Júlio Iglesias, em entrevista, relata: Roberto Carlos é um grande amigo que o Brasil me deu

DO TEXTO:
O espanhol e o amigo brasileiro, Roberto Carlos: 
comparações Foto: Reprodução

Por Naiara Andrade
Julio Iglesias logo quer saber quantos anos tem a repórter com quem fala por telefone, diretamente da República Dominicana. Ao ouvir a resposta e perceber que não me incluo na faixa etária da maioria de suas fãs, comenta: “Ah, então é a sua mamãe que gosta de mim?”. Eterno sedutor e surpreendentemente brincalhão, o cantor, que completou ontem 74 anos de vida, quer celebrar seus 50 de carreira, ano que vem, fazendo shows pelo mundo inteiro. E o Brasil está na rota — aquele papo de que seria sua última vez por aqui em 2014, portanto, caiu por terra. O espanhol afirma que nunca se afastou dos brasileiros e que o novo CD “Dois corações” — compilação com sucessos internacionais e gravações suas com os sertanejos Zezé Di Camargo & Luciano, Bruno & Marrone, Paula Fernandes e Daniel — só vem estreitar sua história de amor com o país que lhe deu 50 discos de ouro e platina.

“Dois corações” é dedicado aos fãs brasileiros. Sente saudade daqui?

Eu nunca deixei vocês. Cantei muito pelo Brasil, de Norte a Sul. Sou o artista estrangeiro que mais vendeu discos aí, e isso me faz feliz. As boas lembranças ficam no coração. Ano que vem quero visitá-los, nos meus 50 anos de carreira.

Sua turnê por aqui em 2014 tinha sido anunciada como a última...

Que nada! Eu voltarei. Adoro o Brasil! É que estou trabalhando muito. Agora mesmo, estou fazendo um livro.
Julio acaba de completar 74 anos; ano que vem, celebra 50 de carreira 
Foto: Divulgação
Sobre o quê?

É a minha vida contada de verdade... Perigoso, não? (risos). Não posso falar mentiras porque devo muito aos meus fãs. Só que a verdade é difícil. Enquanto relato coisas ao escritor, dou risada e choro. Não esperava sentir essas coisas. Tive uma trajetória intensa. Era jogador de futebol e, aos 19 anos, sofri um acidente e quase morri, fiquei paralítico por muito tempo. Foi quando renasci como cantor, por circunstâncias da vida. Nunca tinha cantado antes! Quando comecei, cantava muito mal.

Não... É que sempre fiz canções bonitas, que tocam as pessoas. Virei referência porque cantei com os grandes, de Frank Sinatra a Roberto Carlos. Só falta o Papa Francisco. Será que ele canta bem?

Por falar em Roberto, vocês dois costumam ser muito comparados em seu romantismo.

Realmente, a vida dele é muito similar à minha. A música é parecida, a idade, o jeito de lidar com os fãs... Eu me sinto muito próximo de Roberto. É um grande amigo que o Brasil me deu!

Você tem casas em Miami (EUA), Punta Cana (República Dominicana) e Marbella (Espanha). Hoje em dia, está morando onde?

Não sei, meu amor... Acho que na lua. Meu lugar é onde o vento me acaricia e me enche os pulmões. Para quem canta, isso é fundamental.

No Caribe o vento é ótimo, não?

Ah, você conhece? Dá para fazer amor todos os dias... (gargalhadas)

Sexo é uma rotina, mesmo depois de tanto tempo? (Julio está há 34 anos com a modelo holandesa Miranda Rijnsburger, de 50)

Eu e ela temos cinco filhos, o mais novo com 10 anos, e a vida sexual é ativa. É dia sim, dia não. Às vezes, dia sim e outro também. E, nos anos bissextos, tem sexo um dia a mais (gargalhadas).

O cantor no início de carreira: “Eu cantava muito mal!” 
Foto: Reprodução
O que tem feito, além de cantar?

A minha vida é cantar, meu amor... Cantar é uma maneira de sonhar sem estar dormindo. O canto me coloca num lugar onde me amam gratuitamente. Eu me sinto grande, livre, capaz até de curar as pessoas. A música é a coisa mais maravilhosa que aconteceu na minha vida. Eu não sei cozinhar... Só ovos fritos e saladas. Já é muito para mim!

Tem muitas manias?

Não tantas. Não quero mais perder tempo com isso. Eu tinha umas coisas chatas... Se não tocassem de um jeito, eu não cantava. Hoje não. A única coisa que faço é tomar três banhos por dia: de manhã, à tarde e à noite. E sempre acompanhado, hein? (gargalhadas)

Você acabou de completar 74 anos. Como tem lidado com a passagem do tempo?

