Fundação SOS Mata Atlântica abre 13ª edição do Viva a Mata com exemplos práticos de transformação e engajamento na causa ambiental

DO TEXTO:

Destaque do primeiro dia foi relato de jovens que mobilizaram suas comunidades em prol de projetos de impacto ambiental

No dia 27 de maio, Dia Nacional da Mata Atlântica, serão realizadas atividades de educação ambiental em piquenique no Parque Ibirapuera
 
 
Alba Bittencourt
Portal Splish Splash

A Fundação SOS Mata Atlântica abriu, nessa quinta-feira (18), a 13ª edição do Viva a Mata, evento anual que reúne ambientalistas, pesquisadores, voluntários e a população em geral na discussão de ideias e alternativas para a preservação da Mata Atlântica. As atividades desse primeiro dia trouxeram exemplos práticos de transformação e engajamento na causa ambiental liderados por jovens. O evento aconteceu no Red Bull Station, no Centro de São Paulo, com mediação da jornalista Paula Paiva.

Marcia Hirota, diretora executiva da Fundação SOS Mata Atlântica, apresentou os resultados conquistados ao longo dos 30 anos de atuação da ONG, destacando os principais projetos e a participação dos jovens. “Vivemos um momento de mudança e transformação. As histórias apresentadas hoje servem como inspiração para que todos percebam que é possível fazer a diferença e preservar a Mata Atlântica, que é a nossa casa”.

O painel Nosso futuro na Mata Atlântica contou com o depoimento de cinco jovens com participação ativa em projetos ambientais.

Bruno Stéfanis, fundador do Instituto Biota de Conservação e um dos primeiros a trabalhar com animais marinhos em Alagoas, apresentou o trabalho de monitoramento da reprodução das tartarugas, destacando a criação de alternativas para mobilizar a comunidade em prol de sua preservação. “Fizemos campanhas de orientação e utilizamos a tecnologia como uma ferramenta prática na defesa dos animais. Com o aplicativo BiotaMar, as pessoas nos avisam imediatamente sobre encalhes de animais”, destacou.

Na sequência, Carolina Neves, do Instituto Yandê, apresentou um dos trabalhos de capacitação realizados na APA Costa dos Corais, importante área de preservação ambiental do Nordeste e segunda maior área recifal do mundo. O projeto Jangadeiros da Rota Ecológica reorganizou o turismo local e capacitou 59 jangadeiros. Foram mais de 50 encontros, que envolveram oficinas sobre temas relacionados às características locais e preservação. “O projeto transformou pescadores e moradores locais em verdadeiros defensores das espécies nativas. Durante todo o processo, foi possível perceber o esforço e a vontade de fazer a diferença”, disse Carolina.

Outro assunto levantado pelos painelistas foi a gastronomia sustentável. Jorge Ferreira cresceu em meio à floresta, não frequentou a escola formal e foi alfabetizado pela mãe em casa. Hoje, é um botânico autodidata dedicado ao estudo das plantas nativas, fungos e sua utilização na alimentação. Em meio a sua apresentação, o pesquisador mostrou a fruta da Juçara, que tem aspecto semelhante ao açaí e está ameaçada de extinção. “Estive em contato com a natureza durante toda a minha vida. Há alguns anos percebi o poder do compartilhamento das informações e passei a trabalhar na troca de experiências sobre técnicas de produção agrícola sustentável”, disse ele. Ferreira compartilha esse conhecimento adquirido nas redes sociais, em oficinas e cursos.

Já em uma discussão focada em políticas públicas, Maurício Ruiz, fundador do Instituto Terra de Preservação Ambiental (ITPA) aos 14 anos, reforçou a urgência de um envolvimento mais ativo dos jovens nas questões políticas, principalmente no que diz respeito à causa ambiental. “É lamentável que existam tão poucos políticos que defendam essa pauta. É preciso deixar a nossa zona de conforto para fazer a diferença”, reforçou Ruiz. Ele, que foi candidato a prefeito em Miguel Pereira (RJ), contou que o instituto já plantou mais de 1 milhão de árvores e apoiou a criação de 100 mil hectares em Unidades de Conservação. Por essa atuação, já sofreu represálias. “Fui agredido na rua e a sede do ITPA foi invadida duas vezes”, contou. Mas, ao longo do tempo, a população passou a reconhecer o trabalho. “Só em Miguel Pereira plantamos 600 mil árvores, além do saneamento de um bairro. E a população ficou muito grata”, disse.

  Encerrando as apresentações individuais, Vitor Bini, vereador eleito do município de Paraguaçu Paulista e participante da Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (RAPS), também ressaltou a importância da renovação política. Paraguaçu Paulista é um exemplo do engajamento da população jovem na discussão das causas ambientais. “A mudança no perfil dos políticos eleitos em meu município foi radical. Após o trabalho de mobilização que realizamos, a média de idade dos vereadores eleitos, que era de 65 anos, passou para 35 anos”, destacou Bini.

As palestras tiveram formato TED e culminaram em um grande debate, em que os participantes responderam às questões da plateia e dos internautas que acompanharam a transmissão feita pelo Facebook da Fundação SOS Mata Atlântica. Para assistir na íntegra, acesse http://bit.ly/2pTlVyT.

As atividades do Viva a Mata 2017 continuam hoje com a realização da oficina A água entre nós – ação cidadã por nossos rios. Durante todo o dia, serão realizadas oficinas e atividades práticas. Os participantes farão uma saída de campo para conhecer os rios subterrâneos do trajeto entre o Red Bull Station e o SESC do Carmo, onde poderão visitar a exposição “Rios Des.Cobertos”.
O Viva a Mata tem o patrocínio Bradesco Seguros e Ypê e apoio da LATAM Airlines.

Educação Ambiental na Semana da Mata Atlântica
Durante a Semana da Mata Atlântica haverá uma programação aberta ao público. No dia 27 de maio, Dia Nacional da Mata Atlântica, serão realizadas brincadeiras, contação de histórias e atividades de educação ambiental em um piquenique colaborativo no Parque Ibirapuera.

Sobre a SOS Mata Atlântica
A Fundação SOS Mata Atlântica é uma ONG brasileira que atua há 30 anos na proteção dessa que é a floresta mais ameaçada do país. A ONG realiza diversos projetos nas áreas de monitoramento e restauração da Mata Atlântica, proteção do mar e da costa, políticas públicas e melhorias das leis ambientais, educação ambiental, campanhas sobre o meio ambiente, apoio a reservas e unidades de conservação, dentre outros. Todas essas ações contribuem para a qualidade de vida, já que vivem na Mata Atlântica mais de 72% da população brasileira. Os projetos e campanhas da ONG dependem da ajuda de pessoas e empresas para continuar a existir. Saiba como você pode ajudar em www.sosma.org.br.

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