Agosto de 1981: O verdadeiro início da computação pessoal

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 Por: Vivaldo José Breternitz

                                                                                                                                    
Alda Jesus
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No início dos anos 1980 empresas como Apple, Osborne e Sinclair já fabricavam computadores pessoais, difíceis de usar e de utilidade limitada.

Isso começou a mudar em 12 de agosto de 1981, quando a IBM lançou seu primeiro computador voltado para o usuário final: o IBM PC 5150. Com preço básico de US$ 1.565 (da época, hoje cerca de US$ 4.200), ele era o modelo mais barato lançado pela empresa e era voltado tanto para escritórios como para uso doméstico.

A entrada da IBM no mercado de computadores pessoais mudou completamente esse mercado. Conhecida do público por ser a maior fornecedora de computadores de grande porte, o lançamento da IBM foi fundamental para popularizar o computador como ferramenta de trabalho e lazer.

As especificações do 5150 eram poderosas para a época, mas hoje em dia seriam amplamente superadas pelo celular mais barato. O computador tinha apenas 16 KB de memória RAM. Para efeito de comparação, smartphones de hoje usualmente tem 3 GB de RAM, mais de 187 mil vezes maior que a IBM PC. O disco rígido (que era opcional) podia armazenar 40 KB; atualmente, qualquer notebook vem com pelo menos 500 GB, mais de 12 milhões de vezes maior que o do 5150.

A máquina já trazia a planilha de cálculo VisiCalc e um game chamado Adventure, que segundo a IBM “levaria os jogadores a um mundo fantástico de cavernas e tesouros” – o jogo é pateticamente tosco se comparado aos atuais.

O IBM PC 5150 foi um sucesso de vendas - a expectativa inicial da empresa era vender 240 mil unidades em cinco anos, mas essa marca foi batida em apenas um mês. A IBM continuou a liderar as vendas globais de PC até 1994, quando foi ultrapassada pela HP.

Ironicamente, alguns dos fatores que levaram ao sucesso do 5150 foram responsáveis pelo sucesso também da concorrência. A equipe que criou o primeiro PC trabalhou fora do modelo rígido e fechado que era adotado pela IBM; foram usadas peças e tecnologias de fornecedores externos para montar a máquina, em vez de desenvolver internamente todos os componentes.

Dessa forma, como nenhuma parte vital do 5150 era exclusiva da IBM, ficou fácil para outras empresas copiarem o produto e criarem PCs mais baratos, com as mesmas especificações – afinal não tinham custos de pesquisa e desenvolvimento e pegavam “carona” no marketing da IBM.

Essa onda de clones beneficiou fortemente duas empresas. A primeira foi a Intel, pois a arquitetura do chip 8088 usado no IBM PC logo se tornou padrão de mercado e a fabricante de chips passou a vender seu produto para dezenas de outras empresas.

A segunda empresa foi a Microsoft: a IBM precisava de um sistema operacional para seu PC e Bill Gates forneceu a solução, com uma versão do DOS para o IBM PC. Como o sistema não era exclusivo, a Microsoft passou a vendê-lo também para as concorrentes da IBM e rapidamente se tornou a maior produtora de software do mundo. Foi o início da parceria "Wintel" (Windows + Intel), que até hoje domina a computação pessoal em todo o mundo.

A concorrência cada vez mais acirrada e com baixas margens de lucro do mercado de PCs levou a IBM a vender sua divisão de PCs para a Lenovo em dezembro de 2004.

Nove anos depois, a Lenovo passou a ser a maior fabricante de PCs do mundo. A empresa chinesa desbancou a HP, que havia superado a IBM em 1994 e por quase 20 anos havia liderado esse mercado. Atualmente, a Lenovo lidera o mercado de PCs com uma fatia, seguida por HP, Dell, Acer e Asus.

Vivaldo José Breternitz é doutor em Ciências pela USP, professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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