Mekukradjá – Círculo de Saberes de Escritores e Realizadores Indígenas

DO TEXTO:

Evento apresenta literatura e cinema feitos por indígenas

Por Elaine Patricia Cruz
Edição: Denise Griesinger

 
Muitos já escreveram ou produziram filmes sobre a cultura indígena no Brasil. Essas produções, no entato, geralmente mostram o olhar do outro sobre a cultura indígena. Dificilmente as pessoas que estiveram atrás das palavras escritas nesses livros ou dos personagens desses filmes eram os próprios indígenas.

No entanto, essa produção literária e audiovisual existe, embora seja pouco conhecida ou divulgada no Brasil. Para mostrar essa expressão indígena na literatura e no cinema, o Itaú Cultural apresenta, até esta sexta-feira (30), o Mekukradjá – Círculo de Saberes de Escritores e Realizadores Indígenas.



Mekukradjá é uma palavra de origem caiapó – etnia que ocupa os estados do Mato Grosso e do Pará – e significa “sabedoria” ou “transmissão de conhecimentos”. A palavra foi escolhida para dar nome ao festival que se propõe a ser um ciclo de trocas.

“Como literatura e cinema, no Brasil, tem tradição de andarem juntos, decidimos fazer um encontro só e percebemos que a maioria dos escritores não conhece os realizadores e os realizadores não conhecem os escritores”, disse Claudinei Ferreira, gerente de audioviosual e literatura do Instituto Itaú Cultural. “A grande novidade é que esse encontro é uma troca de informações e de experiências entre eles”, ressaltou ele, em entrevista à Agência Brasil.

Todos os escritores e realizadores que participam do evento são indígenas e representam 11 etnias de 11 estados brasileiros. “Conhecer a produção de literatura indígena ou das artes visuais indígenas têm a mesma função de conhecer qualquer arte visual, qualquer literatura e qualquer produção audiovisual. Ela apresenta um outro jeito de ver o mundo, de ver a vida, um vocabulário específico” disse Ferreira.

Os temas abordados são bem diversos e, segundo Ferreira, trazem a expressão de cada um desses povos. “Normalmente giram em torno da expressão cultural dos seus povos – e aqui teremos 11 povos diferentes – e também da sua situação de contexto em relação ao embate com o ser humano branco ocidental”, destacou.

Mais editais

O cineasta Alberto Alvares – ou Tuparay, em guarani – nasceu e foi criado em Mato Grosso do Sul. Atualmente vive no Rio de Janeiro e vai apresentar no evento o seu filme Tekowe Nhepyrun – a Origem da Alma, gravado no Paraná. “Para mim foi uma honra participar [do evento]. Eu nunca tive a oportunidade de trazer meus filmes pra São Paulo. O filme é mais uma porta para a gente levar o nome em guarani dentro de São Paulo”, disse ele.

Tuparay já fez outros filmes e reclama da dificuldade de encontrar financiamento para a produção indígena no país. “Encontramos dificuldades para conseguir as parcerias. E também faltam editais próprios para os realizadores indígenas. Quando há um edital, engloba todo mundo e a gente, que está começando agora no cinema, acaba não sendo aprovado por causa disso”, disse à Agência Brasil.

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