são mais comuns os casos em mulheres de 30 a 50 anos.

Por ser silenciosa e não detectável em exames laboratoriais, muitas vezes a fibromialgia é vista como um transtorno apenas psicológico, já que comumente pacientes apresentam outros sintomas, como quadro ansioso depressivo, fadiga e diferentes tipos de insônia, rigidez articular, dores de cabeça, mãos inchadas, problemas de concentração e memória.

Wellington Briques, Diretor Médico da Canopy Latam, destaca o controle da dor como um dos grandes desafios do tratamento da fibromialgia. O médico comenta que, até pouco tempo, a única opção disponível para tratamento paliativo da fibromialgia era o uso de relaxantes musculares, para os casos de dor aguda e por curtos espaços de tempo, e de antidepressivos – que, no longo prazo, causam efeitos colaterais importantes – além da recomendação de exercícios físicos diários e medidas para melhora do sono. Até que pesquisadores israelenses associaram o uso medicinal da cannabis à redução das dores da fibromialgia. A análise foi realizada em 2017, com dados levantados por dois centros médicos de Israel especializados no tratamento da doença, e os resultados foram publicados em agosto de 2018 no Journal of Clinical Rheumatology.¹

A pesquisa contou com 26 pacientes, com idade média de 37 anos, diagnosticados com fibromialgia há pelo menos 2 anos. Do total, 73% eram mulheres. Os indivíduos responderam questionários sobre a doença antes e depois do tratamento com cannabis medicinal, que durou por volta de 11 meses. Ao final do tratamento, 100% dos pacientes relataram melhora nos sintomas da fibromialgia em todos os quesitos que constavam no questionário, principalmente no que se referia à dor. Pelo menos 50% dos participantes reportaram ter parado de tomar a medicação tradicional após o consumo da cannabis.

Segundo Dr. Briques, a ideia de utilizar os canabinoides como fármacos no tratamento da fibromialgia é devido ao seu envolvimento na regulação do processamento da dor e do estresse crônico. “Temos observado que doses diárias de canabinoides podem reduzir significativamente os níveis de dor, depressão e ansiedade em pacientes com fibromialgia, proporcionando a eles melhora significativa na qualidade de vida como não se via com o uso dos outros medicamentos”.

O médico reforça, ainda, que os benefícios dos canabinoides para o controle da dor têm sido estudados não só nos casos de fibromialgia, mas de dor crônica em geral. Segundo um levantamento recente do Ministério da Saúde², a prevalência de dor crônica variou de 29% a 73% em diferentes estados brasileiros, tendo afetado mais mulheres que homens e sendo a região dorsal/lombar o alvo das queixas mais frequentes. “Esses índices são alarmantes, pois sabemos que a incidência de dor crônica está diretamente relacionada a outros vários problemas de saúde. É preciso buscar novas tratamento, com mais benefícios e menos efeitos colaterais, e os canabinoides têm se mostrado uma boa opção para a maioria dos casos”, completa o médico.

Referências
¹ HABIB, George, et al. Medical Cannabis for the Treatment of Fibromyalgia. JCR: Journal of Clinical Rheumatology: August 2018 – Volume 24 – Issue 5 – p 255–258. doi: 10.1097/RHU.0000000000000702.
² VASCONCELOS, Fernando Holanda; ARAÚJO, Gessi Carvalho de. Prevalência de dor crônica no Brasil: estudo descritivo. Brazilian Journal of Pain, São Paulo, v. 1, n. 2, p. 176-179, abr./jun. 2018. Disponível em www.scielo.br/pdf/brjp/v1n2/pt_1806-0013-brjp-01-02-0176.pdf. Último acesso 02.05.2019.

POSTS RELACIONADOS:
Enviar um comentário

Comentários