Governo Britânico e Titan Airway tem Deportação em Massa Cancelada

DO TEXTO: Alistair Tamlit (28) um dos militantes que arriscou a própria vida junto com outras dezenas de colegas ativistas...
Ao bloquearam a pista de pouso e decolagem de um dos aeroportos mais intensos do Reino Unido, o Stansted aeroporto, ativistas das instituições não governamentais baseadas em Londres, Plane Stupid, Lesbian and Gays Support the Migrants (LGSMigrants) e  End Deportation protagonizaram uma cena de filme em vida real.
Eles driblaram o forte esquema de segurança do Stansted 
aeroporto em prol de uma causa humanitária 

Por:Tâmara Oliveira Santana

Ao bloquearam a pista de pouso e decolagem de um dos aeroportos mais intensos do Reino Unido, o Stansted aeroporto, ativistas das instituições não governamentais baseadas em Londres, Plane StupidLesbian and Gays Support the Migrants (LGSMigrants) e  End Deportation protagonizaram uma cena de filme em vida real. Os protestantes driblaram os seguranças do Stansted, posicionaram-se não só na movimentada pista mas como também se agarraram nas asas da aeronave da empresa Titan Airway para que a mesma não alçasse voo para Nigéria e Gana com mais de 100 seres humanos que estavam a participarem de uma deportação em massa promovida pelo Home – Office – órgão responsável pelas resoluções de imigração na Grã- Bretanha. Com a ação muitos voos foram remanejados para diferentes aeroportos em Londres e outros acabaram cancelados. O fato ocorreu no último mês de março em terras inglesas e teve destaque nos principais jornais britânicos como: The Guardian, The Independent, The Telegraph entre outros. Ainda comemorando a vitoriosa ação, Alistair Tamlit (28) um dos militantes que arriscou a própria vida junto com outras dezenas de colegas ativistas na movimentada pista de pouso e decolagem do Stansted, conversou com a repórter do Portal Splish Splash, confira a "Rapidinha" com gosto de  glória.

PSS: Essa é a primeira vez que as três instituições, Plane Stupid; Lesbian and Gays Support the Migrants (LGSMigrants) e End Deportation unem forças para uma ação tão impactante? De qual das três entidades você faz parte?

AT: Sim essa é a primeira vez que as três organizações unem forças. Há três anos sou voluntário da Plane Stupid.

PSS: O que passou na cabeça de vocês ativistas enquanto estavam deitados na pista do aeroporto Stansted e nas asas do avião da companhia aérea Titan Airway, vocês não ficaram com medo de algum avião decolar?Ou a adrenalina era tão alta que não se pensa em nada?

AT: Medo?? Oh, não! A adrenalina é muito alta que a única coisa que de fato a gente queria era cumprir nosso objetivo em impedir a saída do injusto avião "custasse o que  custasse". Não há tempo, nem espaço para medo.

PSS: Vocês ficaram um bom tempo deitados na pista e nas asas do avião fretado pelo Home–Office para a deportação em massa, o que fizeram para o tempo passar?

AT: Nós invadimos o aeroporto gritando “No Border, no nations, stop Deportations” (sem fronteira, sem nações, parem deportações) passamos um bom tempo fazendo esse coro, depois cantamos muitas músicas.


Com força e determinação ativistas reivindicam  em prol do fim da deportação em massa, prática tornando-se comum pelo Governo Britânico 

PSS: Que tipo de música? Alguma do Bono Vox?

AT: Músicas com mensagens humanitárias, foram muitas. Do Bono nenhuma. Mas podemos citar um cantor ativista social em nível mundial, o saudoso Pete Seeger que foi um dos artistas a imortalizar a canção “Solidarity Forever” composta em 1915 pelo escritor, compositor ativista Ralph Chaplin. Cantamos muito “Solidarity Forever”.

PSS: O que aconteceu com os mais de 100 seres humanos que estavam no avião para serem deportados? Após a ação de vocês eles puderam reabrirem seus casos imigratórios junto ao Home–Office?

AT: Eles retornaram para os diferentes centros de detenção no Reino Unido. Infelizmente dias depois de nossa ação muitos deles de forma arbitrária foram deportados utilizando voos comerciais, porém temos duas pessoas que estavam no avião que impedimos a decolagem para serem deportadas tiveram seus casos reabertos, conseguiram reverterem seus “status”, obtendo assim a liberdade. Podemos nos orgulhar. 

