Crise econômica reduz número de doações às Casas André Luiz e prejudica atendimento a 2 mil pacientes

DO TEXTO:

Entidade enxugou gastos, otimizou processos internos e até encerrou as atividades de seu mais novo ambulatório, porém ainda luta diariamente para se manter

São Paulo, agosto de 2017 - Uma das maiores instituições brasileiras dedicadas ao atendimento gratuito às pessoas com deficiência intelectual, as Casas André Luiz atravessam um dos períodos mais críticos de sua história. Em meio à grave crise econômica que afeta o país, pessoas e empresas passaram a doar menos, fato que impactou nas contas da entidade e, consequentemente, nos serviços oferecidos aos cerca de 2 mil pacientes - dos quais 72% possuem deficiência grave ou profunda e 42% são acamados e/ou cadeirantes.

Criada há 68 anos, as Casas André Luiz realizam anualmente 230 mil atendimentos médicos e terapêuticos. Para manter a estrutura na Unidade de Longa Permanência (ULP), em Guarulhos (SP), onde vivem 600 pessoas em tempo integral, e no Ambulatório de Deficiência Intelectual, que atende 1400 pessoas em regime ambulatorial, a instituição precisa arrecadar cerca de R$ 10 milhões por mês. Para se ter uma ideia, apenas na ULP, são consumidos 5 mil refeições e 280 litros de leite todos os dias, sem falar nos gastos administrativos, com manutenção, suprimentos e os 2 mil funcionários que trabalham para garantir a qualidade de vida dos pacientes.

Como o repasse do Sistema Único de Saúde (SUS) representa cerca de 30% desses gastos, a entidade depende de doações de pessoas físicas e jurídicas, além da verba arrecadada pelo Mercatudo, projeto que reaproveita móveis, eletrodomésticos e materiais doados pela sociedade para vendê-los a preços populares. “Sentimos o peso nas contas básicas, e muitos serviços tiveram que ser renegociados ou cancelados. Estamos lutando diariamente para superar as dificuldades financeiras e buscar alternativas, já que tivemos uma queda brusca nas doações, que impactou diretamente a manutenção dos nossos trabalhos”, conta Margareth Pummer, diretora tesoureira da Instituição.

Outra consequência da crise foi o fechamento de uma unidade ambulatorial no bairro de Santana, na zona norte de São Paulo, inaugurada em 2014. Com capacidade para atender outros 2 mil pacientes e suas famílias, o local teve as atividades suspensas no final de 2016 devido à falta de recursos financeiros. “Muitas pessoas perderam seus empregos e acabaram por diminuir as contribuições. Outra dificuldade foi observada em nossos bazares, que tiveram uma queda nas doações de itens como móveis, eletroeletrônicos e roupas”, explica Margareth.

Plano gestor e corte de gastos

Segundo a tesoureira, mesmo que muitos doadores tenham permanecido ativos, as Casas André Luiz precisaram se reinventar para sobreviver à crise. Há cerca de dois anos, foi colocado em prática um Plano Gestor, responsável por enxugar gastos, otimizar os processos internos e até mudar a estrutura – exemplo foi o fechamento do ambulatório em Santana.

Além disso, foi preciso buscar novas fontes para a captação de recursos: a entidade firmou acordos com plataformas de e-commerce para comercializar os produtos do Mercatudo; e criou o leilão virtual, em parceria com a Casa Curia & Feldman, a fim de ofertar produtos como joias, artesanatos, brinquedos e objetos antigos.

“Estamos fortalecendo nossas parcerias, nos aproximando dos doadores e expondo nossas dificuldades, além de implantar um plano completo de redução de custos fixos da instituição. Nos tempos de crise, a criatividade e o esforço coletivo são essenciais para manter o nosso trabalho em benefício ao deficiente intelectual”, finaliza Margareth.

Sobre as Casas André Luiz
Fundadas em 1949, as Casas André Luiz são uma instituição sem fins lucrativos, que oferece atendimento gratuito às pessoas com deficiências. Com um trabalho especializado e único, atende hoje cerca de 2 mil pessoas, das quais 600 são residentes na Unidade de Longa Permanência (ULP), em Guarulhos-SP, e 1400 recebem atendimento em regime ambulatorial. Ao todo, a entidade realiza cerca de 230 mil atendimentos anuais em todas as especialidades. São 68 anos de história dedicados a promover a inclusão social e o aumento da qualidade de vida de seus pacientes, garantindo condições de liberdade e vida digna às pessoas com deficiências.
 
 


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