O Novo Oscar: A Academia mudou regras para atender ao público mais jovem

DO TEXTO:

O Novo Oscar

*Artigo escrito por Daniel Bydlowski e publicado no jornal Diário de Pernambuco

Com uma forte tentativa de se fazer presente na vida de jovens que vem perdendo interesse nos filmes mais tradicionais e clássicos de Hollywood, entre outros objetivos, a Academia mudou muitas regras para que o voto dos membros mais jovens contasse mais do que antes. E os escolhidos para o Oscar 2018 mostram estas mudanças claramente, com filmes que, cinco anos atrás, provavelmente não teriam chance.

Porém, as diversas categorias são afetadas de maneira diferente. Os indicados para melhor filme, por exemplo, são Me Chame Pelo Seu Nome, O Destino de Uma Nação, Dunkirk, Corra!, Lady Bird - A Hora de Voar, Trama Fantasma, The Post - A Guerra Secreta, A Forma da Água e Três Anúncios Para um Crime. O maior número de indicados garante que tanto o tipo de filme tradicionalmente indicado, quanto filmes mais voltados para o gosto jovem, tenham a chance de concorrer.

Assim, O Destino de Uma Nação e Dunkirk, ambos lidando com drama histórico, um dos gêneros prediletos do Oscar, competem pela estatueta e estão entre os nove indicados deste ano. O mesmo pode-se dizer de Trama Fantasma e Três Anúncios Para um Crime, dramas dirigidos de maneira tradicional sobre personagens que podem até ser fictícios, mas que contam com roteiros, atuação e direção tão eficazes que podem parecer baseados em fatos reais.


O grande número de produções indicadas para melhor filme também foi uma tentativa do Oscar em aceitar diferentes estilos que antes não teriam muito espaço. Tal mudança ocorreu em 2009, quando o limite de 5 filmes cresceu para 10 (o que é, na verdade, um retorno as regras de 1930, quando o limite era ainda maior). Isso permite que, por exemplo produções como Corra! e A Forma da Água, caracterizados no meio como “filmes de gênero” (já que são claramente definidos pelo gênero do horror, no caso do primeiro, e fantasia, no caso do segundo), estejam presentes entre os filmes tradicionais.

Isto não acontece nas categorias individuais. Por exemplo, os indicados para melhor direção são Christopher Nolan, com Dunkirk, Jordan Peele, por Corra!, Greta Gerwig , por Lady Bird - A Hora de Voar, Paul Thomas Anderson, com Trama Fantasma e Guillermo del Toro, com A Forma da Água. Cada um dos indicados parece representar um gênero diferente. Enquanto isto é algo positivo, já que honra diretores que não teriam chance de aparecer anteriormente, também deixa de lado trabalhos incríveis como Três Anúncios Para um Crime, com uma direção impecável de Martin McDonagh que faz parecer que o filme, completamente fictício, foi baseado em uma história real.

Mas isto é um lembrete de como o Oscar, que é assistido mundialmente, se transforma para se adequar a novos objetivos e novos mercados. O novo Oscar, mais focado em gostos jovens, é uma premiação que presa por diferentes “filmes de gênero” que vão muito além do famoso drama histórico.
 
Daniel Bydlowski é cineasta brasileiro e artista de realidade virtual com Masters of Fine Arts pela University of Southern California e doutorando na University of California, em Santa Barbara, nos Estados Unidos. É membro do Directors Guild of America. Trabalhou ao lado de grandes nomes da indústria cinematográfica como Mark Jonathan Harris e Marsha Kinder em projetos com temas sociais importantes. Seu filme NanoEden, primeiro longa em realidade virtual em 3D, estreia em breve.

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