“FRUTO | Diálogos do Alimento” promove roda de conversa sobre desperdício de alimentos

DO TEXTO: “Desperdício é uma falha na imaginação”. Foi com essa frase do Chef Douglas McMaster que a segunda rodada de diálogos do último dia do Fruto foi abert
Atualmente, o Brasil figura na lista dos top 10 países que mais desperdiça alimentos “Precisamos começar a olhar o alimento de outras formas.
  Luciana Gonçalves, Daniela Leite, Cristal Muniz, Manu Buffara, Anita Gutierrez e Ronaldo dos Santos/fotógrafo LEANDRO MARTINS

“Desperdício é uma falha na imaginação”. Foi com essa frase do Chef Douglas McMaster que a segunda rodada de diálogos do último dia do Fruto foi aberta.  A conversa contou com a participação de diferentes atores do cenário brasileiro como a Chef Manu Buffara, Ronaldo dos Santos da APAS, Anita Gutierrez do CEAGESP, Daniela Leite do projeto Comida Invisível e Luciana Gonçalves do Mesa Brasil do SESC SP, mediado por Cristal Muniz.

Atualmente, o Brasil figura na lista dos top 10 países que mais desperdiça alimentos “Precisamos começar a olhar o alimento de outras formas. Somos o País da fartura, do desperdício e da fome”, comentou a Chef Manu Buffara. Globalmente, são desperdiçados 1,3 bilhão de toneladas todos os anos. Como comparação, a quantidade equivale a 9.3 milhões de Boeings.

Para Daniela Leite, uma das principais formas de reduzir o desperdício começa pela observação do lixo que produzimos “Jogamos muita coisa que pode ser reaproveitada de diversas maneiras por que não temos o hábito de olhar para as coisas que são colocadas ali. Ficamos no modo automático”.

Além de frutas e hortaliças que são desperdiçadas puramente por não seguirem padrões estéticos estabelecidos pelas grandes redes varejistas, outro ponto preocupante segundo Ronaldo dos Santos é a atual legislação que obriga os fabricantes a colocar data de validade dos produtos. “Já há um pleito para mudarmos o registro de data de validade para uma indicação de ‘melhor se for consumidor até’ em alguns tipos de alimentos. Essa data nada mais é do que a preservação das propriedades físico-químicas, não significa que está estragado”.

Algumas dicas para reduzir o desperdício de alimentos:
- Compre frutas já maduras
- Busque por produtores locais
- Evite comprar um alto volume de alimento se não for para consumo imediato
- Escolha e consuma frutas da época para evitar desperdício de produção destes alimentos
- Para evitar preparar uma quantidade maior de comida do que o necessário, utilize de medidores de porções. Caso sobre comida congele ou pense em novas receitas para reaproveitar a sobra
- Busque o entendimento das possibilidades de nutrição vindas de outras partes dos alimentos, como por exemplo da semente de melancia e a casca da batata, banana e outros legumes e frutas.

Sobre o FRUTO

O chef Alex Atala e o produtor cultural Felipe Ribenboim, com a chancela do Instituto ATÁ, anunciam, pelo segundo ano consecutivo, o seminário “FRUTO | Diálogos do Alimento”. O evento contará com a presença de 50 personalidades dos ramos da sustentabilidade, ciência e gastronomia, além de representantes da indústria.

Entre os especialistas estão Atom Sarkar, neurocirurgião estadunidense que aponta a relação entre o cérebro, os alimentos e a memória; Yossi Lesher, ornitólogo de Israel que estuda o poder de transformação das aves sob o meio ambiente; e Chido Govera, agricultora do Zimbábue que aprendeu, e agora ensina, o cultivo de cogumelos a partir de resíduos de café e milho, entre outros.

Realizado na Unibes Cultural, o FRUTO ocorre nos dias 25, 26 e 27 de janeiro, e propõe uma programação diversificada, que apresenta questões sobre gastronomia, meio ambiente, agricultura e consumo consciente. Nos dois primeiros dias, apenas convidados podem participar do simpósio, mas, com a intenção de atingir o maior número possível de pessoas, todo o conteúdo será transmitido em livestream no site http://fru.to.  

Como novidade para essa edição, no último dia do seminário, acontecerão três rodas de diálogo abertas ao público. Sempre com a mediação de um especialista, esta é chance de debater e tirar as principais dúvidas sobre outros três tópicos importantes que permeiam a produção de alimentos: educação, desperdício e políticas públicas. Ao todo, estima-se que cerca de 900 pessoas participem do evento.

