Dois países e quase uma só nação

DO TEXTO:
Logótipo do I Dia da Galiza em Braga, em janeiro de 2013



Por: Nuno Botelho*

A fronteira que separa o Norte de Portugal e a Galiza sempre foi bastante permeável, devido às relações históricas alimentadas pela vizinhança geográfica e por uma identidade cultural comum. A aliança estratégica ibérica, em toda a sua extensão, é acentuada pelas relações antigas entre o Norte do país e a Galiza. As ligações entre estados e regiões constroem-se e consolidam-se com base na proximidade e nas afetividades pessoais. Essa é a melhor tradução da ligação forte, fraterna e harmoniosa que existe entre espanhóis e portugueses e que existe, em particular, entre galegos e nortenhos.

A eurorregião que vai de Aveiro à Corunha e de Trás-os-Montes a Ourense é um território contínuo, com problemas, qualidades e expectativas comuns. O seu mais relevante capital são os seis milhões de pessoas que aqui vivem, estudam e trabalham. O Noroeste da Península Ibérica é uma das zonas da Europa onde a noção de fronteira estão mais dissipadas pelo bom relacionamento e pela comunhão de interesses entre povos - até só nós, portugueses e galegos, compreendemos o verdadeiro significado de "saudade".

O trabalho conjunto desenvolvido há mais de 25 anos pela Comunidade de Trabalho Galiza - Norte de Portugal é verdadeiramente notável, devendo ser valorizado pela qualidade e pelo impacto dos projetos desenvolvidos pela Junta da Galiza e pela CCDRN.

O Porto e o Norte têm sido o centro das relações ibéricas. Alberto Nuñez Feijóo, presidente da Junta da Galiza, visitou a cidade esta semana, a convite do presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira. Trata-se de mais um relevante contributo para esta aliança, fomentando a união entre países e, em concreto, as fortes relações sociais, económicas, comerciais e culturais que caracterizam a Eurorregião Galiza - Norte de Portugal.

Em setembro do ano passado, o presidente do Governo de Espanha, Mariano Rajoy, reuniu no Porto com o primeiro-ministro, António Costa. Depois, em novembro e também com passagem pelo Palácio da Bolsa, o Norte acolheu a visita de Estado de Felipe VI e Letícia, reis de Espanha. É porventura só um símbolo. Mas não deixa de ser um símbolo com muito significado termos o Porto como centralidade deste novo eixo Ibérico.

Mais do que comunidades irmãs e aliados políticos, o Norte de Portugal e a Galiza são importantes motores económicos de Portugal e de Espanha. São regiões periféricas, é um facto, mas lideram o comércio internacional dos respetivos países, com um contributo significativo para o PIB e para o equilíbrio das contas públicas estatais. Seguimos xuntos!

* Empresário e Presidente da Associação Comercial do Porto

In JN Direto

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