Autor de Hugo Cabret lança romance que discute os limites entre ficção e realidade

DO TEXTO:

Lançamento mundial, Os Marvels, do consagrado Brian Selznick, traz uma história emocionante sobre as relações afetivas, tendo o teatro como pano de fundo
 
 
Alba Bittencourt
Portal Splish Splash


Em 1766, um navio naufraga durante a encenação de uma peça, deixando como únicos sobreviventes Billy Marvel e seu cão. O garoto se tornará o primeiro de uma família de atores brilhantes, que encantará as plateias do Teatro Real de Londres por várias gerações até o ano de 1900, quando seu tataraneto, o jovem Leo Marvel, é expulso dos palcos...

Quase um século depois, em 1990, outro jovem chega sozinho a Londres, fugindo do colégio interno. Joseph Jervis vem atrás de um tio desconhecido e acaba se deparando com um homem excêntrico, que vive numa casa congelada no tempo.

Se à primeira vista as duas narrativas — a primeira (com quase quatrocentas páginas) em imagens, a segunda em texto — parecem desconexas, aos poucos as relações vão ficando evidentes, propondo ao leitor uma reflexão sobre como podem ser tênues as relações entre ficção e realidade.

Com o mesmo poder de sedução de seus livros anteriores — A invenção de Hugo Cabret e Sem fôlego, best-sellers premiados de grande sucesso mundial —, Os Marvels envolve o leitor pelo enredo intrigante e pelo ritmo de aventura. Mas também, e sobretudo, por ser uma história capaz de emocionar profundamente — sem recorrer à pieguice ou apelos fáceis — pois aborda de modo natural e delicado as relações afetivas, tanto as de amizade como as familiares (inclusive as homoafetivas).

Para completar, as magníficas ilustrações a lápis, plenas de detalhes e baseadas em sólida pesquisa histórica e museológica, reproduzem fielmente elementos arquitetônicos, decorativos, teatrais e náuticos, bem como vestuários e contextos urbanos, constituindo uma rica narrativa visual que, unida à excitante história, compõe uma obra completa e sutil, com diferentes camadas de leitura.

Uma curiosidade: a história do livro foi fortemente inspirada na Dennis Severs’ House, uma espécie de museu em Londres, que recria o que seria a vida de uma família do século XVIII. Na verdade, tanto a casa como a história são criações do artista Dennis Severs, que, por meio de sons, cheiros, disposição de objetos etc., conseguiu criar um ambiente em que os visitantes têm a impressão de que a família habita realmente a residência.

Sobre o autor e ilustrador: Brian Selznick nasceu em Nova Jersey, Estados Unidos, em 1966. Formou-se na Rhode Island School of Design e trabalhou em uma livraria especializada em literatura infantil em Nova York, onde leu muitos livros. Passou então a escrever os próprios textos e ilustrá-los, começando por The Houdini Box [A caixa de Houdini], The Robot King [O rei robô] e Boy of a Thousand Faces [O garoto de mil faces]. Seu livro A invenção de Hugo Cabret se tornou um best-seller do New York Times, entrou para a prestigiosa Lista de Honra da Biblioteca Internacional da Juventude, em Munique, e recebeu a Caldecott Medal. O filme de Martin Scorsese baseado nele foi um sucesso de crítica e público, vencedor do Oscar em cinco categorias. Sem fôlego, segundo livro do autor publicado pela SM, está sendo adaptado para o cinema por Todd Haynes.

Sobre a editora: Fundada em 1937, a SM não se intitula uma empresa mas, sim, um projeto cultural e educativo com duas áreas de atuação plenamente integradas: em primeiro lugar, na elaboração e oferta de conteúdos e serviços educativos de prima excelência, sobretudo didáticos e de literatura infanto-juvenil, e, em segundo, no trabalho social realizado pela Fundação SM, que destina todos os recursos provenientes da atividade comercial da SM para melhorar a qualidade da educação e levar a docência e cultura aos setores menos favorecidos da sociedade. Focada no âmbito ibero-americano, a SM está presente em 10 países e são mais de 2.300 profissionais e voluntários se dedicando a este projeto. No Brasil, atua desde 2004.

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