'The Bells', álbum com música de Roberto e Erasmo sobre muro de Berlim, sai em CD

DO TEXTO:

 Por Mauro Ferreira

Existe no cancioneiro dos compositores Roberto Carlos e Erasmo Carlos uma música de meados dos anos 1960 que versa sobre o então intransponível muro de Berlim, somente derrubado em 1989. A rigor, O muro de Berlim é rock bem pop cuja letra alude ao segregador paredão alemão de forma metafórica. Na visão apaixonada de Roberto e Erasmo, a muralha é a barreira que impede a união do casal que protagoniza romance tão pueril quanto a música, nunca gravada por Erasmo e tampouco por Roberto.

A bem da verdade, consta que o Tremendão até tentou gravar O muro de Berlim, mas teria sido impedido pela censura da época. Coube então ao grupo paulista The Bells a primazia de gravar a música, editada em compacto e em LP. O muro de Berlim abre o segundo álbum da banda, The Bells, lançado originalmente em 1966 pela já extinta gravadora RGE e editado pela primeira vez em CD neste mês de março de 2018 pelo selo Discobertas.

Formado no início dos anos 1960, o quinteto era enturmado com o elenco da Jobem Guarda. Tanto que teve direito à menção do nome da banda na letra de Festa de arromba (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1965). Quando Erasmo cantava os versos "Os Bells de cabeleira / Não podiam tocar / Enquanto a Rosemary / Não parasse de dançar", ele se referia aos músicos Carlos Alberto Belmonte (guitarra solo), Nilo Antonio Alves, o Reverendo (guitarra ritmo), Sebastião de Souza, o Di Souza (contrabaixo), Ariovaldo Ambrósio, o Ary (bateria) e Antonio Tergolim, o Tergolo, que assumiu neste segundo álbum o posto de saxofonista, ocupado por José Mathias, o Zezinho, no primeiro álbum dos Bells, Proibido para maiores de 18 anos (1963), lançado em CD no último trimestre de 2017 dentro de fornada anterior da série de reedições do selo Discobertas.

Fundado por estudantes de São Paulo, o grupo The Bells surgiu na época do Natal e, por isso, ganhou esse nome (a palavra bells significa sinos em inglês, idioma matricial do rock). Não por acaso, a primeira gravação da banda foi feita para coletânea de músicas natalinas editada no alvorecer da década de 1960.

The Bells, o álbum ora reeditado, extrapola o universo do rock, incluindo até um instrumental Bittersweet samba (Sol Lake).

in-/g1.globo.com
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