Sou do tempo em que íamos para um campo de futebol de fato domingueiro.
Um ritual que se prolongou por muitos anos, isto no tempo em que os treinadores
e suplentes ficavam na zona dos balneários. Era tudo diferente. Cabelinhos
cortadinhos com muito cuidado. E só apareciam carecas os jogadores que,
circunstancialmente, estavam no serviço militar, concretamente no período da
recruta.
Em termos de apresentação de técnicos e dirigentes, o basquetebol é um
dos paradigmas que merece ser referido. Todos engravatados. Um cerimonial que
embeleza a própria modalidade. Hoje, em alguns casos, também já se vê um pouco
isso no futebol europeu, não obstante alguns técnicos optarem pelo chamado fato
de treino. Mas
aqui se trata do fato de trabalho e nada a criticar pela opção.
No Brasil, que já chamaram a catedral do futebol (agora já não é bem
assim), tenho visto cenas e casos arrepiantes e que em nada abonam a
modalidade. Antes pelo contrário, fica desprestigiada dentro do meu conceito e
de acordo com o que fiz referência nos dois primeiros parágrafos. Claro que
também na Europa temos alguns casos (não tantos, é certo), ou seja, jogadores
que se apresentam com cortes de cabelo horríveis, raspados nos lados e em cima
uma crista de cabelo. Ainda há dias cogitei no seguinte: será que estou a ver
um filme do Oeste, com tanta semelhança a índios daquele tempo? E também não
esquecer as exuberantes tatuagens. Claro que cada um faz do seu corpo o que bem
entende, até aí respeitamos. O que não encaixamos, seguramente, é a forma como
se traz tudo isto para um campo de futebol. O futebol é uma tribo. A tribo do
futebol foi, durante muitos lustros, respeitada com correção e aprumo. Hoje é o
que se vê por aí fora. E nesse sentido o Brasil é useiro e vezeiro. Com esses
novos modelos de cabelo, até dá para, humoristicamente, idealizarmos um filme
do lendário Oeste. É só diferenciarmos quem são os “índios” e os “batedores”
que os perseguem. Puxa, mas há cabelos rapados dos dois lados. Então fica um
esgrimir entre “apaches” e “tutti quanti”.
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