Volto a falar da Diáspora

DO TEXTO:
Monumento aos Açorianos - Porto Alegre-Brasil





Por: Carlos Alberto Alves
jornalistaalves@hotmail.com
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Há significativos grupos de açorianos residentes em outros territórios portugueses. Muitos desses grupos são formados por estudantes – ou seja, ao menos hipoteticamente, por futuros quadros regionais. Há colónias açorianas em vários pontos do estrangeiro vítimas de uma repulsão demográfica para a qual em nada contribuíram. Essas colónias são continuadoras do que há de mais positivo na alma açoriana em diferentes lugares do mundo. Estas duas ordens de colónias não podem ser ignoradas, na medida em que os Açores continuaram a ser uma base de irradiação para vários lugares na Terra.

Irradiação que se faz sem romper os laços – pelo menos ao nível das duas primeiras gerações – com a região de origem. Num órgão regional que se pretende bem radicado nos problemas verdadeiros da região – esta sempre inserida num contexto de relações com comunidades implantadas no exterior dela – uma tal realidade não pode ser menosprezada. Isto dizia-se no preâmbulo do projecto de Estatuto que a Junta Regional dos Açores apresentou, em Janeiro de 1976, ao Governo da República. E dizia-se como justificação para o voto dos não residentes nas futuras eleições regionais. O propósito de então não fez carreira. Embora normativamente expresso no Estatuto de 1980, mereceu críticas de tudo o que era constitucionalista em Portugal, levou (porque o fundamento da recusa era frouxo) à alteração de um artigo da Constituição em 1989 e acabou fulminado pelo Tribunal Constitucional em 1999. Verdade seja que as múltiplas colónias de açorianos não residentes nos Açores nunca se mobilizaram a favor daquele direito político – análogo ao que dezasseis estatutos regionais reconhecem a quem se queira valer da “vizinhança administrativa” em cada comunidade autónoma de Espanha, desde que dela natural ou descendente de quem nela houvesse nascido. Assim – e mau grado críticas na altura formuladas, todas emergentes de duas situações contemporâneas: a crise económica e a campanha eleitoral para as Europeias – o Governo Regional praticou, ao celebrar no Canadá o “dia dos Açores”, um acto político de grande significado. Porque a realidade da diáspora açoriana o merecia e o que se passou na capital canadiana o reafirmou com maior vigor e visibilidade do que até agora se tem feito, reduzido que estava a visitas políticas e apoios a intercâmbios culturais. Bem-haja por isso. E que o entendam, se disso forem capazes, os timoratos zelotas (com olho em textos remendados ad hoc…) de uma unidade que está bem acima de tudo isto.

NOTA FINAL – Já bastas vezes referi que, em serviço de reportagem, estive cinco vezes no Canadá. Conheço bem a realidade da emigração naquele país, sobretudo no que concerne aos açorianos, em número considerável em Ontário. Até aqui tudo bem. Contudo, acho que o Governo Açoriano poderia ter aproveitado, de forma mais colaborativa, essa viagem ao Canadá. Na comitiva, também estava o Presidente da Assembleia Regional, o meu bom amigo Dr. Francisco Coelho, que teve comigo iniciação jornalística. Apenas um “hobbie” porque, realmente, a sua meta foi sempre a advocacia, formando-se com uma média notável. Há que reconhecê-lo.
Porém, como disse no fim do artigo em questão, uma unidade que está bem acima de tudo isto. De tudo isto? Sim, os argumentos infundados de alguns colunáveis – e não são poucos.

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