Entrevista - Alexandre Oliveira um poeta-escritor que já é cá da gente

DO TEXTO:

Alexandre Oliveira reside em João Pessoa, mas divide o seu tempo, por questões familiares e não só, entre João Pessoa e Cabedelo. Tem paixão pela escrita e nesse sentido tem passado textos de excelente qualidade.

Muitos anos ao serviço da Marinha Mercante. Nessa altura, já tinha hábitos de leitura? 

AO: Dizer que tinha hábito de ler, eu confesso que não. Mas Já dava meus primeiro pulos de gato. Sim, porque antes de ir para a Marinha Mercante, onde na mesma tive que deixar por graça divina, eu escrevi um conto que hoje recordo apenas do nome que dei, o titulo de Juventude Transviada. E o que era esta juventude Transviada. Hoje vemos ser bem mais que ontem. Bem antes de falarmos dos Splish Splach da vida. 

Ler e escrever, não é muito habitual nos tempos de hoje, concretamente em relação aos jovens. Concorda?

AO: Gostaria de responder tal pergunta de forma que todos os jovens, e adultos se conscientizassem o quanto é fundamental lermos pelo menos um livro no ano, diria assim. No entanto, é preciso navegar e conhecer toda nossa costa, e saber o quanto é bela. O leitor, ao abrir o livro se depara com maravilhas doutro mundo que faz com que este pense diferente. 

Você é daqueles que incentiva, ou incentivava na Marinha Mercante, os seus amigos a criarem essa vocação para a leitura? 

AO: Eu incentivo meu pessoal Tanto tenho a mais nova como devoradora de livros. É de repente complexa esta resposta devido o percurso de que possamos fazer, pois nem mesmo temos tempo suficiente para nós. Pelo litoral , quando menos se espera entramos num porto , e a conversa é bem diferente desta que pretendemos. Já quando largamos todas as amarras, e estamos a barlavento, imagina qual a leitura que um homem do mar faz. Aquela que supostamente nem imaginávamos ler. Pois, lemos romances, tipo: Capitães de Areia, Mar Morto, Navegação de Cabotagem, livros estes com títulos no mesmo universo. Eu gostava de ler narrativas bem engraçadas, pois como eu sou oriundo do teatro amador, do teatro de raízes, do teatro de Altimar Pimentel, meu mestre. Já que a primeira peça encenada trabalhei um ser que jamais esquecerei da magia da mesma quando de moço passei a idoso num toque de magica. Aprendi que Teatro a gente faz porque ama o palco. 

Deduzo, porém, por todas as circunstâncias de andarem no alto mar e consequentemente aportarem em vários países da própria rota, que poucos seriam (ou serão ainda hoje) os tripulantes de navio (os ditos marinheiros) que tinham disposição para pegar num livro e o “devorar” do princípio ao fim? 

AO: Eu falo de mim. Devorar um livro como dantes eu fazia nem mesmo imaginando voltar ao tempo. Hoje leio bem mais que vinte, trinta, quarenta livros ao ano, eu acho que até mais.  São  estes que me alimentam , e faz com que eu possa interagir com os mesmos para então a ver um feedback , sem ler não consigo escrever, por isso que minha sede é constante. E olha maior parte destes que leio são E-Books.

Quantos anos na Marinha Mercante? Tem uma ideia aproximada de quantos livros passou pelas suas mãos? 

AO: Sendo sincero, por ano eu pude ler menos de cinco livros por ano. Não tinha este gosto de ler, tudo apesar dos pesares fazia com eu esquecesse um pouco. Meu programa não era um livro. Gostava sim de filmes de ação, filmes onde de fato existisse muita ficção.  Muita TV, ou Cinema. 

Ainda continuando ligado ao passado da sua profissão de marinheiro, qual a literatura que mais lhe fascinava? 

AO: Vinte Mil Léguas Submarinas, com direito a Capitão Nemo. E, a Moby Dick. Livros de Aventura. ( risos)muita ficção. E suplementos da revista Ela e Ela. 

Hoje é um dos apreciados poetas-escritores. Já tinha essa vocação antes de entrar para a Marinha Mercante? 

AO: Olha eu entrei para a Marinha Mercante por uma questão de força maior. E rogava todos os dias sair o quanto antes de cima de navio. No entanto não tinha alternativa , ou outra coisa que fosse, eu saí do palco com dezessete anos , em direção a um mundo desconhecido que aprendo a gostar. E isto com bastante fé um dia aconteceu , e eu não pude mais voltar a navegar, e o que aconteceu , depois de algum tempo em casa , resolvi voltar aos pacos e dá continuidade o que eu deixara antes , ou seja, escrever, escrever e escrever. Nisto apareceu o livro Escravo da Lua, que direi ter sido um aborto. Devido , alguém querer lançar algo que creio não estava no momento. E , o que aconteceu? ... joguei todas as fichas querendo realizar um sonho. Meu sonho de ser reconhecido sendo poeta-escritor. Poeta , por já trabalhar o verso em forma de tercetos, em forma de Acrósticos, e ao escrever passar ideia de estar num palco contracenando. Meu livro é meu palco. Já que não temos teatro. O teatro se encontra de portas fechadas. 

Já editou vários livros, qual deles considera que teve mais impacto junto dos leitores que o seguem? 

