“Vive Le Roi”

DO TEXTO:










Por: Carlos Alberto Alves
jornalistaalves@hotmail.com
Portal Splish Splash

Quando eu era rapazote, já crescidinho – aí com os meus 15 anos de idade -, tinha, conjuntamente com outros amigos de infância e de estudo, o hábito – mau hábito? Talvez não... – de falar francês, não com o fito de impressionar as garotas, mas tão somente para mentalizar-me que valia a pena saber francês, sobre o básico para uma emergência, nomeadamente quando um dia deparasse pela frente com um cidadão oriundo de França que pretendesse uma informação. Estava longe do meu pensamento que os franceses um dia chegassem até aos Açores, concretamente à ilha das Flores e, também, que, ao chegar a jornalista (que naquela altura nem sonhava. Queria ser marinheiro, depois psicólogo. Sonhos de rapaz, apenas isto), passaria por Paris. Mas se, naquela fase de jovem, soubesse o que sei hoje em relação aos franceses, naturalmente que tinha optado por “meter-a-língua-noutra-língua”. É que os franceses são demasiado arrogantes, intoleráveis em termos de cortesia, coisa que eles não trouxeram do berço. Terá sido influência de Napoleão Bonaparte?


Bom... Retornando ao princípio, sempre usava esta frase quando queria brincar com um amigo: “Vive Le Roi”. Escusado será dizer que a dita frase foi pegando. E quando eu não dizia nada, lá estava o companheiro do outro lado, a gritar a amplos pulmões: “Vive Le Roi”.

Depois cresci, acabei os meus estudos, fui chamado para o serviço militar (dois anos em Angola) e nunca esqueci a célebre frase. Mas será que eu queria mesmo ser rei? Nada disso. Pretendia isso sim, um dia qualquer, encontrar um rei e, se possível até, o servir com o meu simples contributo no que concerne a trabalho, por exemplo. Em Angola, não encontrei o almejado rei, apesar de adorar muito o Duo Ouro Negro (já escrevi sobre eles). Passaram-se anos e, na lufa-lufa em Lisboa, num dado momento passei pela estação do Rossio e toquei na cabeça de uma jovem que estava sentada à entrada. Não sabia de quem se tratava e muito menos a sua nacionalidade. Contudo, veio logo a reacção: “vo cet”. Não completou a frase e com o dedo polegar apontou para a testa. Compreendi desde logo que estava perante uma jovem francesa e que ela queria dizer com meia-frase e o gesto que eu era doido. Ri que me fartei e ainda tive tempo de retorquir: “Vive Le Roi”.

Continuo o meu percurso de vida e, a dado momento, quando a televisão brasileira entra no nosso país, vou seguindo os programas do Jô Soares (ou “O Gordo” como preferirem) ele vem com a sua: “sois rei, sois rei”. Fiquei meio confuso, com tanto “rei” para o “O Gordo”. Meditei com os meus botões: não vou plagiar o “Jô Soares”. Jamais, Jô. Eu ainda vou encontrar o meu rei.

Anos e anos passados, finalmente encontrei a figura do meu rei e, por sorte minha, para servi-lo com a minha humilde escrita. Em Terras de Vera Cruz , onde me encontro, está o rei. E agora sempre que tiver oportunidade (tenho sempre, porque a procuro) apregoarei: Roberto Carlos “Vive Le Roi”, Roberto Carlos “Vive Le Roi”.

Eu tinha razão quando, menino e moço, era useiro e vezeiro a lançar o tão abençoado “Vive Le Roi”. E encontrei o meu verdadeiro rei.
Roberto Carlos “Vive Le Roi”.

Fotomontagem Splish Splash.

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4 Comentários

Comentários

  1. Olá Carlos Alberto!

    Gostei muito da sua crônica!
    Gosto de ler lembranças.Muito bom relembrar coisas do nosso passado. Eu também quis ser tanta coisa...Nada se realizou.
    "Vive Le Roi"!
    Viva nosso Rei, Roberto Carlos!

    Abraços,
    Carmen Augusta

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  2. Obrigado pelas suas palavras. Apesar de tudo, ainda consegui atingir o meu objectivo de jornalista, sobretudo quando alguém, com todo o seu ex-professo, me disse para eu seguir em frente, que tinha qualidades, que podia ir longe se fosse persistente. E a melhor resposta, com os meus 67 anos de idade e 47 de carreira, são os trabalhos que tenho apresentado em todos os mídia para onde colaboro, incluindo, naturalmente, o nosso Splish Splash, do qual me sinto orgulhoso por aqui estar.
    Um grande abraço.
    Carlos Alberto Alves

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  3. OLà Carlos Alberto!embora nao comento sempre os teus postes mas sempre os apreciei e continu-o apreciando.Mas como tu sabes eu tenho algum indicape e me expremir em Portugal por isso quando alguem escreve como tu o sabes fazer eu fico sempre ademirativo e jà nao me canço de ler.Gostei muito da tua historia e qual seria o teu feturo mas e que eu nao entendi muito bem, foi a tua maneira de considerares os Franceses como tal; arrogantes, intoleraveis em termos de cortesia, eu como os frequentos à mais de 45 anos diria sim os Francess tem defeitos porque ninguem é perfeito mas a meu ver nao sao esses.Mas cada um tem a sua opinion, e nao vamos mais polimicar neste assunto.Eu pensei,que como vivo com eles tinha a minha palavra a dizer.Abraços

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  4. Certamente, meu amigo. Está com todo o conhecimento para o fazer, e isso é extremamente importante. Contudo, tenho essa opinião formada pelo que constatei nas três vezes que fui a Paris, uma delas quando Pauleta foi considerado o melhor jogador do campeonato francês.
    Mas esta minha opinião, nada tem a ver com os luso-franceses, que fique bem claro. O nosso povo é bem diferente em termos de amizade e de solidariedade para com o próximo.
    Um grande abraço
    Carlos Alberto Alves

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