Livro " O Povo Que Ainda Canta " vai ser apresentado em Paris

DO TEXTO:

O realizador Tiago Pereira vai apresentar o livro "O Povo que Ainda Canta" no espaço Portologia, em Paris, a 01 e 02 de abril, dois meses depois de ter filmado, nas ruas da capital francesa, um grupo parisiense de cante alentejano.

O fundador do projeto "A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria", que desde 2011 se tem dedicado à recolha e gravação de música popular e tradicional portuguesa, teve a ideia de apresentar o livro em França, depois de ter andado a filmar "Os Cantadores de Paris", um grupo de jovens de diversas nacionalidades, a maior parte dos quais não fala a língua portuguesa, mas que consegue cantar cante alentejano.

No lançamento do livro, a 01 de abril, às 19:00 locais, e a 02 de abril, às 16:00 locais, "Os Cantadores de Paris" vão atuar e o espetáculo também vai ser filmado para o documentário que Tiago Pereira está a fazer sobre eles, juntando-se às imagens dos jovens a entoar cante alentejano em locais como Montmartre, Torre Eiffel, Cemitério Père Lachaise e o metro parisiense.

Em conversa com a Lusa, o realizador explicou que os vídeos do projeto "A Música Portuguesa a Gostar dela Própria" foram muito vistos pelos emigrantes desde o início, e que o livro pode tocar ainda mais os portugueses que vivem fora, porque "mostra uma música que a maior parte das pessoas já não se lembra, mas que está presente na sua vida".

         

"Aqui [em Paris] existe mesmo esta necessidade de ter o contacto com o país e isto é uma forma de contacto, mas é um contacto mais desconhecido. É um contacto de um rural que já quase não existe, mas de que ainda há memória, e destas cantilenas, das raízes que muitas destas pessoas têm dos seus avós e dos seus pais", descreveu.

O livro, editado pela Tradisom, tem 92 páginas elaboradas como um diário de bordo das gravações, ilustradas por cerca de 300 fotografias, uma entrevista com o realizador e oito dvd's que contêm 26 episódios da série documental "O Povo Que Ainda Canta", que Tiago Pereira produziu para a RTP2 em 2015, mais um conjunto de vídeos editados após o final da série e chamados "Videocancioneiro I e II".

O realizador disse que o livro é "uma espécie de diário de bordo" do tempo em que ele e a sua equipa viajaram pelo país para filmar gente anónima que preserva a música pela transmissão oral, sejam tocadores, cantadores, amadores, profissionais ou construtores de instrumentos.

O livro, que foi lançado em Lisboa a 21 de janeiro, no sexto aniversário do projeto "Música Portuguesa a Gostar Dela Própria", vai estar à venda na Librairie Portugaise et Brésilienne de Paris.

O título da obra remete para o "Povo Que Canta", um programa televisivo de recolha antológica de música popular portuguesa da RTP, de 1971, nascido de uma parceria entre o realizador Alfredo Tropa, o musicólogo Michel Giacometti e o compositor Fernando Lopes-Graça.

A "Música Portuguesa a Gostar Dela Própria" começou por ser um canal na plataforma Vimeo, em 2011, e seis anos depois é uma associação cultural que tem um portal 'online', com cerca de 2.600 vídeos, nos quais se podem ver músicas que vão de Sérgio Godinho ao Grupo de Cantares de Sobral do Pinho.

A apresentação do livro "O Povo que Ainda Canta", no espaço Portologia, em Paris, também vai ter uma apresentação do projeto "A Musica Portuguesa A Gostar Dela Própria" e um 'set' de DJ da Senhora dos Passos só com músicas do arquivo da associação.

Tiago Pereira também criou e está a desenvolver os projetos "A música ibérica a gostar dela própria", "A Comida Portuguesa a Gostar Dela Própria" e "A Dança Portuguesa a Gostar Dela Própria", tendo um programa semanal na Antena 1 intitulado também "O Povo Que Ainda Canta".

Vencedor do prémio Megafone e fundador do projeto Sampladélicos, o realizador assinou filmes como "Porque Não sou o Giacometti do século XXI" (2015), "Não me importava morrer se houvesse guitarras no céu" (2012), "Sinfonia Imaterial" (2011), "Arritmia" (2007) e "11 burros caem no estômago vazio" (2006).

Em 2013 foi o curador do álbum de recolhas "Deem-me duas velhinhas, eu dou-vos o universo".

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