Jean Monlevade (VI)

DO TEXTO: João Monlevade entrara para o mapa de Minas Gerais e aos 5 de dezembro de 1965 é instalada a primeira Câmara Municipal.
Gravura de Jean Monlevade

 
João Monlevade
1817 – 2017

Dois Séculos de Vida Operária > Mais que uma biografia, uma historia de vida

EMANCIPAÇÃO – NUMA QUESTÃO DE TEMPO


Germin Loureiro - Presidente da Comissão de Emancipação


Devido ao fato de João Monlevade não possuir sua emancipação político-administrativa, toda a receita arrecadada com a implantação da Belgo-Mineira na região era repassada para os cofres do município de Rio Piracicaba. Contudo, quando a população de Carneirinhos reivindicou recursos para a implantação de um sistema de esgoto, o distrito sede não quis investir no empreendimento. A insatisfação dos moradores acabou incentivando a criação de uma comissão, que atuou entre os anos de 1958 e 1962, na busca pela emancipação da cidade e, consequentemente, da implantação de infraestrutura fundamental para o distrito.

Havia uma Comissão de Emancipação e esta comissão foi vitoriosa em seu intento, colocando nas mãos dos Monlevadenses a autonomia política em 29 de Abril de 1964.

João Monlevade entrara para o mapa de Minas Gerais e aos 5 de dezembro de 1965 é instalada a primeira Câmara Municipal.

O primeiro Prefeito Wilson Alvarenga e os demais vereadores.

Faltando o Poder Judiciário, o mesmo foi instalado em 1979 com a nova Comarca de João Monlevade.

E não poderia deixar de ser ele, o grandioso cantor para alegrar a festa comemorativa dos 10 anos de emancipação político-administrativa de João Monlevade.

Roberto Carlos em João Monlevade 1974 - 10 anos de emancipação

Roberto Carlos e à sua esquerda o Prefeito de João Monlevade
1974 - 10 anos de emancipação

O Modernismo Agregado


A Associação Comercial e Industrial de João Monlevade administra o crescimento de inúmeros estabelecimentos industriais de pequeno e médio porte.

O comércio cresce a cada dia que passa, estabelecendo o desenvolvimento do município.

Museu Turístico


Nos últimos tempos, o turismo também tem se tornado mais uma alternativa de investimento na cidade e alguns espaços merecem visitas.

É o caso da Fazenda Solar, um marco histórico na construção da cidade; da Igreja de São José dos Operários, símbolo da cidade por sua arquitetura diferenciada; do Cemitério Histórico, local onde estão sepultados Jean Monlevade e Louis Ensch; da Gruta de Nossa Sra. Aparecida e do Centro de Educação Ambiental (CEAM), área de mata atlântica preservada pela Belgo-Mineira.

O jargão “Nem Burro Do Géo Aguenta”


Esse jargão foi instituído popularmente na cidade, há muitos anos atrás, no início do começo da formação da cidade, quando um tal Sr. Geo, vindo de Sabará, para montar um armazém, disponibilizava suas carroças com os burros à disposição de seus clientes, na entrega das mercadorias; que inclusive compravam naquela famosa caderneta de créditos.

Como o caminho de saída do armazém para levar os mantimentos nestas pesadas carroças puxadas por burros, era um morro, e eles tinham que aguentar subir, com o carroceiro montado e mais o cliente, a criatividade inerente ao povo do interior se fez presente, na comparação com determinadas situações da vida, difíceis de resolver, de aguentar.

Assim, os monlevadenses de época falavam: “Isso sim assim, nem burro do Géo aguenta!”

Armazém do Geo


ADENDA:
Após exaurir o Ouro de Aluvião, iniciou-se um novo ciclo – o do Minério de Ferro, principal produto para os altofornos da Usina Siderúrgica.

O Ferro(Fe) é um elemento químico metal de transição da Tabela Periódica.

Sua importância biológica está nas várias atividades e funções que seus compostos desempenham. No caso, no transporte de elétrons em plantas e animais, no transporte de oxigênio no sangue dos mamíferos, e enfim, na indústria siderúrgica, na obtenção do aço, que é uma liga metálica formada sobretudo pela aglutinação do Fe com o elemento químico carbono(C); elemento este, constituído essencialmente de toda a matéria viva, como proteínas, carboidratos e gorduras.

Na Natureza é o mais útil dos metais, constituindo sua extração nos minérios rico tais como a: Magnetita, Hematita e a Limonita.

É usado nas construções metálicas diversas; na tinturaria, reveladores fotográficos, eletrodos industriais, reagentes industriais, etc.

GLOSSÁRIO:


Forja:  Estabelecimento onde através do calor se fundem e modelam os metais, como o ferro, por ex., produzindo assim, peças metálicas tais como: bigorna, foices, enxadas, martelos, machados, enxadas, alavancas, pás, ferraduras, cravos, martelos, picaretas, freios para animais, moendas para engenhos de cana, etc.

Ferro(Fe): Elemento sólido metálico encontrado na Natureza; possui uma cor branco acinzentado; é um metal duro; tenaz; reativo, o qual forma ligas de aplicações importantes.

Carbono (C): Elemento químico capaz de formar grandes extensões de cadeias de átomos e assim podendo constituir dezenas de milhares de compostos.

