Morreu o actor brasileiro Oswaldo Loureiro aos 85 anos

DO TEXTO:


O actor e realizador brasileiro Oswaldo Loureiro Filho, com uma longa carreira no teatro e na TVmorreu neste sábado, em São Paulo, aos 85 anos.


Com carreira no teatro, no cinema e na TV, Oswaldo Loureiro, participou em mais de 140 peças e actuou em mais de 20 novelas da TV Globo, entre elas sucessos como "Sangue e areia" (1968) e "Véu de noiva" (1969), de Janete Clair, "Roque Santeiro" (1985), de Dias Gomes, e "Que Rei sou Eu?" (1989), de Cassiano Gabus Mendes, entre outras.


Oswaldo Loureiro sofria de Alzheimer e estava afastado da carreira artística desde 2011.


Estava internado no Hospital São Luiz, em São Paulo. O velório aconteceu na tarde deste sábado no Jardim da Colina, em São Bernardo do Campo, das 14:00 às 17:00, seguido da cremação. 


Oswaldo Loureiro nasceu no Rio de Janeiro, em 24 de julho de 1932. Iniciou a sua carreira artística ainda criança, aos 12 anos, quando actuou em filmes como "O Brasileiro João de Souza", "É proibido sonhar" e "Romance proibido", todos realizados em 1944.

Filho de artistas, a mãe era cantora lírica e o pai era jornalista e actor, Oswaldo decidiu-se mesmo pela carreira teatral nos anos 1950, quando entrou na companhia de Henriette Morineau e se estreou na peça "Vestido de Noiva", de Nelson Rodrigues, em 1955. 

Em entrevista para o Jornal Hoje, em 1979, Oswaldo Loureiro disse estar muito orgulhoso por ter começado no teatro profissional com uma peça de Nelson Rodrigues:


“Vestido de Noiva era um clássico da dramaturgia brasileira, que Nelson Rodrigues conseguiu fazer possivelmente a peça mais importante do nosso teatro, o que para mim foi uma sorte muito grande”.


O actor voltaria a encontrar-se com a dramaturgia de Nelson em mais duas ocasiões, em 1961, numa montagem para "Beijo no asfalto", com direcção de Fernando Torres e cenário de Gianni Ratto, e em 1962, em "Oto Lara Resende ou Bonitinha, mas ordinária", com direcção de Martim Gonçalves.


Em 1956, integrou o elenco de "Otelo", de William Shakespeare, pela Companhia Tônia-Celi-Autran (CTCA), com direcção de Adolfo Celi.


Em 1958 recebeu o prémio da Associação Brasileira de Críticos Teatrais, ABCT, de actor revelação pela sua interpretação em "A fábula do Brooklin", de Irwin Shaw, dirigido por Geraldo Queirós.


Já nos anos 1960 actuou em dramaturgias nacionais e internacionais importantes, como "Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come" (1966), de Oduvaldo Vianna Filho e Ferreira Gullar, com direcção de Gianni Ratto, e "A Ópera dos Três Vinténs" (1967), de Bertolt Brecht. 


Depois, em 1967, voltou a contracenar com Paulo Autran em "Édipo Rei", de Sófocles, com direcção bem-sucedida de Flávio Rangel. 


Mas é nos anos 1970, em plena ditadura militar, que Oswaldo interpretou alguns dos principais personagens da sua carreira, como o Creonte de "Gota D’água" (1975), de Chico Buarque e Paulo Pontes, em que contracenava com Bibi Ferreira; o protagonista de "Papa Higuirte", de Vianinha, de quem também faz "A longa noite de Cristal" (1976); além do personagem Paco em "Dois perdidos numa noite suja" (1977), de Plínio Marcos. 


Já nos anos 1990, o seu compromisso com os palcos tornou-so director do Teatro Guaíra, em Curitiba, onde desenvolveu o projecto Teatro para o Povo. 


Em 1964, Oswaldo estreou na TV em "O direito de nascer", da TV Tupi. Em 1968, integrou uma das primeiras grupos de actores da TV Globo. Na casa, começou interpretando o mal disposto António, em "Sangue e areia", de Janete Clair, a que se seguiu o trabalho como mecânico Chico, em "Véu de noiva", da mesma autora. 


Na Globo, estreou como realizador de televisão à frente da novela "Cuca legal" (1975), de Marcos Rey. Também na realização, colaborou na série"O Bem-Amado" (1980-1985), o humorístico "Os Trapalhões" (1982-1988), e o programa de variedades "Batalha dos astros" (1983).


Entre os pontos altos de sua carreira na TV, estão o personagem Nilo Argolo da missérie Tenda dos Milagres (1985), o antagonista de Pedro Arcanjo (Nelson Xavier), e o conselheiro Gaston Marny, do Reino de Avillan, na novela "Que Rei Sou Eu?" (1989), de Cassiano Gabus Mendes.


Nos anos 1980, assumiu a luta sindical pelo reconhecimento da profissão de actor e em defesa da liberdade de expressão, chegando a presidir o Sindicato dos Artistas. 


Durante os momentos finais da ditadura, em 1983 lutou para manter em cartaz a peça "Vargas", de Dias Gomes e Ferreira Gullar, afirmando publicamente que os ataques à produção eram um boicote político. Naquele mesmo ano, Oswaldo também ganhou o troféu Mambembe de melhor actor pela actuação na comédia "Motel Paradiso", onde interpretava um banqueiro sem escrúpulos, dirigido por Juca de Oliveira. 


Oswaldo Loureiro actuou profissionalmente entre 1944 e 2005, quando completou seis décadas de actuação. O seu último trabalho em teatro foi em "A Resistível Ascensão de Arturo Ui", de Brecht, em uma montagem de 2001 assinada por Moacir Chaves.

Já na TV, Oswaldo fez sua última participação em 2005, na novela "A lua me disse", em que interpretou o deputado Boaventura.
Durante a sua carreira, além de actuar e dirigir peças, Oswaldo dirigiu óperas, shows musicais e shows de humor.
Casado com Madalena Loureiro, deixa uma filha e três netos.

Fonte O Globo

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