Dia Mundial do Livro na Biblioteca Camões | Luanda - 23/4

DO TEXTO:

- Agostinho Neto
- Manuel Alegre
- José Afonso

Dia 23 de Abril, a partir das 10H00

O CAMÕES - CENTRO CULTURAL PORTUGUÊS (Av. de Portugal nº 50), em alusão ao DIA MUNDIAL DO LIVRO, que se assinala a 23 de Abril, vai revisitar  Vozes Poéticas, que partilham nas suas obras valores e princípios, que estiveram na base da “Revolução dos Cravos”, ocorrida a 25 de Abril de 1974 em Portugal. Vozes que estiveram do lado dos que lutaram para derrubar o antigo regime, abrindo as portas à Liberdade, à Paz, à Democracia e ao fim do colonialismo. Estas “Vozes Poéticas do Mundo”, que partilham valores universais de Liberdade e Justiça e colocaram o seu talento criador ao serviço da causa maior da Liberdade, serão revisitadas na BIBLIOTECA CAMÕES, no dia 23 de Abril, a partir das 10H00, com leitura colectiva das suas biografias e extractos das suas obras.

AGOSTINHO NETO

O meu Desejo
Transformado em força
Inspirando as consciências desesperadas.
(Agostinho Neto)

AGOSTINHO NETO nasceu na aldeia de Kaxicane, região de Icolo e Bengo, Província do Bengo.

Após ter concluído o curso liceal em Luanda, viria a tornar-se rapidamente uma figura proeminente do movimento cultural nacionalista que, na décadada de quarenta, conheceu uma fase de vigorosa expansão em Angola.

Muda-se para Portugal, em 1947, para estudar Medicina, na Faculdade de Medicina de Coimbra, e posteriormente na de Lisboa.

Envolve-se, desde muito cedo,  na actividade política sendo preso em 1951, quando reunia assinaturas para a Conferência Mundial da Paz em Estocolmo. Após a sua libertação, retoma a actividade política, tornando-se representante da Juventude das colónias portuguesas junto do Movimento da Juventude Portuguesa, o MUD juvenil.

Em Fevereiro de 1955, é novamente preso pela PIDE (Polícia Política) e, em Junho de 1957, é libertado.

Em 1958, licenciou-se em Medicina, na Faculdade de Medicina de Lisboa. Neste mesmo ano, foi um dos fundadores do clandestino Movimento Anticolonial (MAC), que reunia patriotas oriundos das diversas colónias portuguesas. Exerceu medicina após o seu regresso a Angola, em 30 de Dezembro de 1959. A 8 de Junho de 1960, foi novamente preso pela PIDE no seu consultório em Luanda, tendo sido transferido para uma prisão em Lisboa e, mais tarde, foi enviado para Cabo-Verde.

Sob forte pressão, interna e externa, Agostinho Neto foi libertado em 1962, tendo fixado residência em Portugal. Em Dezembro desse mesmo ano, foi eleito presidente do MPLA durante a Conferência Nacional do Movimento. Em 1970, foi-lhe atribuído o Prémio Lótus, pela Conferência dos Escritores Afro-Asiáticos com a "Revolução dos Cravos" em Portugal e a derrocada do regime fascista de Salazar, em 25 de Abril de 1974.

Agostinho Neto regressa a Luanda no dia 4 de Fevereiro de 1975, sendo alvo da mais grandiosa manifestação popular de que há memória em Angola.

Membro fundador da União dos Escritores Angolanos foi eleito pelos seus pares Primeiro Presidente da República, em 1975.

Obra Literária

Poesia

1957 – Quatro Poemas de Agostinho Neto, Póvoa do Varzim, e.a.
1961 – Poemas, Lisboa, Casa dos Estudantes do Império
1974 – Sagrada Esperança, Lisboa, Sá da Costa (inclui poemas dos dois primeiros livros)
1982 – A Renúncia Impossível, Luanda, INALD (edição póstuma)

Política

1974 – Quem é o inimigo… qual é o nosso objectivo?
1976 – Destruir o velho para construir o novo
1980 – Ainda o meu sonho
– Caminho do mato
– Aspiração
– Fogo e ritmo

MANUEL ALEGRE

Venho dizer-vos que não tenho medo
a verdade é mais forte que as algemas.
Venho dizer-vos que não há degredo
quando se traz a arma cheia de poemas.
(Manuel Alegre)

MANUEL ALEGRE, natural de Águeda, estudou Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, onde foi dirigente estudantil.

