Radio Nacional: toda a sua história em livro

DO TEXTO:
Jornal de 1943 -Rádio Nacional -


Se acha que o termo macaca-de-auditório nasceu junto com o Programa Silvio Santos e que Isis de Oliveira é apenas a irmã da Luma, é bom ter à mão o Almanaque da Rádio Nacional (Editora Casa da Palavra, 181 páginas, R$ 49) do sociólogo Ronaldo Conde Aguiar, professor de Cultura da UnB (Universidade Nacional de Brasília).

Alagoano, Aguiar morou no Rio de 1949 a 1967 e foi ouvinte assíduo da emissora carioca (no ar entre 1936 e 1964). A rádio acompanhou guerras, votações, golpes políticos, a efervescente cena musical e ditou formatos.
Menos de quatro anos depois da estréia, passou a ser, literalmente, patrimônio nacional. O ano era 1940, quando Getúlio Vargas criou as Empresas Incorporadas ao Patrimônio da União. A rádio, que era do grupo de comunicação A Noite, era uma delas.
Embora estatal, a emissora não modificou seu perfil e continuou fazendo entretenimento. Não por acaso, o ano em que foi anexada ao Governo marcou o início da era dourada do meio de comunicação.

Estrelas - Os astros cantavam. O primeiro foi Francisco Alves, influente divulgador de jovens artistas, incluindo o Cantor das Multidões, Orlando Silva.

Outras foram Cauby Peixoto (campeão de ternos rasgados na porta da emissora), Angela Maria, Carlos Galhardo, Dorival Caymmi, Emilinha Borba, Marlene, Sílvio Caldas...
As novelas tiveram destaque imenso a partir de 1941. A Isis de Oliveira ‘original’ era uma das mocinhas. O ritmo era enlouquecedor: contou-se 16 produções no ar, fora seriados. O elenco chegou a 150 atores. Mário Lago foi polivalente em sua estada na rádio: foi produtor, compositor e... mocinho.
Outro herói de radionovela que ficou conhecido mais tarde na TV foi Paulo Gracindo. Mas essa também não era sua única tarefa na casa. Ele foi um dos principais apresentadores de programa de auditório, herança de Almirante (companheiro de Noel Rosa no Bando dos Tangarás), criador do formato, que deixou a Nacional pela Tupi.
Gracindo só perde em popularidade para César de Alencar, que permanecia no ar por cinco horas nas tardes de sábado com programação variada e muita propaganda. Nessa época, o produtor Nestor de Holanda se referiu às fãs barulhentas como ‘macacas’.
Em 1964, Alencar esteve envolvido no escândalo que derrubou a rádio de vez: foi um dos que denunciaram colegas (inclusive Lago e Gracindo) aos militares, sob a acusação de subversão.

Jornalismo - O primeiro Repórter Esso foi ao ar em 1941. Romeu Fernandes informou sobre o ataque alemão à Normandia na Segunda Guerra. Mas a voz relacionada até hoje à testemunha ocular da história é a de Heron Gonçalves, apresentador do noticiário de 1944 a 1962. O mais dramático, sem dúvida, foi a leitura da carta de suicídio de Vargas, em 1954.

Para ouvir esse e outros momentos da rádio, o almanaque vem com CD com 33 aberturas, encerramentos e jingles. É possível também testar conhecimentos em um questionário.

Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC


http://www.dgabc.com.br/News/632670/radio-nacional-toda-a-sua-historia-em-livro.aspx
 
 

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