Confira a história de Roberto Carlos em uma linha do tempo

DO TEXTO:


ANOS 60

Depois de digerir influências do rock e da bossa nova, o rei lança seu primeiro long play, Louco por você. Nesta fase, já surgem as parcerias com o amigo de toda a vida, Erasmo Carlos. O sucesso de músicas como O calhambeque, Splish splash, Parei na contramão e É proibido fumar alçou o astro ao posto de

apresentador do programa televisivo Jovem Guarda, que daria nome ao movimento musical, ao lado de Erasmo e Wanderléa. Durante os anos 60, o cantor estreou no cinema, apresentou-se em festivais televisivos, fez seus primeiros shows internacionais (em Cannes, na França) e foi o primeiro intérprete estrangeiro a ganhar o prestigiado festival de San Remo, na Itália. No final da década, já sofre as influências do movimento hippie, do soul e do funk.

NO BRASIL

Pouco depois da alegria de tornar-se bicampeão mundial de futebol, na Copa do Chile, o Brasil enfrentou a tensão da ditadura militar. Enquanto a bossa nova e a tropicália eram as forças consideradas combativas do contexto cultural, a Jovem Guarda se posicionava à margem dos protestos. Nesta fase, surgiram as primeiras transmissões televisivas e os festivais de música popular brasileira, instrumentos essenciais para a consagração do astro.

ANOS 70

Na virada da década, a sonoridade da Jovem Guarda e até mesmo sua veia roqueira começam a perder força nas composições, dando lugar às baladas românticas. Roberto caiu no gosto dos adultos. Nesta fase, o groove de canções como As curvas da estrada de Santos, Não vou ficar e Todos estão surdos dá lugar a clássicos marcantes de sua fase mais "comportada", como Detalhes, Amada amante e Debaixo dos caracóis dos seus cabelos. A década também traz o aumento de seu prestígio internacional, com Roberto Carlos se consolidando como o artista latino mais vendido no mundo. Versões de suas músicas foram gravadas por Julio Iglesias e Ray Conniff. Desde 1974, seu especial natalino é exibido anualmente na televisão brasileira.

NO BRASIL

Em 1970, craques como Pelé e Rivelino conduziram a seleção canarinho ao tricampeonato mundial de futebol, no México, sem sofrer qualquer derrota. A ditadura não ameaçava apenas o Brasil, era uma realidade em vários países latinos. O acelerado crescimento de setores da economia, conhecido como milagre econômico, ficou associado ao governo dos militares. No mesmo período, a Guerra Fria e a guerra do Vietnã assombravam o mundo, que também assistiu, admirado, à evolução das viagens espaciais.

ANOS 80

Além de prosseguir na trilha do romantismo, o ídolo revelou seu lado politicamente correto durante a década. Além de participar de uma campanha pelo Ano Internacional da Pessoa Deficiente, gravou a canção As baleias, sua primeira incursão por causas ecológicas. Verde e amarelo, sua estreia na temática política, foi tocada 3.500 vezes na rádio em um único dia. Também atento às mudanças sociais e aos trabalhadores, grande fatia de seu público, ele compôs Caminhoneiro, em 1984. A religiosidade é uma outra característica, inaugurada com a canção Apocalipse. Emoções, música que marca toda sua trajetória, é outro fruto dos anos 80, período em que também ganharia o Grammy de melhor cantor latino, atingiria o topo das paradas da Billboard e venderia mais de cinco milhões de cópias em países estrangeiros. Desde esta década, o rei adota as cores azul e branco em todos os seus álbuns.

NO BRASIL

Os anos 1980 já foram acusados de década perdida, mas houve mais ganhos que perdas naqueles anos, apesar de nenhum deles se referir ao futebol. O Brasil não ganhou nenhuma das duas Copas do Mundo da década, mas deixou para trás a mordaça da ditadura ao eleger, por voto indireto, Tancredo Neves, morto antes de tomar posse em 1985. Naqueles anos, o país caminhou para a democracia com a promulgação da Constituição Federal, em 1988. Quatro anos antes, o Rio de Janeiro inaugurava o Sambódromo e Ayrton Senna estreava na Fórmula 1. A década também é das cantoras. Fafá de Belém virou símbolo das Diretas Já cantando o Hino Nacional e a MPB viu surgir Zizi Possi, Simone e Elba Ramalho. No campo da música, o Brasil ganhou destaque internacional ao sediar o primeiro Rock in Rio, em 1985.

ANOS 90

Com a carreira consolidada dentro e fora do país, o rei vira inspiração para novas gerações da música brasileira e artistas de outros gêneros. Maria Bethânia gravou As canções que você fez para mim, com composições de Roberto e diversas coletâneas foram lançadas na sequência. Dois temas que dominaram sua inspiração nesses anos foram a religiosidade (com Luz divina, Nossa senhora e Jesus Salvador, por exemplo) e o universo feminino (Mulher pequena, Coisa bonita e O charme dos seus óculos são algumas delas). Ainda nesta década, gravou seu nome na calçada da Fama, em Miami (EUA), cantou para o Papa João Paulo II, durante sua visita ao Brasil, e bateu os Beatles em vendagens na América Latina, com mais de 70 milhões de discos vendidos. No campo pessoal, Roberto casou-se com Maria Rita, fato que seria determinante em sua trajetória.

NO BRASIL

Em 1992, os caras pintadas tomaram as ruas para pedir o impeachment de Fernando Collor de Mello, primeiro presidente eleito democraticamente após 20 anos de ditadura. Era o início de uma década que viu as poupanças serem confiscadas pelo governo, o Plano Real instituir novas perspectivas econômicas e o país caminhar com firmeza para a democracia. A autoestima do brasileiro voltava ao pódium com a seleção de Romário, que trouxe o tetra da Copa dos Estados Unidos, e as curvas habilidosas de Ayrton Senna do Brasil, campeão três vezes antes de sofrer o acidente fatal em 1994. Esta é ainda a década da retomada do cinema brasileiro, com Fernanda Montenegro indicada ao Oscar de Melhor Atriz por Central do Brasil , também indicado a Melhor Filme Estrangeiro.

Após a morte da mulher, vítima de um câncer, o cantor enfrentou uma longa reclusão. No ano 2000, lançou um disco em homenagem a ela e retomou a carreira. Após 39 anos de parceria, rompeu o contrato com a gravadora Sony. Em 2005, o Jornal do Brasil organizou uma votação sobre discos que emplacaram diversos sucessos ao mesmo tempo na música brasileira. Os primeiro e o segundo lugares ficaram com Roberto Carlos, com "Roberto Carlos em Ritmo de Aventura",

NO BRASIL
 
O bug do Milênio não parou o mundo na virada do século e o Brasil adentrou a nova era com otimismo e crescimento econômico. Em 2002, Luiz Inácio Lula da Silva se tornou o primeiro operário a ocupar a presidência da República e o país conquistou o penta na Copa da Alemanha. A década começou com paz e amor, mas foi pontuada por escândalos como o do mensalão. Na música, a vitória foi da revolução tecnológica. Os CDs cederam lugar ao formato MP3, a sociedade da informação se instalou definitivamente e fenômenos musicais como Mallu Magalhães passaram a nascer diretamente na rede, sem o background de gravadoras e megaesquemas de marketing. A música compartilhada por computadores conectados pelo mundo inteiro mudou a indústria para sempre.

Mariana Moreira
Nahima Maciel

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