Robertão na vida dos outros

DO TEXTO:
Roberto Carlos entrega flores às fãs: Curitiba parou sábado para ver o Rei. Foto: Leandro Taques
por Marcos Xavier Vicente

Confesso que até o show de Roberto Carlos no último sábado aqui em Curitiba eu nunca havia visto ninguém com tamanho poder de entrar na vida das pessoas. Do momento em que acordei até dormir, já na madrugada de domingo, não se parou de falar do Rei. Todas as pessoas à minha volta tinham uma música para citar, que lembrava um determinado momento de suas vidas. E ouvi-las ao vivo mexeu com o coração de todo mundo. Ao acordar já senti que o negócio era mesmo forte. Minha mãe estava inquieta. Depois de anos, ela tinha a chance de rever um de seus grandes ídolos. Na hora do almoço, liguei para meu pai dizendo que tinha ingresso na área destinada aos funcionários GPRCom. Desde então, o velho, que é durão feito o quê, não para de me agradecer. A toda hora vem com um sorriso no rosto e me dá um tapinha no ombro dizendo “Marcos, você deu um baita presente para o teu pai.” Um pouco antes da hora do almoço no dia do show, dei uma passada no bar do seu Ricardo para jogar conversa fora com os amigos e todos só queriam saber do Robertão. Uns falavam que ele já estava na cidade, outros que ele só chegaria de helicóptero na hora da apresentação. Começou uma discussão sobre o que ele teria exigido no camarim. Eu fiquei vendo e pensando: incrível a intimidade com que esses caras falam do maior ídolo do cancioneiro popular. É como se Roberto Carlos fosse um deles, como se a qualquer momento ele mesmo chegasse no bar e dissesse “Bicho, não precisa discutir. Eu vou dizer o que tem no meu camarim, não é segredo nenhum: tem isso, isso e isso.” Eu, do meu canto, ia botando açúcar no café quando tive o prazer de assistir ao início dos trabalhos da rapaziada no balcão com um belo brinde coletivo em homenagem ao Rei. Com direito a um dos bebuns mais emocionado entoar de cabeça baixa, com uma mão no peito e a outra empunhando o copo: “Estrelas mudam de lugar, chegam mais perto só para ver...” Quando eu, meus pais e uma amiga entramos no táxi para irmos ao show, mais uma vez Roberto Carlos estava fazendo das duas. Ao dizermos que íamos para o show, o taxista foi logo comentando: - Rapaz, minha comadre ganhou dois convites no sorteio da rádio hoje. Vai ela e um cara com quem ela está de caso já faz tempo. Mas eles brigam muito. Tô achando que hoje, com as músicas do homem, eles se acertam de vez. Desci do táxi desejando sorte à comadre do motorista. No show, conheci a mãe de boa parte dos meus amigos. Aliás, conheci mães, esposas, namoradas, pretendentes, tias, avós, irmãs, cunhadas, primas... Não sei não, mas acho que todas as mulheres de Curitiba e região estavam no Centro Cívico na noite do último sábado. Já acomodado nas cadeiras em frente ao palco, outra cena surpreendente que só o Rei poderia me proporcionar. Estou conversando com um amigo do trabalho, macaco-velho do jornalismo, do tipo casca grossa, que já chegou a ficar no meio de tiroteio entre a polícia e a bandidagem, e que de repente saca uma filmadora do bolso da calça. “Prometi pra minha mãe. Não posso voltar pra minha cidade sem levar uma recordação do Roberto pra ela”, me confessou sem jeito o caboclo. Na porta de acesso ao camarim do Roberto, vi senhoras distintas, mães de família, mentindo descaradamente para tentar um contato com o ídolo. As lorotas que diziam aos seguranças eram de todas as espécies. Desde uma que disse que havia combinado com o Roberto “esse encontro” há mais de um mês, até outra que disse que era delegada de polícia mas havia esquecido a carteira funcional no porta-luvas do carro. "E a arma, a senhora também esqueceu, delegada?", zombou o segurança. Por ordem do próprio cantor, ele não daria entrevista após o show. Não consegui cumprir meu trabalho, mas ri muito daquilo tudo. Depois do show, de jantar com amigos e de dar mais uma circulada pela cidade, peguei outro táxi para voltar para casa. Apesar de, para variar, o assunto na corrida ser o Rei, fiquei frustrado por não ser o mesmo taxista que havia me levado. Gostaria muito de saber se tudo havia corrido bem com a comadre dele, se ela e o pretendente finalmente haviam ajustado as arestas durante a apresentação. Eu tenho para mim que deu tudo certo com o casal. Acho, sinceramente, que para eles se acertarem de vez era só uma questão de “Detalhes”.
Gazeta do Povo 08-11-2010
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6 Comentários

