Decretado luto pelas vítimas das enxurradas no Estado do Rio de Janeiro

DO TEXTO:
Um estudo pedido em 2008 pelas autoridades do Estado deixava
já um alerta para a ameaça de uma tragédia na região serrana  
António Lacerda, EPA


Sete dias de luto oficial vão dar expressão, a partir da próxima segunda-feira, ao choque vivido nas cinco cidades do Estado do Rio de Janeiro devastadas pelas chuvas. Na região serrana, onde as enxurradas fizeram pelo menos 600 mortos, prosseguem os esforços das equipas de busca e salvamento e os trabalhos de limpeza, numa altura em que a imprensa revela um relatório de 2008 que alertava já para a ameaça de um desastre natural.

Assinado na sexta-feira, o decreto de luto oficial pelas vítimas das chuvas na região serrana do Rio de Janeiro entra em vigor no início da próxima semana, quando se der a publicação no Diário Oficial. Nas cidades atingidas, as populações continuavam a enfrentar, este sábado, os efeitos catastróficos das enxurradas que se abateram sobre a região. E a chuva voltou a cair com intensidade. Em Teresópolis e Petrópolis, as operações de busca só foram reativadas durante a manhã, após uma interrupção noturna ditada pela falta de energia.


Os últimos números confirmados pela Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil referem 600 mortos, mas o balanço tem estado em permanente atualização. As mortes ocorreram em Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto.

Os números das autoridades brasileiras apontam ainda para 3600 desalojados e 2800 desabrigados em Petrópolis, 960 desalojados e 1280 desabrigados em Teresópolis e 3220 desalojados e 1970 desabrigados em Nova Friburgo. Os acontecimentos dos últimos dias na região serrana do Estado do Rio de Janeiro são já descritos como o mais grave desastre natural da história do Brasil – o número de vítimas mortais já superou os registos de 1967 na cidade de Caraguatatuba, em São Paulo, onde as chuvas e os deslizamentos de terras causaram 436 mortes. E os meios de salvamento ainda não conseguiram chegar a todos os locais.

Relatório antecipava tragédia

O jornal Folha de São Paulo revelou, na edição de sábado, um estudo pedido em 2008 pelas autoridades do Estado do Rio de Janeiro que deixava já um alerta para a ameaça de uma tragédia na região serrana. A administração estadual, escreve a publicação brasileira, estava ao corrente das advertências desde novembro desse ano. O estudo defendia, também, a elaboração de uma cartografia das áreas em risco, propondo, entre outras medidas, a “recuperação de vegetação”, sobretudo em Nova Friburgo, onde a área florestal é maior.

Quanto às cidades de Petrópolis e Teresópolis, o documento enunciava “vários fatores de risco” de “desastres capazes de gerar efeitos de grande magnitude”, desde logo a localização de uma ampla área urbana “em montanhas e planícies fluviais”.

Citado pelo jornal, o secretário do Ambiente do Rio de Janeiro, Carlos Minc, indicou que foi elaborado o mapa das zonas mais ameaçadas. Por outro lado, foram alargados os parques florestais. Faltou “apenas a retirada dos moradores”.

Desastre natural no topo da agenda de Dilma

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, reconhecia na sexta-feira a necessidade de as autoridades fazerem quer uma “avaliação” de procedimentos e políticas, quer uma “autocrítica”. Mas não agora, argumentou. Porque “a hora é de arregaçar as mangas e ajudar as famílias”. “Tem que se fazer uma autocrítica, porque se permitiu fazer tudo isso. Mas agora é resgatar corpos e ajudar famílias desabrigadas. Não vamos perder tempo nesse momento”, afirmou o responsável durante a visita a um bairro de Teresópolis, declarações citadas pela Folha de São Paulo.

A resposta ao desastre da região serrana dominou a primeira reunião de ministros do Governo de Dilma Rousseff, que decidiu desbloquear de imediato 100 milhões de reais (44 milhões de euros) do pacote financeiro preparado para o socorro ao Estado do Rio de Janeiro. Trata-se, de acordo com o ministro brasileiro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, da primeira parcela de um pacote de 780 milhões de reais (350 milhões de euros).

Ao mesmo tempo, o ministro brasileiro da Defesa, Nelson Jobim, ordenou a criação de um comando unificado para as operações das Forças Armadas, em concertação com a Defesa Civil.

15-01-2011

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2 Comentários

Comentários

  1. Olá maninho!

    Que coisa triste, difícil até de entender.

    Li sobre isso hoje na Folha e é um absurdo, as autoridades estavam cientes e não fizeram nada para evitar esta catástrofe.
    Devem ter achado que Deus daria um jeitinho...

    Beijos,
    Carmen Augusta

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  2. Meu caro Amigo, Armindo,

    Nos dizeres de que "Deus escreve certo por linhas tortas", há uma outra interpretação, que aceito com maior equilíbrio racional, ou seja, Deus escreve certo por linhas certas.

    Eu prefiro dizer que Deus sabe o que faz, inclusive "perdoará", em "momentos oportunos", aqueles que negligenciaram os avisos que foram dados.

    Foi por isto que o Cristo disse: " É necessário o escândalo, porém ai daquele por quem o escândalo vier".

    O momento agora realmente é de orações por todas as pessoas que se foram e, sobretudo, por aquelas que sentem a perda dos entes queridos.

    Bottary

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