Em 1962, foi mobilizado para Angola como oficial miliciano, tendo sido preso pela polícia política por se recusar a participar na guerra colonial. Depois de, em 1963, ter regressado a Coimbra, com residência fixa, consegue, no ano seguite, desertar. Viveu em Paris até 2 de Maio de 1974, e, mais tarde, em Argel, onde foi locutor da emissora “Voz da Liberdade”. Regressa a Portugal depois da Revolução de Abril de 1974.

A sua vasta obra literária iniciou-se com o livro “Praça da Canção (1965)”. Era um dos nomes mais conhecidos de uma geração coimbrã (1963-1965) ligado à coleção Cancioneiro Vértice, que publicou poesia intitulada “Poemas Livres”. A sua poesia circunstancial, por vezes criada com o intuito de ser recitada e até musicada, inspira-se, na primeira fase, na luta contra a ditadura, no exílio e na Guerra Colonial. Por isso, alguns poemas seus tornaram-se canções de lamento e revolta de uma geração, como foi o caso de “Trova do Vento que Passa” ou “Canção com Lágrimas e Sol”.

Na sua vasta obra poética, incluem-se obras como:

1967 – O Canto e as Armas 
1971 – Um Barco Para Ítaca
1974 – Letras 
1976 – Coisas Amar (Coisas do Mar) 
1979 – Nova do Achamento
1981 – Atlântico” (1981)
1983 – Babilônia
1984 – Chegar Aqui
– Aicha Conticha
1989 – Véspera de Batalha
1990 – Rua de Baixo
1992 – Com Que Pena Vinte Poemas para Camões
1993 – Sonetos do Obscuro Quê
1995 – Coimbra Numa Visita
1996 – Naus de Verde Pinho
1998 – Senhora das Tempestades

Publicou também livros em prosa: “Jornada da África” (1989), “O Homem do País Azul” (1989), “Alma” (1995), “A Terceira Rosa” (1998).

“Contra a Corrente” (1997) reúne os seus principais textos e discursos de intervenção política. Além da actividade literária, destacam-se, no plano político, os cargos exercidos como vice-presidente da Assembléia da República e membro do Conselho de Estado.

Prémios literários

1998 – Prémio de Literatura Infantil António Botto, pelo livro As Naus de Verde Pinho
– Prémio da Crítica Literária atribuído pela Secção Portuguesa da Associação Internacional de Críticos Literários, pelo livro Senhora das Tempestades
– Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, patrocinado pelos CTT, pelo livro Senhora das Tempestades
1999 – Prémio Pessoa, patrocinado pelo jornal Expresso e importante referência no panorama cultural português, pelo conjunto da Obra Poética , editada em 1999
– Prémio Fernando Namora, patrocinado pela Sociedade Estoril-Sol, pelo livro A Terceira Rosa
2008 – Prémio D. Dinis, patrocinado pela Fundação da Casa Mateus, pelo livro Doze Naus
2010 – Tributo Consagração atribuído pela Fundação Inês de Castro (FIC), instituição de Coimbra, pela totalidade da sua obra
2016 – Prémio Vida Literária 2015/2015 da Associação Portuguesa de Escritores
– Prémio de Consagração de Carreira da Sociedade Portuguesa de Autores
– Grande Prémio de Literatura dst pelo livro de poemas "Bairro Ocidental"
2017 – Prémio Guerra Junqueiro instituído pelo FFIL - Freixo Festival Internacional de Literatura
– Prémio Camões, o maior prémio literário de língua portuguesa

Recebeu diversas condecorações e medalhas. A sua obra literária tem sido objecto de estudos e teses de doutoramento e mestrado, em diversas instituições

JOSÉ AFONSO

Grândola vila morena
terra da fraternidade
o povo é quem mais ordena
dentro de ti ó cidade.
(José Afonso)

José Afonso, cantor, compositor e poeta, foi um expoente maior da canção de intervenção, na luta contra o regime de Salazar. Os seus temas propagavam-se clandestinamente, como uma bandeira de “resistência” e um hino à liberdade, que alimentavam a esperança de mudança. A sua voz ampliou-se com efeito catalisador junto da juventude, particularmente estudantil, e segmentos intelectuais e operariado. 

Para além de toda a sua vasta obra, o seu nome ficou indelevelmente ligado ao 25 de Abril, dado o seu tema “Grândola Vila Morena” ter servido de “senha” para o golpe militar protagonizado pelos “Capitães de Abril” que ficou conhecido como “Revolução dos Cravos”, por não terem sido utilizadas armas.


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