Portuguese Tribune da Califórnia – De pai para filhos

DO TEXTO:



 
Por: Carlos Alberto Alves
jornalistaalves@bol.com.br
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Queria antes de mais deixar bem claro que a feitura deste artigo nada tem a ver com o facto do Tribuna Portuguesa, com sede em Modesto, Califórnia, já ter publicado alguns dos meus artigos insertos em A União.

Na verdade, sempre tenho procurado falar de pessoas da nossa terra que se têm evidenciado, sobretudo aqueles que rumaram para terras do Tio Sam na busca de melhores condições de vida. E são esses mesmos conterrâneos que, dentro das suas próprias profissões, têm contribuído para o desenvolvimento dos países que os acolheram. São os chamados emigrantes. E a comunidade açoriana multiplicou-se na América do Norte e Canadá, para apenas falar destes onde se concentra o maior número do que sempre denominamos por “gente cá da gente”.

Convivi com muitos nas minhas deslocações jornalísticas (oito aos Estados Unidos e cinco ao Canadá) e hoje tenho a convicção de que muita coisa fiz em prol da comunidade, concretamente em Toronto e Estado de Massachusetts. E hoje sinto vontade de chorar quando constato que não houve continuidade (desportiva e socialmente falando) neste intercâmbio com a comunidade açoriana. Gostaria que esta prática tivesse o devido seguimento, mas também reconheço, por outro lado, que as dificuldades são maiores e que os mais novos escribas não se querem aventurar em deslocações mais prolongadas, como foi o meu caso na maioria delas. Mas o meu espírito sempre foi este. e é por isso que batalhei para, em 10 de Março de 2014, ter chegado aos 50 anos de atividade. Para muitos governantes isto pode não significar absolutamente nada, mas para mim constituiu um dos maiores marcos da história do jornalismo açoriano, apesar de eu, há doze anos a esta parte, residir no Brasil. E curiosamente, não tendo o estatuto de emigrante, hoje dou maior valor àqueles que seguiram esse caminho, tendo em linha de conta as muitas dificuldades que por aqui passei, hoje em menor escala pelo facto de já estar regularizado (residente permanente). Se já havia verificado que o emigrante açoriano sente a saudade da terra natal, hoje também estou imbuído nessa essência nostálgica.

Ora, foi com agradável surpresa que soube, ainda estava em Portugal, obviamente, que o meu particular amigo e quase vizinho (eu na Rua da Oliveira e ele na Rua dos Canos Verdes), José Ávila (vulgo Zezé) lançou mãos com a feitura de um jornal, quinzenário, com sede em Modesto (Califórnia), que serve a contento a comunidade portuguesa, já de si enorme, visto que não se trata apenas de açorianos. No vasto Estado da Califórnia pululam muitos portugueses oriundos de vários pontos do país, incluindo os açorianos e madeirenses, que fazem parte do todo nacional e que hoje, felizmente, já são vistos de forma bem diferente pelos continentais.


José Ávila, que estudou no Liceu de Angra do Heroísmo, casou com uma filha de um velho amigo, desportista e aficionado da festa brava, o saudoso Rui do Vale, com quem sempre mantive as melhores relações. E curiosamente, na minha recente deslocação à Terceira (em Dezembro do ano passado), na festa de Natal do Centro de Saúde de Angra (lá fui funcionário) fiquei colocado na mesa onde se encontrava a Lúcia Vale e o seu marido, Francisco Botelho. O mais interessante de tudo isto, quiçá por ter me apresentado com visual diferente (sem bigode, menos cabelo, etc.), a Lúcia Vale perguntou à Madalena Frias “quem é este senhor que está aqui na mesa?”. Fartei-me de rir quando ela tomou conhecimento que eu era o tal Carlos Alberto Alves que ela bem conheceu noutros tempos. De resto, entristecido por, mais tarde, ter recebido a notícia da morte da Lúcia Vale.

Do José Ávila, a recordação dos bons-velhos-tempos em que um grupo de amigos lá das ruas vizinhas (Paulo Henrique Jácome, eu próprio, Jorge Jacinto, José Nicolau Garcia, Adalberto, Fernando Valentim e outros) frequentava a sua casa, levados pelo seu irmão Jorge Frederico Cabeceiras de Ávila, o popular Yaúca. Fomos sempre bem recebidos pelos pais do José Ávila, ele próprio e sua irmã Maria da Conceição (Sãozinha) que se encontra na Terceira.

Felicito o José Ávila pelo seu empenho e fundamentalmente pela qualidade do jornal que sempre apresenta aos leitores. Na realidade, o Tribuna Portuguesa está no caminho certo, publicando interessantes artigos e reportagens, para além das notícias de aniversário, falecimentos, etc. 

