Cobras marinhas mudam de coloração para sobreviverem à poluição

DO TEXTO:

Joanna Klein
The New York Times

Existe algo estranho a respeito das serpentes marinhas cabeça de tartaruga. Não é o nome ou o fato de elas darem à luz em vez de botarem ovos ou remarem mais do que deslizarem, mas sim a pele.

Por anos, os pesquisadores repararam que as serpentes marinhas que moravam em águas perto da atividade humana tinham a pele cor de azeviche, mas, a maioria das que viviam em águas mais limpas possuía manchas ou listas.

"Sempre foi um enigma", afirma Richard Shine, ecologista evolucionário da Universidade de Sydney que vem estudando as serpentes há décadas.

Agora, em um relatório publicado recentemente na revista científica "Current Biology", Shine e seus colegas sugerem que a coloração variada provavelmente seja uma adaptação que as ajuda a lidar com a poluição.

É como as mariposas da Europa que trocaram asas manchadas por asas negras durante a Revolução Industrial, para fugir dos pássaros, misturando-se à poeira do carvão. No entanto, em vez de camuflagem, a pele negra pode agir mais como uma armadilha, coletando os metais pesados absorvidos pela serpente e se livrando deles quando a pele descama.

Os pesquisadores analisaram essa descamação em busca de mais de uma dezena de minerais, incluindo zinco, arsênico, cobalto e níquel. Como era esperado, as peles negras --que pertenciam a uma serpente escura ou apenas vindas de uma lista negra-- continham mais metais.

Tentando descobrir a vantagem evolucionária dessa correlação, os pesquisadores determinaram que não era camuflagem, nem que isso tornava a serpente mais vistosa do que as outras. Imaginaram que os minerais se acumulavam na água, subiam na cadeia alimentar e eram sequestrados pela pele negra.

Ela também atraía alga, que passou a morar no corpo das serpentes, criando uma capa mais pesada e aveludada. Para se livrar das algas, que deixam as serpentes mais lentas na água, a pele descama com mais frequência, protegendo-as dos níveis de metais que são tóxicos em outros animais.

In:https://noticias.uol.com.br


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