Família de pumas raros é registrada pela 1ª vez na caatinga de Pernambuco

DO TEXTO:
Bruno Bezerra/Bichos da Caatinga
Aliny Gama
Colaboração para o UOL, em Maceió

A presença de uma família rara de pumas multicoloridos (Puma yagouaroundi) foi registrada pela primeira vez na região da caatinga de Pernambuco, em Santa Cruz do Capibaribe (a 193km de Recife). As imagens inéditas no mundo captaram uma ninhada com três filhotes com dois padrões de coloração e os pais de cores diferentes.

Segundo pesquisadores, o padrão comum dos pumas iaguarundis é que a ninhada tenha a mesma coloração. Outro fato raro é que a cor predominante desses animais na região Nordeste é a vermelha, e nesta família há três membros com cor cinza.

As imagens inéditas mostram que o grupo é formado por mãe na cor vermelho, pai de cor cinza, um filhote na cor vermelha e dois na cor cinza. O professor da Universidade Estadual do Maranhão e coordenador do projeto Gatos do Mato do Brasil, Tadeu Gomes de Oliveira, explica que a coloração vermelha nos pumas é recessiva, ou seja, para nascer um filhote com a esta mesma cor, os pais teriam de ter a pelagem vermelha também.

"Esse é um registro único porque não existe foto desse bicho captada na natureza e nem em zoológico nenhum do mundo com ninhada multicolorida numa mesma cria", explica Oliveira.

O registro foi feito pelo projeto Bichos da Caatinga, que monitora animais que vivem no agreste de Pernambuco

O coordenador do projeto Bichos da Caatinga, Bruno Bezerra, conta que a descoberta da família rara de pumas ocorreu depois que o proprietário de uma fazenda no município de Santa Cruz do Capibaribe pediu ajuda ao grupo para descobrir qual animal estava atacando filhotes de cabras e outros de pequeno porte na sua propriedade.

Os pumas yagouaroundis são "primos" dos Pumas concolor, felinos selvagens encontrados em toda a América. A espécie yagouaroundis "não é mais abundante no Brasil", mas há registros em todas as regiões do país, menos no pantanal matogrossense, segundo o projeto Gatos do Mato do Brasil.

Eles pesam cinco quilos, em média. Não existem dados sobre a quantidade desses animais no Brasil, porém Oliveira afirma que "eles são raros pela quantidade em comparação a outros felinos existentes no país."

"O mais abundante é gato maracajá ou jaguatirica (Leopardus Pardalis)",  destaca o professor.

A espécie tem padrão de cores vermelho (amarelada e alaranjada) e do cinza azulado claro ao quase preto. Na região da Caatinga do Nordeste predomina a cor vermelha nesses animais, já a cinza é menos comum. Na Amazônia, a cor cinza é a mais frequente.

Seca leva pumas para áreas rurais

O habitat do puma yagouaroundis é em áreas com vegetação natural e não é comum seu contato com áreas de rural de plantações. Segundo Oliveira, eles são animais selvagens e de hábitos solitários. "Nesta época de extrema seca não duvidamos que esses animais estão se aproximando dessas áreas em busca de água e alimentos."

O Nordeste vem sofrendo estiagem severa há seis anos. Para se ter ideia da situação da seca, a barragem de Jucazinho, localizada no município de Surubim, secou. A barragem abastecia 15 cidades pernambucanas, dez delas agora estão recebendo água por meio de carros-pipa.

"O desmatamento, a escassez de água e alimentos, esses animais estão se aproximando do ambiente mais próximo de humanos. Por sobrevivência, se não tem água ou presas na mata, os animais vão buscar onde tem", explica Bezerra.

Oliveira destaca ainda que os pumas yagouaroundis se alimentam de roedores, lagartos, cobras, aves, coelhos e outros animais de pequeno porte com até cerca de 400g e que solicitou que a equipe investigue se os pumas estão atacando eventualmente animais que não fazem parte da dieta deles.

In:noticias.uol
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