'O deserto do amor', do Nobel de Literatura François Mauriac, ganha nova edição

DO TEXTO:
 
Jornal do Brasil

Laureado com o prêmio Nobel de Literatura em 1952, François Mauriac foi consagrado naliteratura anos antes com a publicação de “O deserto do amor”, que, em 1926, um ano após sua publicação, recebeu o Grande Prêmio do Romance Francês.

O livro, que foi traduzido para o português pela escritora Rachel de Queiroz e que sai pela primeira vez pela editora José Olympio, conta a história de um triângulo amoroso em que  pai e filho são apaixonados pela mesma mulher. O jovem encontra Maria Cross casualmente num bonde.  Ela flerta com ele sem saber que se trata do filho de Dr. Courrèges, seu estimado médico, que vive desencantado com o casamento e acaba se interessando por ela.


A trama se apresenta numa sequência de passeios entre o presente e o passado e numa alternância de cenários entre Paris e Bordeaux. Neste, que é considerado um dos mais importantes romances de Mauriac, percebe-se a sensibilidade do autor às amarguras da vida e ao pessimismo, que fizeram com o escritor francês André Billy o comparasse a Flaubert.


François Mauriac et Jeanne Lafon, en 1913 (DR)
 
François Mauriac foi um romancista e escritor francês. Iniciou sua carreira em 1909, com o livro de poemas Les Mains Jointes. Dentre seus romances destacam-se Thèrese Desqueyroux e O nó de víboras. Suas obras abrangem ainda ensaios, peças de teatro, estudos biográficos e críticos e colaboração em revistas e jornais, tendo mantido por muitos anos seu “Bloc Notes”, coluna publicada inicialmente no jornal La Table, depois no Le Fígaro, e a partir de 1955 na revista L’Express.

Trecho:
 
 
“...Chegava-lhe, por ora, a alegria de tornar-se outro homem, de repente. Antes que a desconhecida o fitasse, não era ele, realmente um colegial sórdido?  Nós todos fomos amassados e reamassados por aqueles que nos amaram, e por pouca que tenha sido a tenacidade deles, somos sua obra, obra que, aliás, eles não reconhecem, e que não é nunca a obra com que sonharam. Não há um amor, não há uma amizade que atravesse nosso destino sem colaborar com ele pela eternidade. O Raymond Courrèges daquela noite, no pequeno bar da rua Duphot, aquele moço de 35 anos, seria um homem diferente se em 19...quando estudante de Filosofia, não visse sentar-se diante de si, no bonde de volta, Maria Cross.”



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