Carlos está cantando o Roberto Carlos

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Por: Carlos Alberto Alves
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Uma noite invernosa na então pacata cidade de Angra do Heroísmo. Morava eu na Rua de Oliveira, muito movimentada aos domingos em função dos jogos de futebol no então denominado Campo de Angra. Por ali passavam prosélitos dos três clubes citadinos, bem à moda antiga, com calças largas, chapéus, gabardines e os chamados sobretudos (casacões próprios do inverno). Naquela tarde-noite, uma quarta – feira, dia de discos pedidos no Rádio Clube de Angra, o que também acontecia aos sábados. Escrevia-se uma carta com o nome do disco que desejávamos ouvir na rubrica QUE QUER OUVIR. Na altura, já a música brasileira era das preferidas. O vento e chuva forte batiam na janela do meu pequeno e humilde quarto. Fechava as portadas com medo dos trovões e dos relâmpagos. No quarto ao lado, minha mãe ouvia o RCA num pequeno receptor que havíamos comprado, da marca Philips e no seu representante. Também por vezes o Rádio Clube de Angra ficava sem emissão quando a intempérie era demasiado forte, com vento de rajadas fortes que rebentavam com a fiação elétrica. E ficar sem o único meio de comunicação era terrível. Televisão nem por sombras se pensava nisso (do sonho à realidade só no ano de 1975). até porque estou narrando um facto ocorrido no início dos anos sessenta.
Voltando então à célebre quarta – feira de inverno rigoroso (nas ilhas pega bem), minha mãe acompanhava atenta a sequência do QUE QUER OUVIR, ela que sempre enviava uma carta com um pedido, quase sempre de Amália Rodrigues a nossa Diva do fado. Eu já gostava muito de música brasileira e, a dado momento, a mãe tocou na parede que dividia os nossos quartos com voz mais elevada: “vai tocar um disco do Roberto Carlos”. Eu já era fã do rei e saltei logo da cama para me aproximar do pequeno receptor. Ouvir Roberto Carlos me dava um alento muito grande para o dia seguinte. Minha mãe só queria fados, incidência maior para Amália Rodrigues, até que eu decidi escrever a minha própria carta de “disco pedido” e a entregar de mão própria na secretaria do RCA que ficava bem pertinho da nossa casa, quiçá uns 300-400 metros. E a partir daí era eu que, às quartas – feiras e aos sábados, ficava de plantão junto do receptor para ouvir o disco que tinha solicitado sempre de música brasileira e de preferência Roberto Carlos. Só não sei a forma em como o RCA conseguia esses discos. Até se falava de música gravada em bobinas. Também era possível... E também não me lembro, manda a verdade dizer, qual o primeiro disco que pedi na voz de Roberto Carlos. Calma aí, o meu computador cerebral me informa que foi “Louco por você”.  Se o computador diz, é porque foi mesmo.
Roberto Carlos - Louco por você

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