Abriu no Porto o CANTO III um novo conceito de loja literária

DO TEXTO:

Por: Armindo Guimarães


Abriu hoje no número 338 da Rua da Boavista, no Porto, o CANTO III, um espaço literário com uma nova abordagem na compra e venda de livros

Conjugando o bom gosto em termos de espaço, decoração e conforto, o CANTO III pretende aliar a literatura à animação cultural num espaço de tertúlia onde quem o visita é antes de mais um amigo que ali pode dar asas à sua veia artística, recitando poemas, lendo trechos de prosa ou muito simplesmente dissertar sobre este ou aquele tema.

Convidado a estar presente na inauguração, o Portal Splish Splash foi lá ver para contar como foi.


"Uma formiga vai à eira e agarra numa pragana. Dali ao formigueiro são dez metros, menos que vinte passos de homem. Mas quem vai levar essa pragana e andar esse caminho, é a formiga, não é o homem. Ora, o mal desta obra (...) é terem posto homens a trabalhar nela em vez de gigantes, e, se com estas e outras obras passadas e futuras se quer provar que também o homem é capaz de fazer o trabalho que gigantes fariam, então aceite-se que leve o tempo que levam as formigas, todas as coisas têm de ser entendidas na sua justa proporção, os formigueiros (316-317)", os alfarrabistas, o número de livros, o espaço da loja...

Esta foi a Nota de Abertura proferida pelo crítico de arte Francisco Perfeito Caetano, que serviu de “deixa” para a alocução de boas-vindas do anfitrião José Manuel Ferreira:


Meus amigos, com esta citação do livro “O Memorial do Convento” de José Saramago, dou-vos as boas-vindas ao CANTO III, este espaço que vos chamou, hoje, dia 26 de maio de 2018, para este ritual de iniciação, o batismo, que, no caso, será feito pela amizade que aqui vos traz e a palavra escrita, que se oferece nas diferentes prateleiras que nos rodeiam e que se organizam em dicionários, enciclopédias, literatura portuguesa e estrangeira, policiais, história, filosofia, psicologia, jornais, revistas…

A seguir, José Manuel Ferreira referiu em duas alíneas o por quê do nome CANTO III.

A) A geografia do lugar – terceira porta, no canto, do edifício que Siza Vieira levou à construção, nesta Rua da Boavista – Canto III
B) A polissemia do nome – remete-nos, de imediato, para o Canto III de “Os Lusíadas”, em que se destacam:
- Conversa (Vasco da Gama e rei de Melinde)
- Respostas
- Invocação da musa da poesia épica e da história
C) Conhecimento – conteúdo dos livros

Estou certo que o CANTO III, pequeno na sua área, será mais uma porta aberta a todos os amantes dos livros e da leitura, oferecendo a possibilidade de encontrar os títulos desejados, os autores queridos, os artigos procurados… Muito obrigado por terem vindo!


Depois de uma salva de palmas aos dois oradores, seguiu-se um extraordinário momento musical com o Duo Barra X, composto por Tiago e Paulo que interpretaram temas de Zeca Afonso, bem como outros temas populares portugueses, intercalados pela excelente magia do meu pupilo Frederico Ferreira que, diga-se de passagem, desde o primeiro efeito mágico que executou aos 11 anos de idade, passados que foram 17 anos supera, de longe, o mestre que ficou inteiramente ilusionado com a sua arte. O mesmo se diga relativamente a todos os presentes que boquiabertos e sorridentes assistiram à sua performance artística.


E foi quando o Duo Barra X cantava Espero que não demorem a mandar/ Novidades na volta do correio/ A ribeira corre bem ou vai secar?/ Como estão as oliveiras de candeio?, que eu, encostado que estava a uma estante de livros a trautear baixinho a letra de "Postal dos Correios" do grupo Rio Grande, senti que qualquer coisa tinha tocado na minha cabeça. Olhei para trás e vi quem tinha sido: era a Deana Barroqueiro com “O Corsário dos Sete Mares – Fernão Mendes Pinto”. Peguei nela, na história, é claro, folheei-a, vi o preço, uma bagatela para tão grande obra e logo ali decidi comprá-la. Acontecia, assim, a primeira transação literária do CANTO III e fomos nós, o Portal Splish Splash, que tivemos tal honra, que, evidentemente, não vai ficar por aqui, até porque, apesar da amena cavaqueira que se proporcionou entre os participantes, não tive tempo para falar um pouco com alguns, como o António Nobre, a Agustina Bessa-Luís, o Eça de Queirós, o Jorge Amado, a Sophia de Mello Breyner Andresen, o Fernando Pessoa, o Carlos Drumond de Andrade, o José Rodrigues dos Santos, e tantos outros que estavam por lá.


A encerrar o evento, não faltou o bolo e o champanhe com todos os presentes a brindar pelo CANTO III.

Assim foi, assim se escreve.

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