Estreia do Espectáculo O MONSTRO ESTÁ EM CENA no Camões/CCP | Luanda 09 a 24/06

DO TEXTO:

COMPANHIA DE DANÇA CONTEMPORÂNEA
TEMPORADA 2018 no
CAMÕES/CENTRO CULTURAL PORTUGUÊS
Estreia do Espectáculo
O MONSTRO ESTÁ EM CENA  


Uma desconfortante introspecção sobre a condição humana!
Coreografia  ANA CLARA GUERRA MARQUES e NUNO GUIMARÃES
                                      
“A observação do ser humano contemporâneo, leva-nos a crer que a nossa existência se tornou cada vez mais violenta  tendo, como reflexo disso, uma humanidade cada vez “menos humana”.

A velocidade da vida urbana actual, com os novos capitalismos e conceitos de progresso e a sua extraordinária dependência tecnológica, contrasta com o que resta da vida rural, um retrato longínquo de um mundo natural. Porém, não se assumem responsabilidades perante as variações do clima ou diante dos desequilíbrios ecológicos que afectam a biodiversidade do planeta.

O impacto de toda esta acção humana origina também, por ignorância ou ambição, conflitos de entre os diversos grupos étnicos, credos religiosos e poderes políticos, criando “muros” intransponíveis entre povos e nações: estratifica-se a humanidade em classes sociais, em países desenvolvidos e subdesenvolvidos (ou, cinicamente, “em vias de desenvolvimento”); aceitam-se com naturalidade os desmedidos contrastes entre  ricos e pobres, entre fausto e miséria.

Assistimos, impotentes, a um iminente estado de guerra, onde imperam e se incutem sentimentos de ódio e de morte. Adaptamo-nos, resignadamente, às misérias e desgraças que ocorrem mesmo ao nosso lado, percebendo-se, a olho nu, a diminuição da importância dedicada à vida.

As questões do género, reveladoras da grande complexidade do ser (nas suas diferentes formas de existência e variantes sexuais), continuam a ser alvo de opiniões e de posturas radicais e díspares, em grande parte, desprovidas de compreensão, tolerância ou de uma aceitação natural. Igualmente inaceitável é a condição de inferioridade imposta à mulher. Nesses contextos, mesmo sendo geradora de vida, ela vê negado qualquer direito ou dignidade, sendo obrigada a uma sobrevivência como mero objecto, porventura, comerciável.

Ora, se o Homem se crê único no universo a criar linhas essenciais de pensamento, como poder consentir tudo o que, pela lógica da razão, nos parece intolerável? Como pode a humanidade livrar-se da ânsia do poder, do materialismo e consequentes desigualdades, injustiças, dor e caos?

Como poderemos  convencer-nos da urgência em nos protegermos a nós mesmos e ao planeta que habitamos.

E como experimentar o sabor da nossa própria evolução e partilhar incondicionalmente, o alimento, o conhecimento e a educação sem o ridículo da hipocrisia?

Poderemos, despidos de preconceitos, respeitar ou amar livremente o nosso semelhante e preservar a vida de todos como a nossa?

Estará o homem a perder a capacidade de sonhar e de realizar ideais colectivos, sem incorrer em ingratas e penosas realidades  ditatoriais?

Será possível desenvolver um conceito planetário de dignidade humana?

Cultivamos, ostensivamente, o lado hediondo do ser como afirmação de  carácter, ocultando ou confundindo fragilidade com o lado belo que, de igual modo, integra a nossa essência.

Estará o processo de evolução humana ameaçado por uma triste sombra de regressão ou ainda estaremos a tempo de desenvolver a capacidade de estar em paz com a nossa própria existência?” (CDC, 2018)

ANA CLARA GUERRA MARQUES inicia os seus estudos em dança na Academia de Bailado de Luanda em 1970. É Mestre em Performance Artística – Dança, pela Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa e Licenciada em Dança – Especialidade de Pedagogia, pela Escola Superior de Dança de Lisboa do Instituto Politécnico de Lisboa.

Na qualidade de investigadora tem participação activa como oradora em diversos encontros, palestras, conferências, workshops e tem publicado diversos artigos em revistas académicas internacionais e periódicos angolanos. É autora dos livros “A Alquimia da Dança” (1999), “A Companhia de Dança Contemporânea de Angola” (2003), “Para uma História da Dança em Angola – Entre a Escola e a Companhia: Um Percurso pedagógico” (2008) e do Catálogo do Museu do Dundo (Org.), “Memória Viva da Cultura do Leste de Angola” (2012) e “Máscaras Cokwe: A linguagem coreográfica de Mwana Phwo e Cihongo” (2017). 

