Erasmo Carlos celebra 50 anos de carreira com show no Rio

DO TEXTO:

 

Erasmo Carlos conseguiu entreter a plateia que lotou o Teatro Municipal do Rio na noite de ontem.


Não chegou a ser uma festa de arromba, mas, amparado pela força de seu repertório antigo e por convidados bem escolhidos, Erasmo Carlos conseguiu entreter a plateia que lotou o Teatro Municipal do Rio na noite de sábado para assistir ao show em que celebrava 50 anos de carreira e 70 de idade.


Com voz falha e pouca mobilidade, o Tremendão não estava em sua melhor noite como cantor, mas compensou com muito bom humor na conversa com a plateia e sucessos variados (de baladas como "Gatinha Manhosa" a rocks clássicos como "Vem Quente que Eu Estou Fervendo") para todos cantarem juntos.

Teve ainda a companhia de Marisa Monte (em "Mais um na Multidão", parceria dos dois com Carlinhos Brown, e "Se Você Pensa") e, depois, de Roberto Carlos (em "Parei na Contramão", "É Preciso Saber Viver" e, de improviso, "Eu Sou Terrível"), garantindo os melhores momentos da noite - que foi gravada para virar DVD.

O show começou com um vídeo em que Erasmo aparecia com a imagem e a voz adulteradas, como nos depoimentos de dependentes químicos. "Eu tinha 16 anos quando me envolvi pela primeira vez, foi um tal de Bill Halley quem me apresentou, numa festa na Tijuca (...). Não tenho vergonha de dizer que sou viciado em rock n' roll."

O astro da Jovem Guarda entrou no palco com seu típico visual de roqueiro despojado (jeans, camiseta e jaqueta de couro), guitarra em punho, cantando "Jogo Sujo", de seu último álbum, "Rock n' Roll" - alguns dos momentos mais fracos da noite viriam desse repertório atual, que teve ainda "Chuva Ácida" (de Nelson Motta, que estava na plateia) e "Cover".

Em compensação, a cada vez que voltava para as décadas de 70 e 80, Erasmo ganhava a plateia - "Sou uma Criança, Não Entendo Nada", "Mesmo que Seja Eu", "Mulher", "Minha Superstar", "Sentado à Beira do Caminho", todas tiveram coro do público, mesmo com o Tremendão estático no centro do palco.

"Quero dizer que é um orgasmo inenarrável estarmos aqui. Nunca na história desse país vocês viram um compositor tão feliz aqui no palco", disse, em uma de suas várias conversas com a audiência, até porque, como confessaria mais tarde, questões técnicas da gravação do DVD fizeram com que alguns intervalos entre as canções fossem mais longos.

Quando chamou Marisa ao palco, lembrou que a cantora fizera aniversário um dia antes. "E ganhei o presente hoje, que é estar aqui com ele", respondeu Marisa, que soava um tanto rouca - seus duetos com Erasmo, ainda mais rouco, tiveram de ser repetidos ao final, para nova gravação.

Após um medley com trechos de várias parcerias com Roberto Carlos (como "Olha", "Proposta", "Cavalgada", "Café da Manhã", "Eu te Amo, te Amo, te Amo", "Como É Grande o meu Amor por Você"), Erasmo chamou o Rei para o principal momento da noite.

"A gente combinou que não ia chorar, mas eu já comecei antes", disse Roberto, ao abraçar o homenageado. Brincando muito entre si, a dupla contou histórias como a da primeira música que fizeram juntos - RC lembrou que estava em sua mesa de trabalho, no Ministério da Fazenda, e ligou para Erasmo pedindo ajuda em uma composição que estava fazendo; o resultado foi "Parei na Contramão".

"Quinhentas composições depois, estamos aqui juntos", disse um emocionado Erasmo. "E vamos continuar, vamos fazer mais 500", respondeu Roberto.

O público notou a presença de Wanderléa na plateia e pediu em coro por uma reunião do trio da Jovem Guarda, em vão. Erasmo, no entanto, enfileirou sucessos da época para fechar o show - "Lobo Mau", "Minha Fama de Mau", "Vem Quente que Eu Estou Fervendo", "É Proibido Fumar" e, no bis, "Festa de Arromba".

03-07-2011

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1 Comentários

Comentários

  1. Ola! Armindo!

    Não tem como não lembrar do grande compositor Erasmo Carlos.

    Primeiro que somos do mesmíssimo dia! Ele, Wanderléia e eu. A diferença é que sou bem, mas bem mais novo do que eles, eheheheh!!!!

    Assistia ao programa Jovem Guarda, ainda em preto e branco, vendo o Roberto chamá-lo ao palco: " O meu amigo, Erasmo Carlos!"

    Cantei "Sentado à Beira do Caminho" e " Gatinha Manhosa", numa Boite, durante 12 anos, todos os sábados, consecutivos.

    Sempre admirei a bela e o exemplo de amizade entre o Rei e ele.

    Não tem como não ficar emocionado com o exemplo de vida de uma pessoa dessa, gente!

    Não obstante ser a amizade um substantivo abstrato, entendo que é este sentimento, algo muito concreto em suas realizações.

    Para mim, ambos são exemplos disso.
    Vida longa ao Tremendão!

    Um tremendo abraço à todos!

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