Carminho: a velha amiga de Marisa Monte à conquista do Brasil

DO TEXTO:


Fadista canta aos “Peixinhos” e é creditada como uma das compositoras de “Trabalivre”

Nas infatigáveis redes sociais de Marisa Monte – espécie de ponto de encontro dos Tribalistas em rede – Marisa Monte enviou “beijos transatlânticos para a minha amiga Carminho” no 33º aniversário da fadista, comemorado há pouco mais de uma semana, no dia 20. 

Prenúncio de um uníssono de fado e samba introduzido há três anos em “Chuva no Mar”, do álbum “Canto” da fadista, revivido em palco há um ano no Cool Jazz Fest em Oeiras, prolongado a “Estrada do Sol”, do álbum “Carminho Canta Jobim”, de final de 2016 e recarregado em duas doses. 

Com a “voz, reco-reco, metalofone e percussão de boca” Carminho canta o fado aos “Peixinhos”. E em “Trabalivre”, é creditada como coautora. Uma irónica canção de trabalho, ou sobre o lado ocioso da vida. “Domingo boto meu pijama/deito lá na cama para não cansar/segunda-feira eu já tô de novo/atolado de trabalho para entregar”, cantam os três da airada sobre samba tribal, construído sobre berimbau, beatbox e “eletrónica artesanal”, informa a ficha técnica em que os instrumentos tocados por Carlinhos Brown – o “maestro” dos Tribalistas parecem sempre parágrafos. Quando não se escutam à primeira audição, os auscultadores são amigos do detalhe e lá ajudam a reconhecer aquilo que fica por baixo dos ritmos matriciais e das linhas melódicas condutoras.

Durante décadas, a música brasileira – de Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Gal Costa, Gabriel O Pensador, Marcelo D2, Fafá de Belém, Ivete Sangalo ou Daniela Mercury – foi recebida com euforia no mercado português. O contrário não se verificava, apesar das tentativas assumidas de Delfins e Pedro Abrunhosa na década de 90, quando as editoras tinham orçamento para investir na exportação. 

Até nisso, os tempos parecem estar em mudança. António Zambujo começou por ser reconhecido no Brasil, colhendo elogios de Caetano Veloso e atuando no programa de Jô Soares, quando não sonhava sequer em esgotar Coliseus, quanto mais 28. No ano passado, a homenagem a Chico Buarque deu expressão a esse namoro. Quase em simultâneo, “Carminho Canta Jobim” ampliou a veneração.

E, entre outras várias aproximações e diálogos, o coletivo Língua Franca junta Capicua e Valete a Rael e Emicida por via da palavra.

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