Novas perspectivas no tratamento de encefalopatia hepática

DO TEXTO:

Professor da Unesp publica artigo em revista do grupo Elsevier

Fernando Gomes Romeiro, professor do Departamento de Clínica Médica, da Faculdade de Medicina da Unesp em Botucatu, publicou artigo na revista 'NeuroImage: Clinical', do grupo Elsevier. O estudo descobre qual dos aminoácidos de cadeia ramificada aumenta o fluxo sanguíneo cerebral em pacientes com encefalopatia hepática.

Aminoácidos são as moléculas que formam as proteínas, e todas as proteínas que conhecemos e que fazem parte do corpo dos seres vivos são formadas pela combinação de apenas 20 aminoácidos. Portanto, é a combinação deles que permite a existência de todas as variedades de proteínas, tecidos, órgãos e indivíduos que conhecemos. Os aminoácidos presentes em nossa alimentação são divididos basicamente em dois grupos: os de cadeia aromática e os de cadeia ramificada (do inglês branched-chain amino acids). Esse último grupo é composto por 3 aminoácidos: leucina, isoleucina e valina, e vem sendo muito utilizado por atletas para ganho de massa muscular. Também tem sido usado por pessoas com cirrose hepática, para evitar a perda de massa muscular pela presença da doença do fígado. Entre essas pessoas, esse grupo de aminoácidos é usado principalmente quando o indivíduo tem encefalopatia hepática, que se manifesta por sintomas neurológicos como sonolência, perda de memória, confusão mental, alterações de humor e de personalidade e até o estado de coma.

Nos últimos anos descobriu-se que os aminoácidos de cadeia ramificada aumentam a perfusão cerebral de pacientes com encefalopatia hepática, mas o aminoácido e os mecanismos envolvidos ainda não eram conhecidos. Neste estudo, desenvolvido por professores e alunos da FMB-UNESP e com apoio da FAPESP, a perfusão cerebral foi avaliada em 27 indivíduos com cirrose e encefalopatia hepática que receberam suplementos de leucina ou isoleucina durante um ano. Exames realizados no setor de medicina nuclear, como a tomografia por emissão de fóton único (SPECT) e a cintilografia cerebral dinâmica (CCD), foram realizados antes do tratamento e em 1, 8 e 12 meses de suplementação. Aos 8 meses de tratamento os pesquisadores documentaram aumento expressivo da perfusão cerebral no grupo que recebeu o aminoácido isoleucina, que foi associado à melhora da encefalopatia hepática e da qualidade de vida dos pacientes, tanto aos 8 como aos 12 meses de tratamento no grupo isoleucina, o que não ocorreu no grupo leucina. A conclusão do estudo foi que a suplementação com isoleucina teve melhor impacto na recuperação da perfusão cerebral na encefalopatia hepática, abrindo novas perspectivas de tratamento futuro.

O artigo, intitulado 'Which of the branched-chain amino acids increases cerebral blood flow in hepatic encephalopathy? A double-blind randomized trial', pode ser acessado em https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2213158218300998 

Contato do pesquisador: fgromeiro@fmb.unesp.br

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