PSS: De acordo com o documentário da emissora Channel 4 no Reino Unido, muitos “detentos” reclamam da forma grosseira dos funcionários da empresa SERCO responsável pela administração de alguns centros de detenção para pessoas com situação imigratória pendente, as reclamações são mais intensas no Centro de detenção de Yarl´s Wood, essa informação procede? 

AT: Sim procede, muitas mas muitas pessoas em centros de detenção reclamam da forma brusca dos funcionários, mas com certeza os funcionários de Yarl´s Wood saem na frente com tanta reclamação de estupidez.

PSS: Dentro dos centros de detenção há ONGs voltadas para o bem estar dos internos, instituições  como “Hibiscus” que tem escritório bem estruturado dentro de Yarl´s Wood, ou “Be Friends’ que tem voluntários para visitarem os internos e levarem kits com produtos de higiene para “presentearem” os “detentos”. Essas instituições são confiáveis ou elas são apenas um paliativo, que fingem pretendendo ajudar os internos, enquanto na realidade querem apenas recolher informações para repassarem para o Home Office que quer a qualquer custo “despachar” os detentos para seus países de origem?

AT: Nunca ouvimos qualquer tipo de denuncia em relação a essas ONGs. De fato elas lutam com muito empenho para preservarem o bem estar das pessoas que estão nos centros de detenção, elas são muito úteis e confiáveis sim.

PSS: Imigração é um bom negócio, nota-se pelas altas taxas cobradas pelo Home-Office para solicitação e renovação de visto, pelos elevados  preços dos advogados e despachantes especializados em imigração, pela indústria do casamento arranjado e confecção de passaportes falsos, entre outros milhares de negócios que são “nutridos” pela questão da imigração. A deportação é também um negócio lucrativo? Caso a resposta seja positiva, quem lucra mais? O governo britânico? As companhias aéreas? Ou o governo do País onde o “detento” é deportado?

AT: Todos lucram. A deportação é um grande negócio, passando pela questão de uma das empresas administradoras de alguns dos centros de detenção, a  empresa Serco em pagar uma libra hora para os internos trabalharem em suas instalações, muitos internos se sujeitam aos trabalhos que geralmente são de limpeza. Mas se a pessoa com visto vencido ou quando se está no processo de asilo não se pode trabalhar em nenhum local na Grã Bretanha, dai a pessoa é enviada para um centro de detenção e recebe lá dentro uma libra muito abaixo do valor de hora de trabalho do governo local, veja que louco dentro do centro a pessoa pode trabalhar e receber um “salário” irrisório, imagine como a Serco lucra pagando hora trabalhada bem abaixo da tabela? Esse tipo de trabalho o governo britânico aceita, olhe a perversidade do negócio? Claro que as empresas aéreas não são boazinhas e há um negocio muito lucrativo entre o governo do Reino Unido  e as empresas aéreas, ou será que somos “inocentes” o suficiente para acreditarmos que essas companhias que só visam lucro estão emitindo milhares de passagens e fretando voos para pessoas que serão deportadas por pura "generosidade"?

PSS: Na atualidade qual o maior centro de detenção no Reino Unido?

AT: São mais de dez centros de detenção, porém o maior do Reino Unido e da Europa é o Harmondsworth com capacidade para mais de 600 homens situado em West Drayton . O mais falado para mulheres e para famílias é o de Yarl´s Wood com grande índice de reclamação dos internos pelo tratamento estúpido dos funcionários da empresa Serco responsável pela administração do centro.

PSS: Vocês estão planejando algum tipo de campanha com celebres profissionais de diferentes áreas que tem “imigração no background”, mostrando assim o quão o Reino Unido é “colorido” por causa da miscigenação dos povos? Campanha destacando por exemplo: Zadie Smith, Hanif Kureishi, Salmon Rushdie, Sanjeev Singh, Reginald D Hunter, entre outros estelares que comprovam que imigração não é uma “peste”para o país, mas de fato um “arco íris” com grande impacto positivo para a nação?
                              
O frio, medo foram "empecilhos" que não existiram na noite de protesto dos ativistas que puxaram coro "no border, no nations,stop deportations"


AT: Temos em mente algumas campanhas que estamos desenvolvendo, mas com certeza contataremos figuras públicas na sociedade britânica para fazerem parte de algumas de nossas campanhas. Em breve teremos novidades.

PSS: Podemos sonhar em um dia vivermos em um planeta onde não se haverá  fronteiras?
AT: Estamos lutando arduamente para isso.

PSS: Boa Sorte e MUITO obrigada!

AT: Obrigado. Nós que agradecemos.

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