Diferenças Entre Fados

DO TEXTO:


Tipos de Fado

Existem diversos tipos de fado mas os primitivos ou originais são três: fado Menor, Corrido e Mouraria.

Mas há muitos mais, cerca de 140, entre os quais: Tango, Franklin, Alberto, Maria Vitória, Marceneiro, Viana, Bailado, Carriche, Pierrot, Pinóia, Porto ou Zé Grande. Apesar da variedade de tipos de fado, a sua estrutura tem sempre por base os primitivos mas com pequenas alterações.

A forma mais vulgar de interpretar o fado é em trio: um fadista, um guitarrista e um violista. Tipicamente, o fadista fica de pé e o violista e guitarrista ficam sentados.

Fado de Coimbra
 
Na segunda metade do séc. XIX, o fado é levado para Coimbra por estudantes de Lisboa.

Em Coimbra, o fado teve, desde sempre um estilo mais elevado e romântico, a que não será estranho o facto da cidade possuir desde 1290, uma comunidade estudantil. É natural que uma herança, invisível mas significativa do ponto de vista histórico e cultural, tenha contribuído para dar ao fado um carácter erudito e uma auréola mais romântica.

Coimbra, ao contrário de Lisboa, não possui porto e terá sido a sua posição geográfica que, em conjunto com uma forte tradição cultural de origem monástica e universitária, terá decididamente contribuído para a forma específica do fado de Coimbra – o fado de Coimbra é uma síntese de vários elementos que inclui música tradicional trazida por estudantes das várias regiões do país.

O uso da guitarra portuguesa em Coimbra, originou uma prática instrumental
muito rica que a tornou num instrumento único na música popular de expressão urbana.

Para isso, muito contribuiram, Artur Paredes e o seu filho Carlos Paredes que se podem considerar como os grandes responsáveis pela evolução da guitarra em Coimbra.

A rebeldia de Artur Paredes permitiu-lhe uma abordagem muito mais agressiva, dramática e sofisticada. Paredes reinventou e reconstruiu literalmente o referido instrumento com vista a possibilitar um ataque mais forte das notas, cadências mais longas e sons mais complexos e acertivos.

Carlos Paredes criou novas melodias e tornou a guitarra portuguesa num instrumento de concerto, tocando com músicos de jazz tal como Charlie Haden, entre outros.

É também em Coimbra que, sobretudo a partir de finais das décadas de 40 e 50 do séc. XX, um conjunto de factores conduziram ao aparecimento das baladas e canções de intervenção, cujo ícone é sem dúvida, a “Trova do Vento que Passa”, poema escrito por Manuel Alegre cantado por Adriano Correia de Oliveira na musica de António Portugal.

Coimbra foi na década de 50 até ao 25 de Abril de 1974, solo fértil de germinação dos ideais de Liberdade. A prová-lo temos todas as lutas estudantis, sobretudo as que tiveram lugar entre 1962 e 1969, a riqueza cultural da Universidade de Coimbra e a intensidade da vida que atravessou todas as repúblicas da cidade neste período.

Hoje, o fado de Coimbra, mostra uma clara tendência romântica e descritiva da vida dos estudantes na cidade, que começou a desenvolver-se após a década de 80 do séc. XX. O fado tradicional de Coimbra, está muito ligado às tradições académicas da Universidade de Coimbra. É exclusivamente cantado por homens. Tanto os cantores como os músicos vestem de negro. Os temas respeitam os amores estudantis e o amor pela cidade. O que poderia ser melhor para impressionar as suas amadas do que cantarem a sua angústia por não as terem? E que outra música poderia explicar melhor o desgosto de abandonar os melhores anos da mocidade, a vida boémia de um estudante, do que o fado? Foi assim que surgiu como a música oficial das despedidas de cada ano, e dos estudantes em geral, em Coimbra.

Em Portugal é costume os estudantes trajarem com um fato e uma capa grossa, negros e é assim que se canta o fado em Coimbra.  O mais conhecido dos fados de Coimbra é “Coimbra é uma canção”, que teve um êxito assinalável em toda a Europa.

Fado de Lisboa
 
É cantado tipicamente na parte mais antiga da cidade, em tabernas ou casas de fado, pequenas e antigas onde as paredes estão decoradas com os símbolos daquela forma de canção: o xaile negro e a guitarra portuguesa. É cantado tanto por homens como mulheres.

As melhores casas de fado encontram-se nos bairros típicos de Alfama, Mouraria, Bairro Alto e Madragoa. Tem como característica fundamental o cantar com tristeza e com sentimento mágoas passadas e presentes, mas também pode contar uma história divertida e com ironia.

 
O homem que canta o fado, fá-lo normalmente de fato escuro. A mulher canta vestida de negro, de xaile aos ombros e com voz lamentosa.


Este modo de cantar espelha o espírito do povo lisboeta: a crença no destino como algo definido à priori e ao qual não podemos escapar, o domínio da alma e do coração sobre a razão, que levam a actos de paixão e desespero e que se traduzem num lamento tão negro quanto belo.

ofado-no-sapo.pt

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Diferenças do Fado (Lisboa e Coimbra)

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