Ao amigo Zezé (agora vai assim) Ávila, aquele abraço que sempre une todos os açorianos que se encontram fora da região. E, neste artigo adaptado agora (já que foi publicado aquando da minha passagem como colunista do jornal A União, felicitar-te por teres passado o testemunho aos teus dois filhos (Miguel editor e Roberto designer) que mantém o Portuguese Tribune com o mesmo equilíbrio editorial. Interessante quando, numa empresa, neste caso um jornal, o pai, que já fez a sua parte (e de que maneira), delega nos filhos a missão da continuidade de um órgão que muito tem ajudado a comunidade portuguesa na Califórnia, mormente os açorianos.

Por fim, acrescentar que foi um grato prazer ter colaborado, esporadicamente, nesse jornal sob a direção do José Ávila.  

O trajeto de José Ávila:

Trabalha na empresa Presidente do The Tagus Group
Trabalhou na empresa Técnico Oficial de Contas
Trabalhou na empresa Director do Tribuna Portuguesa
Trabalhou na empresa CTT de Angra
Frequentou Liceu Nacional de Angra do Heroísmo
Mora em Modesto
Natural de Santa Cruz da Graciosa

História do Portuguese Tribune - Publicado regularmente desde Setembro de 1979, o jornal Tribuna Portuguesa nasceu, em Julho de 1979,[1] na comunidade luso-americana de São José da Califórnia, no bairro designado Little Portugal ou Five Wounds (Cinco Chagas devido à igreja portuguesa do mesmo nome), fundado pelo açoriano João P. Brum.

Nos anos 80 passou por dificuldades financeiras e administrativas até que foi objecto de uma reorganização pelas mãos dos empresários luso-americanos Albert Soares, John (João) Rodrigues da Silveira e Arthur Thomas e sob a direcção editorial de Artur da Cunha Oliveira, escritor açoriano e  deputado no Parlamento Europeu. Depois da saída de Cunha Oliveira para o Parlamento Europeu em 1989[2], o jornal voltou a sofrer dificuldades e a ter uma publicação irregular até a locutora de rádio e escritora Filomena Rocha Mendes assumir o cargo de directora.


Passados dois anos, foi a vez de uma nova equipa assumir a administração do jornal com Jaime Lemos, Armando Antunes e Hélder Fragueiro Antunes. Foram introduzidas algumas melhorias no conteúdo e admitidos novos colaboradores entre eles José Ávila.

Em 2002-2003, a empresa The Tagus Group, do empresário José Ávila, adquiriu os direitos da Tribuna Portuguesa e mudou a sua sede de São José para Modesto, cidade do Vale de San Joaquin onde se radicam milhares de portugueses e luso-descendentes. O jornal foi objecto de modernização com o aumento do número de colaboradores (de todas as faixas etárias e opiniões), e uma mudança radical para o aumento da cobertura dos eventos das comunidades lusas da Califórnia, e a redução da informação sobre Portugal (pois os assinantes já as recebiam através da Internet, RTP Internacional, SIC Internacional e rádios locais em língua portuguesa), uma aposta significativa na secção em língua inglesa, para chegar aos mais novos e às gerações de luso-descendentes que não dominam o português, um design fresco e moderno, a publicação do jornal na sua totalidade, gratuitamente, na Internet, para uma audiência mundial, e um aumento superior a 100% no número de assinantes. 
Desde as suas origens no Centro Comercial Português (ou "Little Portugal") de San José—na Avenida Alum Rock, na esquina com a Rua 33, na reitoria da Igreja Nacional Portuguesa das Cinco Chagas e na Rua 27—até à nova sede em Modesto, a Tribuna Portuguesa tem evoluído e celebrou os seus primeiros 36 anos em Setembro de 2015.

Na década de 1980 a Tribuna Portuguesa apoiou a causa da reintegração do antigo cônsul de Portugal em Bordéus, Aristides de Sousa Mendes, pelo Estado Português. 

Também foi apoiante do movimento em prol do povo de Timor-Leste na década de 1990 com eventos de sensibilidade junto das comunidades de língua portuguesa da Califórnia, de instituições de ensino superior e junto das entidades políticas de Sacramento (governo estadual), Washington, D.C. (governo federal) e Nova Iorque (ONU).

Desde a sua fundação que a Tribuna Portuguesa tem apoiado os programas de língua portuguesa nas diversas universidades da Califórnia, incluindo a University of California, Berkeley e a San José State University.

A Tribuna Portuguesa foi o vigésimo oitavo jornal português a ser fundado na Califórnia desde A Voz Portuguesa, em 1884, em São Francisco, e o primeiro após a vaga de emigração açoriana do Vulcão dos Capelinhos. Desde a sua fundação, em 1979, já vários foram outros jornais que marcaram presença, mas, apenas a Tribuna sobreviveu. 


                                                                 
                                                                   

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