‘Filha única’, locomotiva histórica volta aos trilhos no interior de SP

DO TEXTO:
Locomotiva idêntica à que está sendo restaurada percorre trecho entre as estações Pedro Américo e Anhumas, em Campinas, à época operada pela Companhia Mogiana

 POR BRASIL
POR MARCELO TOLEDO, EM CAMPINAS

Depois de quase dois anos em processo de restauração, uma antiga locomotiva a diesel da CMEF (Companhia Mogiana de Estradas de Ferro) voltará a trafegar em trilhos do interior paulista no próximo mês, assim como fazia há mais de meio século.

Ela será colocada nos trilhos para funcionamento a partir de 18 de novembro, auxiliando as máquinas a vapor operadas pela ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária) entre Campinas e Jaguariúna.

Produzida pela GM no EUA em 1960, a máquina a diesel elétrica foi desenvolvida especialmente para as ferrovias brasileiras, em substituição aos trens a vapor, e tracionará os carros (vagões) de passageiros em seu leito original. Foram fabricadas apenas 23, das quais somente esta foi totalmente recuperada até aqui.

A ABPF recebeu a locomotiva em janeiro de 2016 e, desde então, investiu cerca de R$ 200 mil para deixá-la em boas condições de funcionamento.

A máquina pesa 60 toneladas e teve a parte elétrica toda reconstruída, assim como a lataria, segundo Helio Gazetta Filho, diretor administrativo da regional Campinas da ABPF.

“É [a locomotiva] filha única, muito antiga. A ideia era preservar mesmo. Para a gente, além de preservar, vai ajudar muito na operação”, disse.

A locomotiva, há cinco décadas, operava os trechos Campinas-Ribeirão Preto e Ribeirão Preto-Uberaba (MG), transportando passageiros e cargas. Era considerada muito veloz à época, pois tinha condições de trafegar a até 80 km/h –embora tal velocidade nunca tenha sido atingida. Hoje, na linha turística, a velocidade padrão é de 25 km/h, por questões de segurança.

Uma outra locomotiva diesel já havia sido colocada para uso em 2015. “Elas são usadas de forma alternada com as máquinas a vapor, pois sempre temos de pará-las para fazer manutenção.”

Atualmente, a frota da ABPF em condições de rodar a linha turística entre as duas cidades é composta por seis locomotivas a vapor e, agora, três elétricas movidas a diesel. Há, ainda, 18 carros de passageiros em operação.

SABOR NOS TRILHOS

O passeio inaugural do dia 18 vai celebrar os 40 anos da ABPF com uma viagem especial. Será usado o vagão Caboose, de 1966, o único de 25 existentes preservado –ele é pequeno e tem uma cúpula alta com vidro, em que é possível ver a composição toda por cima.

Além dele, haverá um carro-restaurante, em que pela segunda vez será servido o filé Arcesp, clássico da gastronomia ferroviária.

O filé se transformou num ícone dos vagões-restaurante dos trens da Companhia Paulista. Composto por filé mignon, molho e arroz branco, o prato surgiu para atender representantes comerciais, clientes frequentes dos trens.

Esses viajantes eram vinculados à Arcesp (Associação dos Representantes Comerciais do Estado de São Paulo), daí o nome pelo qual o prato ficou conhecido.

Ele tem como base o filé mignon, que é frito na manteiga e, em seguida, retirado, para que os outros ingredientes possam ser preparados. A frigideira, então, recebe cebola, tomate, batata, ervilha e cenoura que, quando estiverem no ponto, terão a companhia do filé, para que o sabor do molho seja incorporado à carne.

A ABPF sobrevive de doações feitas por seus associados e dos valores pagos pelos turistas nos passeios entre as duas cidades, num trecho total de 48 quilômetros, que custa a partir de R$ 100 por passageiro.

Também são oferecidos passeios especiais para empresas, que têm auxiliado muito na receita da associação, segundo Gazetta Filho, e passeios pedagógicos.

In:http://brasil.blogfolha.uol.com.br
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