A folia do Rei Roberto Carlos

DO TEXTO:

O DIA começa hoje uma série em homenagem aos 70 anos do maior cantor do Brasil, coroado pela vitória da Beija-Flor

Por: Leandro Souto Maior

Rio - O nosso amigo Roberto Carlos vive dias de êxito. A mais recente glória do ídolo número um da música brasileira, porém, não vem do rock, que abriu alas em sua carreira; nem da suingada música negra norte-americana, para onde evoluiu sua obra anos depois; e tampouco foi conquistada pelas harmonias das baladas românticas, marca de sua produção nas últimas décadas.


É no embalo dos surdos e tamborins do samba da Beija-Flor que o Rei vivencia “uma das maiores emoções da vida”. Esse flerte de Roberto Carlos com o gênero, registre-se, data de outros Carnavais. “Adoro o samba!”, decreta o cantor e compositor. “Ouço em casa, tenho discos. Na verdade, sou daqueles que gostam de todo tipo de música”, completa, em entrevista a O DIA, que começa hoje série especial em homenagem aos seus 70 anos, comemorados em 19 de abril.

Roberto, desde a estreia em disco no finalzinho dos anos 50, passeia por diversos estilos. A tabelinha com o samba vem do primeiro lançamento, no qual imita a bossa nova de João Gilberto na parceria com Carlos Imperial, ‘João e Maria’. Mesmo quando ainda ensaiava o rock da Jovem Guarda, no álbum de 1963, a bossa continua insistindo, em ‘É Preciso Ser Assim’, das primeiras parcerias com Erasmo Carlos. “Samba não é a minha praia principal, mas de vez em quando aparece um e eu canto com prazer”, assume.

Um samba em 67

No documentário ‘Uma Noite Em 67’, que estreou nos cinemas ano passado, Roberto Carlos aparece no festival de música daquele ano defendendo o samba ‘Maria, Carnaval e Cinzas’, de Luiz Carlos Paraná. No entanto, ao contrário do título conquistado com a Beija-Flor este ano, em 1967 o samba não lhe rendeu os louros da vitória (também não lhe renderia em 1987, na homenagem da Unidos do Cabuçu). “Ah, não dá para relacionar os dois momentos”, descarta, divertindo-se com a antiga lembrança. “Ali era um festival em que eu estava atuando como músico. Desta vez venho homenageado, é outra onda”.

Quando o pagode vira febre, Roberto celebra a badalada vertente do samba com Arlindo Cruz, Jovelina Pérola Negra, Fundo de Quintal, Jorge Aragão e Zeca Pagodinho, no especial de fim de ano, em 1986. É do mesmo ano o samba-rock ‘Nega’ (com Erasmo) e, em 1998, grava o pagodão ‘Vê Se Volta Pra Mim’ (Eduardo Lages/Paulo Sérgio Valle).

Mesmo quando a onda carnavalesca passar, o desfile da Beija-Flor não será esquecido. O ‘homem do calhambeque’ é daqueles que resistem ao tempo e mostram a todos que ainda é uma brasa, mora?

12-03-2011

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1 Comentários

Comentários

  1. Prezado Armindo,

    Cara! Que matéria legal!

    A gente viaja no tempo e no espaço, sem nenhum esforço, contrariando até mesmo as Leis da Física Moderna.

    Ví-me em 67( 13 anos) assistindo em preto e branco o Roberto cantar aquela música do festival da Record.

    Quanto ao pagodão, é realmente uma de suas melhores músicas, que inclusive já disse ao maestro lá no blog dele que Roberto deveria iniciar seus shows com ela.

    Realmente Roberto, ainda que humano, é luz que não se apaga!

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