Roberto Carlos por uma mãe

DO TEXTO:
Daqui a centenas de anos, quando as pessoas se referirem a nosso tempo vão nos decifrar através dos nossos ídolos. E a história de Roberto Carlos vai ser fundamental para que nossos tá-tá-tá-tá-tá-tá-ra-netos entendam quem fomos nós. 

Eu conheci Roberto Carlos através da minha mãe, a Dna. Mara Rosani de Oliveira, que dirigia até o mercado cantando a plenos pulmões os hits do cantor que deixou a pequena Cachoeiro do Itapemirim para ocupar o topo da nossa cultura pop.

E comecei a perceber que uma mesma música poderia ser ouvida milhares de vezes, deixando de ser mera decoração ambiente para fazer parte da vida.
Por isso, quando o Rei fez show em São Paulo, levei minha mãe, e passei a ela a missão de contar como foi.

 Rafa Losso
Leia agora o texto da minha mãe:

Ouvir Roberto Carlos é uma terapia. É voltar ao passado em flashback, reviver e lembrar os anos 60. Nasci em 1957 praticamente ouvindo Roberto Carlos. Como a música no tempo do carro Cadillac, tempo em que os meninos pagavam os milk sheiks das meninas. E, claro, todos gritavam: “E que tudo mais vá pro inferno.... Só quero te aquecer nesse inverno.”

Sábado (12/04) Roberto Carlos fez um show no Credicard Hall, em São Paulo. O clima estava agradável como em uma noite de verão. Estava acompanhada de meus filhos e minha norinha, e foi com muita ansiedade que aguardamos o início do show com casa lotada.

Uma das coisas mais incríveis que o Roberto tem é a forma como ultrapassou todas as gerações durante todos esses anos. Pense bem. Eu e parte da minha família esperando ansiosamente pelo show. Meu filho mais novo, que estava lá, tem 26 anos!

Inclusive a platéia era formada por pessoas entre 25 e 80 anos, que já na calçada tiravam muitas fotos. Eram grupos, casais, senhoras que foram assisti-lo, com saudosismo e expectativa.

Assistir Roberto Carlos é lembrar de muitas histórias. Por exemplo, é impossível não ter saudades de um tempo em que a inocência pairava no ar. E a repressão também!

As músicas eram vistas como algo subversivo e poderiam conter mensagens proibidas, dos cabeludos que eram vistos como transgressores da lei.

O rock era a coqueluche do momento. A última pedida de modernidade.

Naquele tempo, as meninas de classe média cresciam em ambientes fechados e separados dos meninos, e estudava-se em escolas de freiras ou nos colégios evangélicos. Fantasias e suspiros.

A receita: repressão, provocações, cenário para grandes paixões. Os meninos de lambreta e carro Cinca Chimbord faziam o papel de playboys da cidade. As meninas de saias rodadas e cabelos com laquê. Os meninos com brilhantina nos cabelos, todos preocupados com a boa imagem, corriam em busca de um amor que durasse a vida toda. Amor que se via nos filmes de Romeu e Julieta. Era essa a mentalidade dos jovens do Roberto Carlos.

Em meio às lembranças, as luzes se apagam e no palco aparece aquela figura tão conhecida, no seu estilo educado e de bom humor. Vestindo um blazer branco com camisa branca e calça jeans. Lindo!

Na frente da orquestra de famosos e excelentes músicos que Roberto faz questão de cumprimentar e apresentar num gesto humano e simpático que faz motivar seus companheiros de trabalho, e dividir sua luz com sua equipe.

O ídolo inicia o show cantando “Emoções”. E o público canta em coro: “São tantas emoções que vivi..." Na cabeça as cenas vividas do passado, os amores, as decepções, as alegrias e sonhos realizados e os que virão...

Daí por diante é um hit atrás do outro: “É Tão Grande o Meu Amor Por Você”, “O Cadillac”.

E como é de praxe, ele contou histórias, como a de que estava no carro enquanto uma fã bateu em seu vidro e pediu:

- ¨Faz uma música pra mim? Vou completar 40 anos!

- Você vai fazer 40 anos? Não parece.

- Vou fazer aniversário na semana que vem...

Depois disso, cantou “Mulher de 40”.

Assim Roberto fez sua homenagem às mulheres... Com seu ar de eterno playboy e romântico que as faz se apaixonar. Apesar da idade, sim, ele ainda é playboy e romântico.

E com a sensação de terem se passado somente alguns minutos e não duas horas, os fãs vão viajando pelo tempo e se emocionam a cada música.

O cantor resumiu seu imenso repertório colando o refrão de uma música em outra, e deixando a vontade de ouvir todas até o final. Sensação de quero mais no ar!

A platéia delira, grita o nome do ídolo, sugere uma canção para a mulher de 50.

