Sambista Wilson das Neves morre aos 81 anos - RJ

DO TEXTO:

Morre no Rio sambista Wilson das Neves

O músico, de 81 anos, lutava contra um câncer e faleceu na noite deste sábado

 
Pablo Pires

A baqueta e a voz de Wilson das Neves se calaram na noite deste sábado. O instrumentista, cantor e compositor faleceu aos 81 anos, em decorrência de um câncer, em um hospital na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro.

Wilson das Neves tinha o samba como dom. Com elegância própria, tocava bateria há mais de 60 anos, perseverando. Sua dedicação não foi em vão. Embora discreto, seu talento sobressaiu, pois tocava o tambor como se deve afagar a pele de uma mulher.



Praticamente todos os grandes nomes da MPB o solicitaram e participou de mais de 600 gravações com o que de melhor foi produzido no país desde a década de 1960. Esse talento está registrado em álbuns de Elza Soares, Elis Regina, Wilson Simonal, Elizeth Cardoso, Roberto Carlos, Cartola, Nelson Cavaquinho, Clara Nunes, João Nogueira, Beth Carvalho, Roberto Ribeiro e muitos outros, incluindo uma participação na faixa “Trepadeira”, do rapper Emicida.

Sambista do Império Serrano, foi parceiro de Aldir Blanc, Paulo César Pinheiro, Ney Lopes, Cláudio Jorge, Martinho da Vila, Moacyr Luz e Chico Buarque. Com Chico, de quem era baterista há 35 anos e gravou vários discos, foi também parceiro em “Grande Hotel” e “Samba para o João”, dedicado a seu bisneto. Mas as parcerias se estendem longamente: compôs com Chico Buarque, Aldir Blanc, Paulo César Pinheiro, Ney Lopes, Cláudio Jorge, Moacyr Luz e outros.


Zeca Pagodinho e Wilson das Neves

A presença de Wilson na música brasileira não se limita ao papel de exímio baterista. Depois de anos protagonizando a bateria em discos alheios e em seus próprios, lançou-se como cantor em 1996, com o ótimo “O som sagrado de Wilson das Neves”, em que registrou “O samba é meu dom”, uma parceria com Paulo César Pinheiro, um testemunho autobiográfico em que presta homenagem à fina linhagem do samba.

Sua voz foi destaque ainda na Orquestra Imperial, que integrou desde 2003 e com a qual contagiava a todos com seu bom humor e por seu otimismo. Gravou, depois disso, mais três álbuns: “Brasão de Orfeu” (2004), “Pra gente fazer mais um samba” (2010) e “Se me chamar, ô sorte” (2013).



Querido e admirado por todo o meio artístico, atuou também no cinema, participando no filme “Noel, o poeta da Vila” (2006), de Ricardo Van Steen. Há 10 anos, o diretor Cristiano Abud e os produtores Alexandre Segundo e Guilherme Fiúza Zenha, todos mineiros, deram início às gravações de “O samba é meu dom”, documentário de longa-metragem sobre Wilson das Neves. O projeto está em fase de finalização e tem previsão de lançamento em 2018.

Discografia

(S/D) Juventude 2000 • LP
(2013) Se me chamar, ô sorte • MP,B Discos/ Universal Music • CD
(2010) Pra gente fazer mais um samba • MP,B/ Universal • CD
(2010) Que Beleza (c/ grupo Ipanema) • Far Out (Inglaterra) • CD
(2004) Brasão de Orfeu • Selo Acari Records/Biscoito Fino • CD
(2001) Quintal do Pagodinho • Universal Music • CD
(2001) Brasileira • Independente • CD
(2001) Nome sagrado-Beth Carvalho canta Nelson Cavaquinho • Jam Music • CD
(2001) Coisa de chefe • Carioca Discos/Rob Digital • CD
(1999) The return of The Ipanemas • Far Out (Inglaterra) • CD
(1996) O som sagrado de Wilson das Neves • CID • CD
(1976) O som quente é o das Neves • Underground/Copacabana • LP
(1970) Samba Tropi-Até aí morreu Neves • Elenco/Philips • LP
(1969) O som quente é o das Neves • Polydor • LP
(1968) Elza Soares • Odeon • LP
(1964) Os Ipanemas • LP


In http://www.uai.com.br/app/noticia/musica
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Wilson das Neves - Os Papéis / O Samba É Meu Dom (Ao Vivo)
 
 
 

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1 Comentários

Comentários

  1. Em futebol estamos razoavelmente bem...
    Mas...
    O Brasil precisa urgente voltar a qualidade de seu cinema e sua música.

    Desde os governos com ministérios da cultura oba-oba e porralouca, em 13 anos nossa cultura musical piorou muito. Acabaram com o tradicional e a tradição.
    O PT deu vazão para o péssimo Sertanejo Universitário, via gestão Gilberto Gil (PT).

    PT venera a Indústria Cultural. Melhor para dominar.

    Literatura e alta cultura é de que o Brasil necessita a tempo nas nossas escolas e na educação das curuminhas.

    E de música boa. Esteticamente boa. A frente de tudo a qualidade de 1ª. Estética. O Jogo de Cartas da Educação Infantil: Seria o bom gosto nas escolas. Tal qual Tarkovsky. Ou como o cinema antigo (de qualidade brasileiro). Eis: 1º lugar educação dos mais jovens, para se ter solidez no futuro próximo. Necessitamos muito de bons hospitais. E escolas boas para os curumins. Precisamos de alta-cultura.

    Alta literatura; Kafka, Drummond, Dostoievski, Machado de Assis, Aluísio Azevedo do Maranhão. De arte autônoma. E educação verdadeira nas escolas dos pequenos. O que não houve. O Brasil vive consequência de nosso passado político bem atual (2 décadas). Fome, falta de moraria, atraso, breguices, escolas ruins, falta de hospitais: concreto… O resto são frasinhas® poderosas: Eis aí a pura e profunda realidade sociológica e filosófica: A “Copa das Copas®” do PT® em vez de se construir hospitais, construiu-se prédios inúteis! A Copa das Copas®, do PT© e de lula©. Nada se fez em 13 anos para esse mal brasileiro horroroso. Apenas propagandas e propagandas e publicidade. Frasinhas.

    Qual o poder constante da propaganda ininterrupta do PT®? Apenas um frio slogan, o LUGAR DE FALA do Petismo® (tal qual “Danoninho© Vale por Um Bifinho”/Ou: “Skol®: a Cerveja que desce Redondo”/Ainda: “Fiat® Touro: Brutalmente Lindo”). Apenas signos dessubstancializados. Sem corporeidade. Aqui a superficialidade do PETISMO®: Signos descorporificados. Sem substância. Não tem nada a ver com um projeto de Nação.

    Propaganda pura. O PT é barango.

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