Em fins de 1963, Luiz de Campos vendeu a Adega Lisboa Antiga. Resolveu voltar a Lisboa e lá abriu o restaurante Samba, em março de 1964.
Ao que parece, Campos não permanecia muitos anos à frente de seus empreendimentos e os passava adiante. Em 1968, de regresso a capital bandeirante, organizou o Abril em Portugal, à Rua Caio Prado, nº 47. Outro restaurante típico que marcou a história do Fado em São Paulo.
Anteriormente, no mesmo endereço funcionara o restaurante Belisco, cujo slogan era “o restaurante fino da cidade”, inaugurado em 1º de agosto de 1963, pelo empresário português Arthur Fontes. O primeiro show foi realizado com o sambista Caco Velho, o “Caricato do Samba”, com seus ritmistas e pastoras.
A última apresentação artística no Belisco aconteceu com as despedidas dos artistas portugueses Odete Mendes e Tristão da Silva, em novembro de 1968. Ambos cumpriram temporada de 90 dias naquele endereço. Em seguida, Luiz de Campos comprou o restaurante de Arthur Fontes.
O Abril em Portugal era um reduto elegantíssimo. Abriu suas portas em 12 de dezembro de 1968. O número do telefone era 256-5160. Eram servidos jantares, de segunda a sábado, com os mais variados e deliciosos pratos e com shows ao vivo.
Na Adega D’El Rei tomava-se aperitivos e drinques, era uma adega lisboeta mesmo. No Salão Primavera se realizavam os shows e os jantares. As cores e os detalhes faziam lembrar as boas casas portuguesas e os clientes tinham impressão que estavam em Portugal. Na decoração havia lampiões e candelabros vindos de Portugal. As mesas eram ornamentadas com toalhas floreadas à maneira de lá.
Toda gente tinha certeza que o novo restaurante folclórico ia ser um sucesso. Com apenas alguns dias de funcionamento, a casa se converteu em sala de visitas da sociedade paulistana.
O empresário-poeta trouxe para a inauguração duas atrações, revelações de 1968 em Portugal, os fadistas Estela Alves e Américo Silva. O acompanhamento musical ficou a cargo do Trio Manuel Marques.
Em 14 de fevereiro de 1969, Estela Alves terminou sua temporada, precisava regressar a terra de Camões, compromissos profissionais a aguardavam. A sua festa de despedida foi grandiosa.
Como atrações ficaram apenas Américo Silva e o Trio Manuel Marques. Alguns dias depois, o fadista Manuel Taveira foi contratado.
Em dezembro de 1969, os empresários José Magalhães e Joaquim Saraiva compraram o Abril em Portugal. Magalhães veio especialmente do Rio de Janeiro para administrar o restaurante, cujas dependências foram remodeladas.
Em 19/6/1970 na coluna Vamos, lá! de A Gazeta, o cronista Vander Pratt, que estava substituindo o colega Egas Muniz, por motivos de saúde, registrou. “O fado canta na noite paulistana. E canta emoldurado pela plangência das guitarras e das violas. E canta na voz de artistas consumados, que vieram de lá da boa terra lusitana para tornar ainda mais charmosa à noite paulistana. E canta no ‘Abril em Portugal’. E canta ‘Adega Lisboa Antiga’. E canta em todos os recantos de fado da cidade…”.
O restaurante passou por diversos donos. Em agosto de 1971, o proprietário era Serafim Silva, também dono dos restaurantes New Giordano, Churrascaria Eduardo e uma torrefação de café.
Muitos dos artistas citados no capítulo anterior, sobre a Adega Lisboa Antiga, também trabalharam no Abril em Portugal.
O professor e maestro Manuel Marques compôs especialmente para esta casa típica a Marcha do Abril em Portugal.
É nesta casa onde todos Vem desfiar com certeza, Um rosário de saudades Da Pátria Mãe portuguesa! E quantas recordações Em nós virão despertar Ao ouvir esta cantiga Que todos vamos cantar. Olha o caldo verde, Olha a caldeirada, Olha o bacalhau E a sardinha assada! Ai, verde verdinho, Vem pra minha mesa… Só canto contigo, Nesta casa portuguesa! Vem a desgarrada, Todos vão cantar; Com a voz afinada, Já vai começar! Canta, canta, Canta D. Felipe, Canta, canta, E você também! Cantem todos Porque este é o coral, De todas as noites, No “Abril em Portugal”. É no silêncio da noite, Quando uma voz a cantar, Leva o nosso pensamento, Pro outro lado do mar! Para todos que aqui vem, Nosso abraço fraternal. Venham sempre com saudades… Saudades de Portugal.
O “Abril” encerrou suas atividades nos anos 1990.
Por Thais Matarazzo
Trecho do livro “O Fado nas Noites Paulistanas…” (2015), de Thais Matarazzo, Editora Matarazzo (São Paulo-SP).
Por Thais Matarazzo
É nesta casa onde todos
Vem desfiar com certeza,
Um rosário de saudades
Da Pátria Mãe portuguesa!
E quantas recordações
Em nós virão despertar
Ao ouvir esta cantiga
Que todos vamos cantar.
Olha o caldo verde,
Olha a caldeirada,
Olha o bacalhau
E a sardinha assada!
Ai, verde verdinho,
Vem pra minha mesa…
Só canto contigo,
Nesta casa portuguesa!
Vem a desgarrada,
Todos vão cantar;
Com a voz afinada,
Já vai começar!
Canta, canta,
Canta D. Felipe,
Canta, canta,
E você também!
Cantem todos
Porque este é o coral,
De todas as noites,
No “Abril em Portugal”.
É no silêncio da noite,
Quando uma voz a cantar,
Leva o nosso pensamento,
Pro outro lado do mar!
Para todos que aqui vem,
Nosso abraço fraternal.
Venham sempre com saudades…
Saudades de Portugal.
O “Abril” encerrou suas atividades nos anos 1990.
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