"Rapidinha" com Yaisa Carolina: "Não Deixe o Samba Morrer"

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O Portal Splish Splash teve o apanágio em conversar com a produtora cultural, diretora e dramaturga, Yaisa Carolina, responsável pela confecção do texto e direção do espetáculo “Não Deixe o Samba Morrer” em homenagem aos 100 anos do Samba.
Tia Ciata; Clara Nunes; Maria Rita; Beth Carvalho; Leci Brandão 
"grandes participações" no espetáculo "Não Deixe o Samba Morrer"
Crédito foto: Thaisa Araujo



Por: Tâmara Oliveira Santana 
https://www.portalsplishsplash.com/p/tamara-oliveira-santana.html


O Portal Splish Splash teve o apanágio em conversar com a produtora cultural, diretora e dramaturga, Yaisa Carolina, responsável pela confecção do texto e direção do espetáculo “Não Deixe o Samba Morrer” em homenagem aos 100 anos do Samba. A montagem teve casa cheia em todas as apresentações no Teatro Municipal de Macaé - considerada” a cidade do Petroléo no Estado do Rio de Janeiro , de acordo com alguns espectadores foi um dos melhores trabalhos artísticos apresentados nos últimos anos no município de Macaé. Com tamanha simplicidade, inteligência e donaire Yaisa Carolina ilustra a nossa Rapidinha.

 O SAMBA e sua imensa beleza

PSS: Você pode nos falar um pouco de sua formação, se trabalha apenas com arte, ou concilia o seu trabalho artístico com outra profissão?

YC: Sou bacharel em produção cultural, formada pela Universidade Federal Fluminense-UFF. Trabalho com ações afirmativas, isto é, ações que valorizem, resgatem e fomentem a cultura africana e afro-brasileira.

PSS: Em sua opinião dá para se viver de arte no Brasil, sobretudo em urbes médias como Macaé?

YC: Depende. O problema no Brasil é que a economia não é bem distribuída. então tem alguns vivendo de arte, da nossa arte negra principalmente. É só observar pra quem é o Carnaval e quem lucra com essa festa. E tem aqueles que fazem a arte genuína, popular, que não recebem o devido valor.

PSS: Seu pai Hélio Batista e sua mãe Nair dos Santos estão em cena no “Não Deixe o Samba Morrer”, foi tranqüilo dirigi-los ou eles são atores “rebeldes”? Eles faziam muitas exigências?

YC: Foi maravilhoso. Foi uma experiência ímpar para nós. Não foram nem um pouco rebeldes, pelo contrário, eles têm uma alma artística. Entram de cabeça no projeto, acreditaram mesmo. Assim como meu irmão Flávio Vinicius e meu marido Henrique Vicente. Todos eles trataram o samba com muito respeito.

PSS: A música “Não Deixe o Samba Morrer” foi composta por Edson Conceição e Aloísio Silva, e alcançou fama em 1976 na voz da cantora Alcione sendo a primeira faixa do primeiro disco de estúdio da cantora “Marrom” . Em 2015 a intérprete maranhense ganhou o 26.º Prêmio da Música Brasileira na categoria Melhor cantora de samba. Por que a mesma ficou fora das homenagens aos sambistas na peça “Não Deixe o Samba Morrer”?

YC: Ela não ficou de fora. Entendo que as homenagens elas são feitas de diversas formas. E não colocamos nenhum dos artistas melhor do que ninguém. Fizemos, ou pelo menos, nos propusemos a fazer, uma linha do tempo da história do samba. Porém, o samba mesmo tendo apenas 100 anos, ele tem uma família muito extensa, ficando impossível de colocar todos no palco. Foi 1h e 30m falando de samba, elencando apenas alguns nomes, músicos, compositores... alguns foram interpretados e outros citados. E a Alcione foi homenageada sendo citada no texto e sendo a música tema da peça.

Um dos momentos mais emocionantes da peça o ex pedreiro e magno músico 
carioca Cartola e a belíssima sambista Tereza Cristina. Interpretações fantásticas
dos atores: Yaromaia Bispo e Helder Santana.
Crédito foto: Thaisa Araujo.

