Desde
1974, o "Roberto Carlos Especial" é um programa de
TV onipresente nas festividades de fim de ano das famílias brasileiras. A
atração só não foi exibida em 1999, devido ao agravamento da doença de Maria
Rita, mulher do cantor, que morreu em dezembro daquele ano. Até quem não curte
o “Rei” sabe que o show -- que vai ao ar nesta sexta -- faz parte da
cultura popular e não pode negar que ele é um dos maiores artistas brasileiros
vivos, cujas músicas românticas atraem fãs das mais diversas gerações. Mas qual seria o segredo do
sucesso de Roberto Carlos? À parte o carisma, que é um atributo difícil de
explicar, algumas possibilidades podem justificar as emoções que -- quer você
queira, quer não -- ele desperta no público:
Ele canta o
amor idealizado
Ou seja, aquele que no fundo a
maior parte das pessoas espera que aconteça na vida e que preencha todas as
necessidades e carências delas. Um amor sob medida para satisfazer os anseios
mais profundos. RC sabe que, de alguma forma, para sentir o amor é
necessário um pouco de idealização, de tirar os pés do chão sob certas
circunstâncias. A realidade tal qual ela é, nua e crua, o tempo todo,
seria insuportável.
Ele combina
romantismo e erotismo
Este talvez seja o maior trunfo
de Roberto Carlos: ele fala do afeto estilo “água-com-açúcar”, sim, mas também
trata do amor carnal. Muitas de suas canções clássicas, em especial as dos anos
1970 (época em que os motéis começaram a se proliferar no Brasil), falam do
êxtase do sexo e da parte “carnal” dos relacionamentos. RC personifica a
combinação perfeita entre desejo romântico e erótico, entre o lado delicado e
“tórrido” do amor.
Ele encarna
o papel de “o cara”
Ao cantar com voz mansa, quase
ao pé do ouvido, RC interpreta principalmente o que a maior parte das mulheres
gostaria de ouvir de um homem. O estilo de se vestir, a postura sedutora e a
aura de mistério que cultivou ao longo da carreira contribui para a imagem de
“príncipe encantado” -- quando ele inclina o microfone para interpretar a parte
mais dramática das músicas, ninguém sequer pensa que RC tem quase 80 anos (ele
fará 77 em abril)! Além disso, o cantor olha fixamente nos olhos das pessoas,
joga rosas para o público e se dirige à plateia como se estivesse sussurrando
para cada fã em particular.
Ele mexe com
a memória afetiva
As avós curtiam Roberto Carlos
e conservam lembranças gostosas dos tempos de Jovem Guarda. As mães aprenderam
a gostar também e é possível que algumas filhas curtam por “herança”. Embora
tenha um público predominantemente feminino, não seria um erro arriscar que a
maioria dos brasileiros, em qualquer canto do Brasil, tem na ponta da língua
pelo menos uma música do “Rei” -- ainda mais se levarmos em conta que várias de
suas canções embalaram o romance de personagens de novelas, outra grande paixão
nacional. E, se pensarmos que o "Roberto Carlos Especial" sempre vai
ao ar antes do Natal, época em que as pessoas se reúnem e se deixam levar pelas
emoções, o repertório afeta a nossa lembranças nos faz voltar a uma fase da
vida repleta de sentimentos importantes. E esses “hábitos” que ficaram
registrados na memória podem ser passados de geração para geração.
Ele aposta
na simplicidade
RC atinge todas as faixas
etárias e classes sociais. Suas músicas têm letras atemporais e simples,
capazes de serem compreendidas por qualquer pessoa. Ele vai direto ao ponto e
fala de elementos universais como amor, sexo, paixão, traição, dor, separação,
saudade. Todo mundo pode encontrar uma canção do Roberto para chamar de sua em
algum momento da vida.
Ele alimenta
esperanças
Roberto Carlos canta o que as
pessoas gostariam de viver, esperam viver ainda ou já viveram e precisam
reviver, nem que seja somente via lembranças. Ele canta para elaborar as perdas
e a dor do amor que acabou, mas que, quem sabe, pode ressurgir um dia. A esperança,
mesmo nas adversidades, e até mesmo a resignação de conviver com a saudade
trazem alento ao público. Trata-se de um romantismo desvalorizado pelo
pragmatismo da vida moderna e até meio fora de moda, mas que volta à cena por
meio de suas músicas.
Fontes:
Carmen Cerqueira Cesar, psicoterapeuta e terapeuta de casais, de São Paulo
(SP); Mônica Bayeh, psicóloga clínica e psicoterapeuta, do Rio de Janeiro (RJ),
e Raquel Fernandes Marques, psicóloga da Clínica Anime, de São Paulo (SP).
Ele canta o amor idealizado
Ele combina romantismo e erotismo
Este talvez seja o maior trunfo de Roberto Carlos: ele fala do afeto estilo “água-com-açúcar”, sim, mas também trata do amor carnal. Muitas de suas canções clássicas, em especial as dos anos 1970 (época em que os motéis começaram a se proliferar no Brasil), falam do êxtase do sexo e da parte “carnal” dos relacionamentos. RC personifica a combinação perfeita entre desejo romântico e erótico, entre o lado delicado e “tórrido” do amor.
Ele encarna o papel de “o cara”
Ele mexe com a memória afetiva
Ele aposta na simplicidade
Ele alimenta esperanças
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