Museu em Portugal expõe trabalhos de 14 artistas da 32º Bienal de SP

DO TEXTO:
Conjunto 'Hydragrammas' (1978-1993) em sala dedicada à artista carioca Sonia Andrade no museu Serralves, no Porto

GIULIANA MIRANDA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO PORTO

A 32ª Bienal de São Paulo viajou do Ibirapuera até o Porto, no norte de Portugal, e desembarcou no museu Serralves, um dos mais importantes espaços de arte contemporânea da Europa.

Ao todo, 14 artistas e coletivos estão representados na exposição. É uma oportunidade de conferir na Europa um apanhado do que foi a Bienal paulista, realizada entre setembro e dezembro de 2016, e que atraiu cerca 900 mil pessoas –foi a edição com maior visitação em mais de uma década.

Além da galeria do museu, a exposição ocupa os amplos jardins de Serralves. Na entrada, o visitante recebe um mapa com a localização das obras e parte para explorá-las na ordem que desejar, passando ainda pelo acervo e pela estrutura histórica e arquitetônica do próprio museu.

"É mais do que uma simples itinerância da Bienal de São Paulo. É uma exposição em que as obras dialogam", diz Eduardo Saron, vice-presidente da Fundação Bienal, que esteve em Portugal para a abertura da exposição, no último dia 30 de junho.

Para promover esse diálogo entre a mostra brasileira e realidade portuguesa, algumas das instalações foram modificadas e inseridas em novos contextos.
É o caso da obra "Dois Pesos e Duas Medidas" da brasileira Lais Myrrha. 

São duas torres com o mesmo formato, altura e tamanho, mas feitas de matérias-primas diferentes. Uma usa tijolos e cimento, enquanto a outra foi erguida com madeira e outros elementos da construção tradicional indígena.

A ideia continua sendo apresentar o contraste entre os métodos de construção, mas a obra "encolheu" alguns metros para caber no espaço lusitano.
As videoinstalações receberam tratamento especial na mostra. 

Elas foram divididas em cinco pavilhões, espalhados em diferentes pontos do parque. Os vídeos são projetados em estruturas encomendadas junto a ateliês de jovens arquitetos da cidade do Porto: depA, Diogo Aguiar Studio, Fahr, fala atelier e Ottotto.

"O Porto é uma cidade de arquitetos, então faz todo o sentido termos arquitetura envolvida na exposição. E estes são arquitetos muito jovens, não são os grandes mestres da arquitetura, mas aqueles que apresentam uma linguagem bastante interessante e criativa", conta João Ribas, curador da exposição e diretor artístico do museu português.

Os espaços desenvolvidos pelos arquitetos propõem experiências imersivas, como na obra "Peixe" (2016), de Jonathas de Andrade, uma mistura entre de ficção e documentário sobre a rotina de pescadores do Nordeste. 

O trabalho é exibido em uma espécie de casebre espelhado no meio do lago do jardim.Enquanto assiste às poéticas imagens do peixe e de rio nordestino, o visitante vê as águas portuguesas passando a seus pés.

INÉDITA

Embora tenha bem menos obras do que a Bienal original, a exposição de Portugal traz um trabalho inédito. Por questões logísticas, uma instalação sonora de Öyvind Fahlström, brasileiro radicado há muitos anos na Suécia, acabou não entrando na mostra paulista, mas está agora à disposição dos visitantes lusos, em um espaço acústico preparado entre as árvores, no jardim do museu.

"É uma transmissão de rádio que brinca um bocadinho com a linguagem dos pássaros. Os pássaros têm sua própria linguagem, mas isso muda confirme o país. Os suecos são diferentes dos pássaros brasileiros, por exemplo. O que ele faz é tentar traduzir um poema do Edgar Allan Poe para essas diferentes linguagens", diz o curador, João Ribas.

O lançamento da "Incerteza Viva: Uma Exposição a Partir da 32ª Bienal de São Paulo" teve a presença do presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, cujo filho vive em São Paulo. O chefe de Estado exaltou sua ligação com a cidade e a importância artística da metrópole.

"A Bienal de São Paulo foi ao longo de décadas uma das realidades cujo sucesso pude acompanhar permanentemente", disse. 

In:http://www1.folha.uol.com.
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