PSS: Tendo uma orquestra e atores cantando ao vivo, por que os envolvidos na divulgação da peça não a categorizou como um musical?

YC: Não temos essa pretensão. Para ser um musical precisaríamos de mais tempo, mais músicas. Não contamos no palco uma história através da música. Falamos sobre um estilo musical, uma cultura, contando sua história. Então, rotular como musical, ou como drama, ou qualquer outro estilo seria um erro. O samba nos permitiu musicalizar o drama, a história real de tantos personagens, que intitular 'espetáculo' trouxe para nós a grandeza do samba.

PSS: Trabalhar com um elenco grande como é o caso de sua montagem, é uma tarefa árdua? Ou para você quanto maior o número de gente envolvida melhor?

YC: Foi a primeira vez que fiz um texto e uma direção de teatro. Lógico, tive parceiros generosos ao longo da caminhada, como Marcelo Athaualpa e Maristela Tavares. Mas o número de pessoas não foi impedimento para a nossa harmonia. Foram meses de trabalho, por vezes cansativos, pois estamos falando de um elenco que todos tem suas profissões diversas, ninguém vive da arte, e que saiam dos seus trabalhos para se dedicar voluntariamente ao projeto. Mas no resumo, foram momentos de aprendizado. Não à toa mantemos o grupo do elenco numa rede social, e nos autonominamos 'família do samba'.

PSS: Vocês lotaram todas as apresentações de “Não Deixe o Samba Morrer” no Teatro Municipal de Macaé. Vocês esperavam tamanho sucesso?

YC: Não. Sem falsa modéstia. Até por que o sucesso para nós era sinônimo de superaçao. A maioria estava pisando no palco pela primeira vez. Então, o nosso sucesso foi completar nosso projeto, foi passar a importância do samba e que essa mensagem seja viralizada. Precisamos conhecer nossa história. Mas óbvio que ver uma plateia, todos os dias, lotada e tão receptiva e carinhosa como foi a nossa, nos dava cada vez mais ânimo de fazer melhor.

PSS: Planos para se apresentarem em Festivais? Outros teatros de outras cidades e países ?

YC: Ainda não. Tivemos alguns convites, mas ainda nada foi formalizado.

 A Diretora Yaisa Carolina (ao centro com o microfone) e todo o elenco
 da peça "Não Deixe o Samba Morrer". Trabalho árduo mas casa lotada e carinho 
do público em todas as sessões.
Credito foto: Thaisa Araujo

PSS: Há pessoas nas ruas de nosso município dizendo que vocês fizeram História em Macaé. Vocês profissionais envolvidos sentem essa afirmação?

YC: Ouvimos também e ficamos muito satisfeitos pois acreditamos que ter esse reconhecimento vai ao encontro com o nosso objetivo de manter a história e a cultura viva em nosso município.

PSS: Quanto tempo de ensaio para a conclusão final do trabalho?

YC: Os ensaios foram 4 meses ininterruptamente. A pesquisa foi um pouco mais, até porque quando me formei, minha monografia foi sobre o samba. Então foram alguns bons meses dedicados ao tema.

PSS: Vocês entraram em contato com assessoria de algum dos sambistas homenageados na peça para vir prestigiar o trabalho de vocês?

YC: Convidamos alguns, porém a agenda desses artistas não é nada fácil. Mas mandaram e-mails, recados nos desejando sorte e agradecendo a devida homenagem.

PSS: E quanto a consulados de países africanos de Língua Portuguesa vocês enviaram algum convite para cônsules e adidas culturais dessas instituições? Algum plano em apresentar em algum dos teatros de bolso dessas instituições?

YC: Nosso projeto foi feito com muitos apoios culturais da cidade, não somos uma companhia de teatro. Por isso não fizemos este projeto com objetivo de rodar o País. Porém, se houver convite, ficaremos felizes em poder contemplar.

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Alcione - Não deixe o samba morrer 


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