Foi apenas pura coincidência...

DO TEXTO:




Por: Carlos Alberto Alves
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Nunca disse, nem verbal nem por escrito, que era santo. Nada disso. Quando mais novo, confesso, também fiz das minhas. Porém, nas viagens, que foram muitas, sempre mantive a verticalidade de um jornalista que sabe ser profissional, que honrava o elitismo do seu jornal. Como sempre dizia o meu “mestre” Vítor Santos... “um jornalista é o espelho do seu próprio jornal”. Jamais esqueci este conselho daquele que rotulei de maior jornalista português e que sempre me considerou como um irmão. Na minha segunda viagem às Ilhas Canárias, desta feita a Las Palmas – a primeira teve como destino Santa Cruz de Tenerife -, jornalistas, dirigentes e árbitros ficaram instalados no mesmo hotel, o que até achei interessante para, assim, nos conhecermos melhor, na exata medida em que muitas vezes se dizia que nós jornalistas tínhamos o “rei na barriga” e que, consequentemente, existia uma falta de proximidade com os referidos agentes desportivos, o que não é bem verdade. Nesse sentido, reconheço, apenas se constataram casos isolados entre uns e outros.

Nessa digressão a Las Palmas, aconteceu algo que nada teve de insólito, mas sim de pura coincidência. Todos nós sabemos que, nesses países – e também em Portugal, porque não dizê-lo -, os recepcionistas dos hotéis transformam-se, à noite, em engajadores, indicando meninas aos clientes que querem passar umas horas a curtir – o resto não é preciso dizer -. Numa das noites, estava eu metralhando na minha máquina de escrever – um ano depois é que surgiu no mercado o computador portátil – quando fui interrompido por um batimento na porta do meu quarto. Pensei, óbvio, que se tratava de alguém para conversar comigo sobre as atividades que teriam lugar no dia seguinte. Puro engano. Era uma garotinha, aí com os seus 19 anos, que procurava por um juiz de futebol, de acordo com o que ele (juiz) havia combinado com o recepcionista. Disse-lhe: minha querida sou jornalista e não alinho nestas coisas quando estou em serviço. Tenha paciência, procure o “apito” do juiz que lhe indicaram. Ainda atalhei: deve ser num destes aposentos aqui ao lado. Para descontrair um pouco, insisti com a canarinha: sabe uma coisa, eu também já fui juiz de futebol, dois anos em Angola e um ano em Portugal (de 1965 a 1968), mas, quando viajei, nunca tive a sorte de ter uma mocinha a bater-me à porta.

No dia seguinte, à hora do café, toquei no assunto, em surdina, ao juiz em causa: sabe uma coisa, a “sua menina”, erradamente, bateu à porta do meu quarto. Ela procurava um juiz e não um ex-juiz. O homem do apito riu. E, simultaneamente, proferimos esta frase: coincidências!

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