Astronomia na Arte – O Sol, a Lua, as estrelas e o céu de Van Gogh

DO TEXTO:


No dia 30 de março de 1853 nasceu, na aldeia holandesa Groot Zundert no sul da Holanda, um menino a quem deram o nome de Vincent Willem van Gogh. Seus pais eram Theodorus van Gogh (1822-1885), um severo pároco protestante da Igreja Reformada Holandesa, e Anna Cornelia (Carbentus) van Gogh (1819-1907).

Durante toda a sua vida Vincent van Gogh foi apoiado e sustentado financeiramente pelo seu irmão mais jovem Theo van Gogh, um comerciante de arte. Um acordo entre eles fazia com que o auxílio de 150 francos mensais enviados por Theo fossem pagos com quadros pintados por van Gogh. No entanto, durante toda a sua vida de pintor, que durou 10 anos dos quais podemos dizer que seis foram de aprendizado, van Gogh vendeu apenas um quadro, "A Vinha Vermelha", de 1890.

No ano de 1888 van Gogh passou a apresentar sintomas de degradação mental. Alucinações e ataques psicóticos passaram a dificultar ainda mais a sua vida. Na noite de 23 de dezembro de 1888 van Gogh, mostrando seu deplorável estado mental, após ter discutido violentamente com seu amigo e pintor Paul Gauguin, num acesso de fúria decepou a parte inferior de sua orelha esquerda com uma navalha, embrulhando-a num lenço e levando-a a uma prostituta chamada Raquel.

Os últimos anos da vida de van Gogh foram de intenso sofrimento, levando-o a contínuas internações em instituições para doentes mentais. Mesmo assim, ele continuava a criar intensamente tendo, próximo ao fim de sua vida, produzido 70 quadros em apenas alguns dias. Como resultado da rápida deterioração de sua saúde mental, na tarde de 27 de julho de 1890 van Gogh decide por um fim à sua "solidão imensa". Dois dias após disparar um tiro de revólver contra si próprio, no peito, van Gogh morreu na presença de seu irmão Theo que veio de Paris para assisti-lo em seus últimos momentos. O jornal local "L'Écho Pontoisien" de 7 de agosto de 1890 publicou simplesmente que:

"Domingo, 27 de julho, um certo van Gogh, com 37 anos de idade, súdito holandês, pintor, de passagem em Auvers, disparou sobre si próprio um tiro de revólver em campo aberto; dado que ficou apenas ferido, voltou para o quarto, onde faleceu dois dias depois".

Terminava assim a vida de um homem extremamente sensível, apaixonado, e com uma alma intensamente atormentada. A beleza vista por seus olhos era o legado que nos deixava, beleza essa que gritava nas cores vibrantes de seus quadros e que o colocava entre os mais amados e influentes artistas da pintura.

Van Gogh via o artista como um criador de quadros que não se destinavam a um público elitista, frequentador dos esnobes salões de exposições. Para ele as pinturas deveriam servir de modelos para reproduções que "trouxessem um pouco de luz às casas dos pobres". O artista van Gogh, que só consegui vender um quadro enquanto estava vivo e padeceu numa quase miséria sustentado financeiramente pelo seu irmão Theo, hoje se assustaria ao ver suas obras de arte sendo vendidas em leilões por valores fabulosos. Em 1987, a pintura "Lírio" foi leiloada por 49 milhões de dólares. Em 1990, o "Retrato do Dr. Gachet" foi leiloado por 75 milhões de dólares, o maior valor já atingido por uma pintura em um leilão. Em 1995, "Quatorze Girassóis em uma Jarra" alcançou 36 milhões e 225 mil dólares e em 1998, um "Auto-retrato" foi vendido por 71 milhões de dólares. Possivelmente Van Gogh morreria de vergonha ao ver a que se resume a arte hoje: investimento financeiro.

Ao contrário de outros pintores de sua época van Gogh não retratou a burguesia e sim trabalhadores, camponeses, fossem eles homens ou mulheres. Suas mulheres são pobres e solitárias. Mulheres varrendo, mulheres tecendo, mulheres fiando, mulheres colhendo. Seus homens também estão tristes e sozinhos. Seus desenhos retratam principalmente homens velhos. Curiosamente, embora a Holanda seja um pais com tradição de pesca, van Gogh retrata mais o trabalhador do campo (catadores de batatas, colheita de trigo, etc.) e o trabalhador braçal (homens pegando areia, etc.) do que o pescador.

A solidão é uma constante nos seus quadros. Mesmo as pessoas caminhando não o fazem em grandes grupos mas em duplas, casais ou pequenas famílias, onde sempre o elemento solitário aparece. Não há alegria nas personagens de Van Gogh, que sempre parecem estar engolidos por seus próprios pensamentos. Eles mostram no rosto a tristeza dos que não têm mais esperança na vida e nada mais esperam dela. O olhar perdido, o rosto sofrido e cansado, a expressão de uma tristeza cujo motivo se esconde fora dos domínios da sua pintura ou desenho. Seus rostos sombrios, tristes refletem a tristeza do autor. Não há sorrisos nos quadros e desenhos de van Gogh. A expressão de tristeza no rosto dos personagens de van Gogh é contagiante.

Ao contrário dos quadros mundanos de Toulouse-Lautrec não há sensualidade dos nús de van Gogh. Suas mulheres não seguem o padrão de beleza daquela época: são mulheres comuns, do povo. Um de seus principais modelos para nús foi Clasina Maria Hoornik, uma prostituta que ainda grávida de seu segundo filho, foi viver com van Gogh a partir de fevereiro de 1882. Esta mulher, mais conhecida como "Sien", viveu 19 meses com van Gogh, na mais extrema pobreza, tendo ela e seus filhos pequenos servido como modelos para dezenas de desenhos do artista.

A religião convencional não está presente em van Gogh. Embora ele fosse muito religioso não há quadros de madonas ou Cristos. Sua fé se revela nas pessoas ajoelhadas em oração mas não em imagens religiosas.


O Sol, a Lua, o céu e as estrelas de van Gogh

Van Gogh era um pintor apaixonado pelas pessoas e por paisagens. Em muitos de seus quadros surgem repetidos elementos celestes, a Lua, o Sol, as estrelas emoldurando belíssimos campos de colheita. Certamente van Gogh foi o pintor que mais apresentou elementos astronômicos em sua pintura. O Sol é o elemento mais usado, aparecendo em muitas de suas paisagens, mas incontestavelmente suas pinturas retratando o céu estrelado são as mais famosas.

In Café Orbital

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3 Comentários

Comentários

  1. OLà Isolino! é verdade que Van Gogh tinha muitas expreçoes de tristeza. Mas o mais triste ainda foi um génio deste desaparecer tao cedo nessas circontancias.Abraços

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  2. Olá, Manelito!

    É mesmo como dizes, pá!

    Os gajos porreiros morrem cedo e se calhar é por isso que eu ainda estou vivo!

    eheheheheh

    Grande abraço, pá!

    Ah! Gostei daquela do Isolino. eheheheh

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  3. Olá maninho!

    Sempre achei os quadros de Van Gogh muito lindos.Quadros mesmo eu nunca vi, o que vi eram reproduções nas folhinhas (hoje nem isso temos mais),fotos nos livros nos livros, e sempre me encantei com elas.

    Foi um homem muito sofrido, e talvez o cheiro das tintas mesmo tenham afetado seu cérebro.
    Um gênio que se foi muito cedo.

    Beijos maninho,
    Carmen Augusta

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