ÀS QUARTAS - FEIRAS - Na "mágica do computador"

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Por: Carlos Alberto Alves
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Cafona, mas e daí?

É sábado, 12 de fevereiro. Fãs se amontoam nas áreas abertas do navio Costa Serena, ancorado no porto de Santos.  No píer, uma movimentação digna do tapete vermelho na entrega do Oscar, com jornalistas e fotógrafos registrando a chegada de Roberto Carlos ao navio que parte para quatro dias de viagem até o Rio de Janeiro. 

O Rei chega dirigindo um Audi azul conversível.  Comoção geral. Repórteres se espremem para obter uma declaração, fãs acenam em busca da atenção do protagonista da mais longeva história de sucesso da música brasileira e mundial. 

O interior do Costa Serena impressiona: pelas dimensões e pelo gosto duvidoso da decoração – muito vermelho, dourado, néon e luzes.  Há 3.500 passageiros a bordo. Famílias inteiras, casais de meia-idade comemorando bodas, grupos de amigas cuja faixa etária vai dos 40 aos 80. 

Todos sonhando com quatro dias inesquecíveis embalados ao som das músicas românticas de Roberto Carlos. E elas estão por toda a parte: no hall dos elevadores, nas cabines, nas piscinas. Só dá ele. 

À noite, o Rei fará o primeiro de uma série de quatro shows. “Não acredito que estou aqui”, diz  Maria do Carmo, uma das 25 vendedoras da Nestlé premiadas para a viagem inesquecível. 

A moda no interior do navio é qualquer calça, qualquer bermuda e qualquer saia. Desde que acompanhados da camiseta com o nome Roberto Carlos, é claro. Quem assistiu o primeiro show do cantor não tem outro assunto no dia seguinte. 

Nos imensos restaurantes do navio, os fãs mais exaltados não sabem se falam da apresentação ou se avançam nos pratos sempre bem fornidos e sortidos à frente. Não é preciso recorrer às estatísticas para constatar que sim, a classe C chegou ao turismo. Nem é preciso pesquisar teorias sociológicas para perceber como estão felizes. 

Roberto Carlos não costuma conceder entrevistas – ele se recusou a falar para esta reportagem. Mas realiza uma coletiva de imprensa uma vez por ano a bordo do navio. É simpático, carismático e afável. 

Trata todos por “bicho”, gíria típica da década de 1970. Mas quem se importa? Fala de um CD com músicas inéditas,  que talvez lance ainda neste ano. Desconversa sobre um eventual romance com a cantora Paula Fernandes – uma bela morena de 28 anos de idade – e fala de sua estreia na avenida. Ele é o enredo da Beija-Flor. 

Noite de terça-feira e Roberto Carlos fará a última apresentação do cruzeiro, que está prestes a terminar. Senhoras com seus melhores vestidos,  moças com suas produções mais caprichadas. 

Parecia festa de casamento. As luzes se apagam e a orquestra que acompanha o cantor há 30 anos toca  Como é grande o meu amor por você, com um coro de 1,5 mil vozes. Roberto Carlos entra para cantar a indefectível Emoções. As fãs suspiram, cantam, elogiam, aplaudem. Se emocionam. 

No meio do show, Roberto Carlos explica que a música a seguir exige uma extensão de voz que ele não tem. Mas como ele gosta muito da canção, resolveu incluí-la em seu repertório. 

Desculpa-se e começa a cantar Caruso, imortalizada na voz de Luciano Pavarotti. Não precisa desculpar-se. Ao final da interpretação o público aplaude de pé o maior cantor brasileiro de todos os tempos.


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