Roberto dá boa noite ao maestro e eles trocam de papéis.O cantor tenta reger uma orquestra enquanto oferece o famoso pedestal de microfone para o parceiro cantar.

Finalmente um dos momentos mais esperados. No final a platéia se aproxima do palco e ele oferece flores com um beijo às fãs que lhe entregam fotos e presentes. Uma verdadeira cena de amor.

Roberto une dois mundos em suas canções. Antes, havia a fantasia, os sonhos, a espera, a descoberta que só acontecia após o casamento. Como toda dualidade humana, causa de muitas separações e divórcios porque não se conhecia com quem se casava. Casava-se com sua própria fantasia e desejos. E a realidade trazia de novo Roberto Carlos por baixo dos caracóis e com canções como “em lençóis macios amantes se dão”.

Hoje o cenário é diferente. Acabou o sonho, as paixões arrebatadoras foram trocadas pelo “ficar” e pelas relações cada vez mais descartáveis como o copo e o prato de plástico.

Fica a nostalgia, a saudade, o vazio e a perda insubstituível do romantismo. O homem que bancava tudo, e agüentava firme sem reclamar, abria portas e dava a vez para as senhoritas, e ajudava carregar pacotes. A educação, as gentilezas.

No discurso da igualdade das novas gerações há maior liberdade, mas também mais desconfiança, menos gentilezas e sutilezas, mais violência e erros nos relacionamentos com menos comprometimento.

Evoluímos para melhor? Ou estamos experimentando extremos para afinal encontrarmos o ponto de equilíbrio?

Não sei, mas é delicioso sonhar e ouvir o cantar dos embalos dos sonhos de um homem que pode ser o ícone do sonho da mulher brasileira. Lindo, educado, gentil, cavalheiro e afinadíssimo. Roberto Carlos: paixão de toda mulher!
 

Mara Rosani de Oliveira 
Texto tirado do UOL em:14 abril de 2008 

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6 Comentários

Comentários

  1. Ola querida Guta! nao sera estranho para os que me conhecem dizendo que o NMQT é realemente um exemplo de um homem ideal e que estou comptetamenta de acordo com este relatorio.Mas agora restanos a nos a tentar encinar aos nossos netos que o Amor é bom e a felicidade até existe.Por isso nao nos devemos cançar em repetir a palavra Amar.Eu nao paro de dizer as minhas netinhas que as amo e a grande me pergunta muitas vezes vovo porque me amas? e eu lhe responde: porque quando se ama vive-se feliz e contente e nao ha guerras para ninguem! e ela me responde de novo: é verdade vovo seria bom que toda a gente me amasse assim ia ter mas presentes! e eu digo, tambem é verdade meu aomr.BEIJINHOS para ti Guta e todos aqueles que dafendem o Amor e o Amar

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  2. Alba Maria Fraga Bittencourt1 de março de 2012 às 15:44

    Amiga Carmem,

    Que maravilha!!!!

    Me emocionei muito ao ler esse texto,pois descreve todo o sentimento que nós, fãs do Nosso Rei Roberto Carlos, sentimos por ele e todas as emoções vividas em seus shows.
    Com certeza que o Roberto Carlos é o ícone do sonho, não só da mulher brasileira, mas de todas as mulheres.
    Obrigada por compartilhar conosco essa bela reportagem.
    Um abraço
    Alba Maria

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  3. Manuelito meu querido amigo!

    Como é bom ter você de novo aqui no Portal!
    Nem imagina como você faz falta! Eu senti demais, e torcia por você.

    Concordo com você que devemos ensinar mais Amor às nossas crianças, assim o mundo será bem melhor.

    Amei a historinha da sua netinha.Nada boba ela,né?
    Ah! Como as crianças gostam de presentes...Afinal quem não gosta? Presentes são mesmo sinal de amor, atenção, lembrança.

    Meu querido amigo,amo você,viu?

    Uma semana bem feliz para você e sua encantadora família.

    Beijos,
    Carmen Augusta

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  4. Olá Alba Maria!

    Também gosto muito deste texto. Estava guardado,e como o acho belo, resolvi colocar no nosso Portal.
    Um texto assim merece que muitos o leiam

    Obrigada.

    Beijos,
    Carmen Augusta

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  5. Madrinha que lindo texto!!! Adorei ler, ela disse o que todas nós gostaríamos de dizer né?? Parabéns!!
    RC é mesmo o sonho de toda mulher!
    Beijos azuisss

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  6. Olá querida afilhada!

    Realmente ela relatou muito bem o que nós sentimos.
    Roberto Carlos é o nosso amor Pra Sempre!
    Sonhar com ele é a coisa mais gostosa...

    Obrigada minha querida!

    Beijos,
    Carmen Augusta

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