Gusa ou Ferrogusa: É o produto final extraído dos altofornos siderúrgicos, e em geral contendo elevado teor de Carbono e várias impurezas.

Aço: Metal proveniente da liga de Ferro + o elemento químico Carbono(C). O teor de carbono no aço pode variar entre 0,008% a 2,0%, podendo conter outros elementos de liga, como por exemplo: cromo, vanádium, cobalto, níquel, etc.

Açodoce ou Ferrodoce: Possui baixo teor de carbono e é empregado na indústria civil e de serralherias; possui alto índice de pureza; também usado para isolamento térmico.

Siderurgia: É a metalurgia do ferro e do aço; conjunto de tratamentos físico e químicos a que se submetem os minerais para se extrapirem os metais, devidamente purificados e beneficiados.

Fiomáquina: Produto final das trefilarias; está disponível em aços ao carbono com alto, médio e baixo teor de carbono; aços ligados e aços corte fácil. É aplicado no segmento Steel Cord (Talões e cordonéis de aço para pneus radiais).

Sinterização: Processo de amolecimento do minério pelo aquecimento, fazendo com que transformem em finos granulados, em cargas coerentes, não porosas para alimentação dos altofornos siderúrgicos.

Joint venture:
É uma expressão de origem inglesa, que significa a união de duas ou mais empresas já existentes com o objetivo de iniciar ou realizar uma atividade econômica comum, por um determinado período de tempo e visando, dentre outras motivações, o lucro.

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Nota n.º 2 de Bottary

João Monlevade, minha terra natal!

Nasci em 05/06/1954, muito antes que a parteira chegasse para assumir o parto como era de costume. Na verdade quando ela chegou, eu já estava sobre o peito de minha mãe, quiçá até mesmo já mamando.

Fui criado no Bairro da Vila Tanque nos costumes do fogão a lenha; dos banhos com água aquecida na serpentina do fogão a lenha; das casas com  chaminés por onde saía a fumaça do fogão e por onde por lá é que descia o Papai Noel nas festas de Natal; dos presépios que todo mundo gostava de fazer; das brincadeiras de rodas; dos jogos de botões; das matinês do Circo Nerino armado no Estádio Louis Ensch; dos Parques de Diversões com os famosos Trens-fantasmas, cento de laranja serra d’água; das brincadeiras rodas de crianças que aconteciam frente as nossas casas, com a atenção dos pais; dos parques de diversões perto de nossas casas em que neles tínhamos as gangorras em que fazíamos peripécias rodando-as em seu próprio eixo, com muita coragem; do tempo do vendedor ambulante que com duas sacolas no ombro dizia pra todos o ouvirem: “ Sandália e Chinelo!!”, tudo artesanal; das maravilhosas aulas de inglês que assistíamos, onde o professor colocava o disco de vinil com a música My Love For You do cantor Johnny Mathis; e não poderia deixar de falar das inúmeras serenatas que fazíamos cantando as músicas sucessos na época tais como as internacionais, e as musicas românticas da Jovem Guarda.

Enfim, num mundo onde o padeiro passava de manhazinha, com aquelas bisnagas de pão que dava gosto comer; das histórias do Chapeuzinho Vermelho que ouvíamos nos discos de cor verde, tocados na radiola, a mesma que ouvíamos a novela “O Direito de Nascer”; “Jerônimo, O Herói do Sertão”, a mesma em que colocávamos o disco de vinil, para ouvirmos a música: Meu Primeiro Amor, etc.

Ilustres Amigos, muito, muito me apraz falar de João Monlevade.

A emoção tomou conta de mim.

As lembranças voltaram-me ainda rapazinho, me fazendo um bem n’alma.

A primeira professora é a que marcou, ainda que eu não me lembre mais o nome dela: muito bonita, loira e brava!

O primário, o ginasial e depois o curso técnico; os quais, fizeram-me uma pessoa que a bem da verdade conseguiu vencer de uma certa forma a luta pela sobrevivência.

Durante as festividades religiosas das Semanas Santas, notadamente nas quintas-feiras, íamos para os que se chamavam Cruzadas (seria os representantes dos apóstolos de Cristo), e, do alto do enorme altar montado na praça da Matriz de São José do Operário, o Bispo ia passando e lavando os nosso pés. Era a cerimônia do Lava-pés.
 
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Hino de João Monlevade

Letra e Música: Rita de Cássia Abreu e Silva

Do trabalho, vontade e bravura
Deu-se início a uma bela história
De cidade, de gente e cultura
Que aos poucos conquista a sua glória
Uma forja, uma chama e então o aço
Força negra, pra um grande porvir
Da labuta não importa o cansaço
Pois a meta é crescer, construir.
(refrão)

E ergueu-se uma brava cidade
D’entre as rochas do estado altaneiro
Salve, salve João Monlevade!
Resplendor do progresso mineiro.

Da virtude tornou-se operária
Do progresso, grande pioneira
Do trabalho, leal voluntária
Que enaltece a nação brasileira.

Ela jovem, qual flor que se abre,
Para em torno de si perfumar,
Desabrocha João Monlevade
Pra um futuro de glória alcançar.

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FONTES:
Álbum feito pela Diretoria da Belgo-Mineira em 1953, em homenagem ao 25º Aniversário da administração do Diretor-Geral, Dr. Louis Ensch.
- Morro do GEO
- ACOBRASIL


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