Os terceirenses transportam consigo uma
vincada cultura festiva. A evidência, acentuada nos dias e noites de Entrudo que se aproximam a
passos largos, traduz-se no intenso movimento criado à volta das danças e
bailinhos e, lá mais para o Verão, nas toiradas à corda e festas em honra do
Divino Espírito Santo.
“O arquipélago dos Açores é constituído por
oito ilhas e um arraial (Terceira) ” é expressão muito utilizada, mas,
analisando bem as coisas, não terá grande correspondência com a realidade.
Vamos desalinhavar o raciocínio. Por exemplo,
seria interessantíssimo quantificar as receitas geradas à volta dos cerca de
meia centena de bailinhos e danças que fazem delirar toda a ilha no Carnaval.
Há coisas evidentes. A indispensável roupa
para atores e músicos dá que fazer (e certamente a ganhar) a muitas costureiras
e os autores de enredos não têm mãos a medir para passar à escrita tantos assuntos.
Outra tradição interessante tem a ver com a
distribuição, atempada, de uma “garrafinha” de bebida, por parte das sociedades
e casas de Povo aquando do convite a cada uma das danças.
Depois, quando as pessoas aparecem em massa
nos salões para ver as danças e bailinhos, o movimento dos bares sobe em
flecha, situação que os responsáveis por estes espaços aproveitam para suportar
a apresentação de uma mesa farta aos artistas.
Já nas festas de império existe o hábito de
pintar a casa, comprar roupa nova para toda a família e “matar o bicho” a
amigos e conhecidos. Nas toiradas, é um tal faturar nas tascas ambulantes e por
aí fora.
Para garantir a diversão é necessário sempre
existir gente a trabalhar. Os terceirenses fazem esta simbiose de forma
perfeita.
Para tentar simplificar a coisa, vamos
recorrer à inevitável comparação entre Terceira e São Miguel .É a velha questão
entre trabalhar para viver (filosofia terceirense) ou viver para trabalhar
(filosofia micaelense). São filosofias, é claro, mas, em termos pessoais, acho
que votaria sempre na primeira...
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