A escolha da capital paulista para sediar as discussões não é por acaso. O FRUTO entende que a cidade é um dos poucos lugares no mundo que reúne diferentes protagonistas, com uma crescente oferta orgânica, projetos de hortas urbanas, organizações não-governamentais engajadas na questão alimentar, chefs de cozinha que trazem essa discussão para a mesa, além de projetos voltados para a origem do alimento.

Pensando nisso, e também na capacidade agrícola do Brasil, o seminário pretende consolidar o País como principal palco desse debate, envolvendo todos os seus atores, de pequenos produtores à indústria de alimento, criadores de hortas urbanas a comunidades indígenas, antropólogos a agrônomos e engenheiros genéticos.

Sobre o Instituto ATÁ
O Instituto ATÁ é a primeira entidade brasileira a se dedicar exclusivamente à relação do homem com o alimento. Iniciativa de um inédito e diverso grupo de lideranças da sociedade civil e do mundo empresarial, incluindo nomes como o chef Alex Atala, Beto Ricardo (Instituto Socioambiental), Roberto Smeraldi (Instituto ATÁ) e Georges Schnyder (SlowFood e Editora 4Capas), a missão do Instituto é “aproximar o saber do comer, o comer do cozinhar, o cozinhar do produzir, o produzir do ambiente”. Nesse quadro, procura valorizar e fortalecer a diversidade de territórios e saberes, o ato de se alimentar como fator integrante da cultura, as melhores práticas de sustentabilidade na produção e no consumo, a limitação de perdas e desperdício, a qualidade e identidade das cozinhas do Brasil no mundo, a segurança alimentar e nutricional, a tecnologia e inovação na produção, transformação e distribuição do alimento e a valorização de negócios de base familiar e comunitária. Entre os projetos de destaque da entidade estão: a marca Retratos do Gosto, a pimenta baniwa (em parceria com o ISA), o projeto Gastronomia nos Presídios, os arrozes especiais do Vale do Paraíba, mel de abelhas nativas, cogumelos comestíveis brasileiros, Galinhadas beneficentes e outros.  

Sobre Felipe Ribenboim
Formado em gastronomia, trabalhou em restaurantes de São Paulo e da Espanha - elBulli e Arzak - e tem prática como personal chef. Desde 2004 empreende investigações em gastronomia, como expedições em cultura e gastronomia, iniciadas com a região amazônica [Projeto Biomas Brasileiros]. De 2008 a 2011 foi sócio-proprietário e chef do restaurante Dois | cozinha contemporânea, em São Paulo. Em 2012 inaugura o segmento de cultura alimentar na Base7 Projetos Culturais, empresa de produção cultural com atuação no Brasil, América Latina e Europa. Foi responsável pela concepção e texto da exposição “Alimentário – arte e construção do patrimônio alimentar brasileiro”, apresentada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM RJ, em 2014; no Museu da Cidade – OCA, em São Paulo; e na Expo Milão, na Itália, ambos em 2015 e pela concepção e curadoria da exposição Sergio Coimbra – panoramas da comida no Brasil, de junho a agosto de 2016 no espaço Unibes Cultural. Responsável pela concepção e realização da exposição Satoyama | Yoshihiro Narisawa e Sergio Coimbra, na Japan House SP, em 2017, além de Coordenador no projeto Arte & Sabor 2017, do Instituto Tomie Ohtake, que utiliza o alimento, a arte, cultura e educação com agentes transformadores para 70 merendeiras conveniadas do município de São Paulo, com impacto em 10 mil crianças.

Sobre o chef Alex Atala
Chef e proprietário dos restaurantes D.O.M., Dalva e Dito, Açougue Central e Bio – Comer Saudável, Alex Atala é reconhecido internacionalmente por sua cozinha autoral brasileira e por seu trabalho de valorização dos ingredientes e produtores de todo o Brasil. Em 2013, entrou para a lista das 100 personalidades mais influentes da “Revista Time”. Em sua trajetória internacional, além de dezenas de premiações e participações em eventos, protagonizou um dos episódios da segunda temporada da prestigiada série “Chef’sTable”, da Netflix. Em abril de 2013, criou o Instituto ATÁ com uma equipe multidisciplinar que reúne fotógrafos, empresários, publicitários e um antropólogo, com o objetivo de aproximar o saber do comer, o comer do cozinhar, o cozinhar do produzir, o produzir da natureza. Entre outros projetos, o instituto é responsável pelos boxes de biomas do Brasil do Mercado Municipal de Pinheiros, em São Paulo.

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