Sei que a qualidade de vida que tenho agora não vou ter mais daqui a dez anos. É muito difícil pensar nisso. A força das pernas, do coração, da cabeça, o corpo funcionando bem... Hoje, levo uma vida muito ativa. Nado muito e adoro pescar. Almas, não peixes. Pesco almas e as solto no mar do amor. Eu adoro isso! A paixão que tenho pelos meus fãs me faz viver. Não preciso de nada material. Pode ser até que eu seja o artista mais rico do mundo. Eu faço música porque tenho necessidade de cantar, não de ganhar dinheiro. Preciso cantar para viver. Se não canto, morro.

E como anda a vaidade? O bronzeado permanece?

Eu já não tomo mais sol como antes. O sol é que me acompanha (risos). O meu bronze já é natural. Aliás, eu vivo ao natural. Se estou sozinho em casa, só ando nu, pego sol nu. Só quando chega gente é que eu me visto.

Miranda não sente ciúme? Você sempre foi muito assediado...

Não... Miranda é um presente da vida para mim. Ciúme só aparece quando há dúvida do amor. No nosso caso, não há. Tenho um acordo com ela sobre o direito de flertar com a vida. Se não pudesse fazê-lo, estaria morto. Cortejar as pessoas é o mais bonito do meu trabalho. Dou o melhor de mim para as minhas fãs, e minha mulher sempre entendeu isso.

Mas você é um homem fiel?

Amar uma mulher é a coisa mais bonita do mundo... Amar uma é bom; duas, é ótimo; três, melhor ainda.

É um sedutor inato?

A vida me fez um sedutor. É um dom natural de Deus. As fãs sabem que eu as amo, por isso elas me amam também. A vida é recíproca. Quero as pessoas cada vez mais próximas de mim.

O que o dinheiro não comprou?

Dinheiro é uma merda, te distancia da vida. Antes, eu passeava pelas ruas e via coisas que não podia comprar. Agora posso comprar, mas não passear tanto quanto gostaria. E não me refiro só à privacidade, mas ao tempo de que disponho. A vida passa rápido, e tenho muita pena disso. Não tenho tempo a perder.

Você ouve música brasileira da atualidade?

Pouco...

Conhece Anitta?

Sim, a vi nos Jogos Olímpicos, sei que faz grande sucesso dentro e fora do Brasil. Gosto da Anitta, mas prefiro Chico Buarque, Caetano, Elis...

O que acha de “Despacito”, maior sucesso latino dos últimos tempos?

Adoro “Despacito”! Mas um hit não resume uma vida. Para se ter uma carreira, é preciso cem sucessos, como os do Roberto, como os meus. Uma canção pode importar durante um ano, mas uma vida de sucessos é mais especial.

Você recebeu os maiores prêmios que um artista poderia querer. Alguma coisa ainda lhe falta?

Estou pensando em gravar um disco que provoque as pessoas a levantarem da cadeira e dançarem. Ainda quero causar um pequeno terremoto nas bundas com a minha música (risos).
Julio e Miranda na cozinha: ele só sabe fazer ovos e saladas 
Foto: Divulgação
Como é sua relação com seus filhos, dos mais velhos aos mais novos (Chábeli Iglesias, de 46 anos; Julio Iglesias Jr., de 44, e Enrique Iglesias, de 42; do casamento com Isabel Preysler; e Miguel Alejandro, de 20, Rodrigo, de 18, as gêmeas Cristina e Victoria, de 16, e Guillermo, de 10, da união com Miranda)?

Tenho muita sorte pelos filhos que tenho... Ainda mais quando não me pedem dinheiro! (risos) Sou um bom pai, um tanto controlador. Mas tenho uma cumplicidade muito grande com os mais novos, talvez mais do que antes, quando eu era jovem demais para desfrutar do que era ser pai.

E quanto a Javier Sánchez Santos, que entrou com um processo na Justiça, no início deste mês, reivindicando ser seu filho com uma bailarina portuguesa? Ele diz ter uma prova do DNA que confirma tudo...

Não sei nada sobre esse suposto filho. O tribunal espanhol, que está apurando o caso, me disse que esta prova de DNA nunca existiu, menos ainda qualquer resultado positivo para paternidade. Especulações não me interessam, não é a primeira vez que isso vem a público. Aconteceu há 20 anos, passou e agora voltou a acontecer (Javier tem 40 anos). Deixarei a cargo da Justiça. Cabe a ela decidir, ninguém mais.
Julio era jogador de futebol, até sofrer um acidente e ficar temporariamente paralítico 
Foto: Reprodução

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