AO: Eu peço permissão para colocar esta pergunta no momento pendurada. Porque creio que todos são bons relatos, creio que o que registrei me ajuda a caminhar, são crônicas sobre minha gente, sobre teatro, e outros assuntos bem relevantes. Mas, dentre dois livros de Crônicas, um de poesia, e uma novela, (Saga) eu diria leia, OS TRÊS SANTINHOS. 

Neste contexto de leitura, qual a ideia que tem sobre o que ocorre no Estado da Paraíba? Claro uma ideia aproximada, nomeadamente em relação às cidades que conhece? 

AO: Não sou autoridade no assunto. No entanto, diria que a Paraíba ainda irá demorar a acertar o passo. Os  nossos atores não tem dignamente quem lute por eles, os sindicatos da classe nem existem , ou sendo , claro é bem diferente dos demais que buscam incentivar a classe. Nisto eu aproveito e comento um pouco sobre o teatro aqui na cidade , não existe quem nos represente , quem procure fazer um bom trabalho tendo nossos artistas força. Vemos sim, pessoas que queiram Agitar, e irar seu corpo de lado e deixar a lenha queimar. 

Pelo que já constatei, e tratando-se de uma semelhança igual à minha, escreve com paixão? 

AO: Quanto a isto não resta duvidas. Escrevo porque é Paixão de Verdade, eu amo escrever. Meu caro amigo, nisto eu fiz a escolha certa. E segundo aqueles que me lê, diz que eu tenho estilo próprio. Mas porque isto? ... Porque eu vejo este como um meio para me comunicar com os demais e com aquele que assiste o que faço. E nisto em cada texto que escrevo é uma performance que faço, então o que falta é que meu trabalho seja reconhecido   agradeço não só a você  que diz se identificar , como também ao portal Splish Splash , que leva meus escritos para nossos irmãos brasileiros e portugueses que se encontram fisicamente bem distante, mas que em pensamento estão ao meu lado. 

A ficção faz parte das suas preferências, ou não será assim? 

AO: Não só ficção. Para que escreva minhas crônicas eu volto ao passado e busco junto a memoria minha realidade, aquele momento pelo qual vivenciei . eu adentro no campo do jornalismo investigativo e busco o que posso  passar para quem de fato gosta , ou se identifica com cada virgula que eu coloque. Espero sim, breve, não tenho ideia quando escreverei um romance que terei que usar toda magia da ficção. 

Também faz parte de um apreciado naipe de poetas. A poesia é outra das suas paixões. Um poema hoje é muito apreciado e, pelos vistos, o Alexandre vai continuar a trazê-lo à estampa? 

AO: Amigo eu só sei que vale a pena. E sendo este que agrade assim continuarei, A poesia é Alexandre d’ Oliveir,(risos) como foi tantos outros, foi Carlos Drummond de Andrade, foi Fernando Pessoa, Cecilia Meireles, porque estes mestres se doavam a cada verso, ele amava e sabiam como é bom amar. 

Do muito que se diz, sobretudo pela negativa, como define o atual panorama da cultura brasileira? 

AO: Enquanto estivermos nesta eu acho que falte muito para que se iguale a países da Europa. 

Coloque cinco dos seus escritores preferidos num patamar superior? 

AO: São bastante. Enumerar é difícil. Mas para não ser injusto eu direi os que recentemente eu li. 
Rubem Braga
Dráuzio Varella
Goulart de Andrade
Carlos Drummond de Andrade
Martha Medeiros.

Tenho acompanhado o seu livro OCEANOS, publicando no meu Blog do qual você é outro dos distintos colaboradores. Trata-se de um dos seus melhores livros? 

AO: No momento, talvez. 

Você é mais poeta-escritor do que propriamente jornalista? 

AO: Carlos eu não sou jornalista de formação, sou, bacharel em Publicidade e Propaganda, mas tenho noção de jornalismo investigativo. 

Há pouco tempo, a meu convite, escreveu um texto interessante sobre o rei Roberto Carlos. Nunca o tinha feito?  

AO: Falar do rei, é outro quinhentos, ele é o cara. E eu nunca tinha me pronunciado antes, de forma atrevida e tão explicita, de forma que agradasse a quem me segue, e quem lê o que escrevo. 

Gosta de teatro e também é um dos seus temas de escrita. O teatro por estas bandas anda arredio das entidades oficiais, ou seja, a falta de apoios para que se passe a mais uma consoladora realidade, como em tempos idos, por exemplo? 

AO: O Teatro é a minha praia. Eu sou teatrólogo. No teatro eu não me vejo somente atuando no palco. Mas desde, o contra regra, ao figurante. Escrevendo pra o mesmo, como tenho textos para teatro, e só falta o local que possa ser apresentado.  Estou até com vontade de sair pela rua fazendo teatro. 

Para quando um Best Seeler de conteúdo que fascine os seus leitores e que sirva também de captação para novos seguidores?

AO: Só Deus sabe. Quero primeiro formar meu público. É difícil, colocarmos uma peça aqui onde a gente vê coringas.  E temos cartas marcadas.

Porque hoje já não é tabu, já pensou em escrever um libro sobre sexologia?

AO: Escrever sobre tal assunto, eu já escrevi. Esta na revista, Volúpia de Contos Proibidos. Tenho um monólogo que o ator convidado esta doido pra fazer. Mas escrever um livro sobre sexologia vai demorar. Teria que estudar minuciosamente este assunto.  


POSTS RELACIONADOS:
Enviar um comentário

Comentários