Em 1978 assume a direcção da única Escola de Dança existente no país, actividade que desenvolve a par da docência, realizando também as primeiras acções para a fundação de um ensino profissional das artes em Angola, designadamente a organização curricular dos cursos de profissionalização em dança. 

Também no Ministério da Cultura, onde trabalhou durante 37 anos, integrou as comissões instaladoras do Instituto Superior de Artes e dos Institutos Médios de Artes e fez parte do grupo de trabalho interministerial, para a criação do Sub-sistema de Educação Artística em Angola. Entre 2007 e 2015 exerceu as funções de Consultora do Vice-Ministro e da Ministra da Cultura de Angola.

Da sua estratégia para a defesa e projecção da dança enquanto linguagem artística e arte performativa em Angola, fazem ainda parte a sua prática como bailarina e coreógrafa. Em 1991 funda a primeira companhia profissional angolana (e uma das primeiras em África), a Companhia de Dança Contemporânea de Angola, com a qual propõe novas formas e conceitos de espectáculo, inaugurando a utilização de espaços não convencionais, com performances que marcam o seu trabalho com alguns dos mais reconhecidos escritores e artistas plásticos angolanos. A implementação da Dança Inclusiva é outra das suas contribuições para uma diversificação do olhar sobre a dança em Angola.

Pioneira da dança contemporânea no seu país, divide a sua criação entre temas de intervenção e crítica social, como expressam as peças Mea Culpa (1992), Imagem & Movimento (1993), Palmas, Por Favor! (1994), Neste País... (1995), Agora não dá! ‘Tou a bumbar... (1998), Os quadros do verso vetusto (1999), O Homem que Chorava Sumo de Tomates (2011), Ceci n’est pas une porte (2016) ou O monstro está em cena (2018) e a utilização do seu trabalho de investigação sobre as danças patrimoniais angolanas, com incidência na cultura cokwe. A proposta de outras estéticas e abordagens a um património herdado é reflectida em A Propósito de Lueji (1991), Uma Frase Qualquer... & Outras (Frases) (1997), Peças para uma Sombra Iniciada, Outros Rituais Mais ou Menos (2009) ou Solos para um Dó Maior (2014), enquanto extensão artística desse campo de pesquisa.

É membro do Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA).

É co-fundadora da Sociedade Angolana dos Direitos de Autor, onde desempenhou as funções de Vice-Presidente do Conselho de Administração e é membro individual do Conselho Internacional de Dança da UNESCO.

Como reconhecimento da sua contribuição para o desenvolvimento das artes e da cultura em Angola, foram-lhe atribuídos o “Prémio Nacional de Cultura e Artes” (2006), o prémio “Identidade” da União Nacional dos Artistas e Compositores (1995), os Diplomas de Honra (2006) e de Mérito (2016) do Ministério da Cultura de Angola e o “Diploma de Honra – Pilar da Dança” da UNAC (2011).

NUNO RICARDO DE OLIVEIRA DE SOUSA GUIMARÃES, nascido em Luanda a 18 de Dezembro de 1972, fez o ensino primário e o liceu nesta cidade até 1988.

Entrou para a Escola de Dança da Secretaria de Estado da Cultura em 1985, que frequentou durante dois anos.

Em 1990 entrou para a Sociedade Nacional de Belas Artes em Lisboa onde fez o curso académico de Belas Artes.

Nos anos seguintes participou em exposições, capas de catálogos, cartoons para a imprensa e em alguns eventos musicais.

Em 2008 é convidado a participar no projecto “Oratura… dos Ogros e do Fantástico”, onde resgata o contacto com a sua antiga professora e coreógrafa Ana Clara Guerra Marques, com quem trabalhou na reorganização da Companhia de Dança Contemporânea de Angola, onde desempenha as funções de assistente de direcção e ensaiador.

É o autor dos figurinos da Companhia Contemporânea de Angola, tendo também desenhado o guarda-roupa para os espectáculos de abertura e encerramento da Taça Africana das Nações Orange Angola (CAN) e do Festival Nacional de Cultura (Fenacult 2014).

É co-autor das obras criadas para a CDC Angola, “Ceci n’est pas une porte” (2016) e “O monstro está em cena” (2018).

Os espectáculos terão lugar no Camões/Centro Cultural Português, de 09 a 24 de Junho, nas horas baixo mencionadas:

- 09.06.2018 (sábado) – 15H00
- 12.06.2018 (3ª feira) – 15H00
- 14.06.2018 (5ª feira) – 19H00
- 15.06.2018 (6ª feira) – 19H00
- 16.06.2018 (sábado) – 18H30
- 17.06.2018 (domingo) – 18H30
- 21.06.2018 (5ª feira) – 19H00
- 22.06.2018 (6ª feira) – 19H00
- 23.06.1018 (sábado) – 18H30
- 24.06.2018 (domingo) – 18H30 

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