Comentários

  1. Olá, maninha!

    Todos nós fãs de carteirinha do NMQT e em especial aqueles que visitam ou colaboram em sites que falem dele, estamos habituados a ler todo o tipo de reportagens, crónicas, depoimentos e eu sei lá que mais. Ora, eu como licenciado em Robertologia Aplicada e ciências afins, :) devo confessar que muitos são os escritos que leio sobre o NMQT mas nem tantos aqueles que me fazem saltar da cadeira. Felizmente que às vezes isso acontece e hoje foi o caso.

    Artigos assim dá gosto ler e reler.

    Eu estive na casa do Leandro Taques e vi perfeitamente a tapadinha que seu pai lhe deu no ombro, ao mesmo tempo que dizia “Marcos, você deu um baita presente para o teu pai.”

    Eu estive no bar do seu Ricardo. Era um dos amigos do Marco e no meu português portuga meti a colherada falando do Robertão e fazendo coro em “Cavalgada” que por acaso até é a minha eleita, se é que podemos eleger alguma entre tantas eleitas.

    Eu viajei no táxi e ouvi toda a conversa do motorista sobre a sua comadre e o cara que estava de caso com ela. Tomara que o show seja o bálsamo retemperador.

    E é claro que também estive no show e conheci as mães e parentes dos amigos do Leandro.

    Topei a cena do jornalista tipo casca grossa que não podia sair do show sem tirar foto do Rei pra levar de recordação à sua cara-metade.

    Estive na porta de acesso ao camarim do Roberto e fui um dos queria entrar à força, dizendo ao segurança: Ó amigo, diga ao Roberto que está aqui aquele gajo portuga que costuma bater papo telefónico com ele.

    Depois do show e de jantar com o Leandro e os seus amigos, acordei do meu sonho e, revendo-o, não sei se tudo deu certo com o casal, mas tenho a certeza que, pese embora o facto de Roberto Carlos não ter dado entrevista, o Leandro cumpriu bem o seu trabalho. E de que maneira!

    Abraços robertocarlisticos

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  2. Olá maninho querido!

    Que bom que você gostou do "Robertão na vida dos outros"!

    Gostou tanto que vivenciou a crônica do Leandro Taques.

    Mesmo sendo só a portadora me emocionei e me senti honrada.

    Maninho,você não imagina o meu contentamento com um comentário seu.
    Agora um como esse,me deixou pra lá de contente, além da emoção.

    Obrigada, viu?

    Mil beijinhos da maninha,
    Carmen Augusta

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  3. Olá, maninha!

    Sei que ias gostar.

    Entretanto, recebi uma mensagem do autor do texto Marcos Xavier Vicente, agradecendo o comentário e ao mesmo tempo esclarecendo que o autor do texto não é o seu amigo Leandro Taques (autor da foto).

    Assim sendo, procedi de imediato à respectiva rectificação.

    Beijinhos e abraços do maninho.

    Ah! O Marcos perguntou-me o que significava NMQT e eu vou-lhe explicar tudo tim-tim por tim-tim. eheheheheh

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  4. Olá maninho querido!

    Quero pedir mil desculpas ao Marcos, e a você pela tremenda gafe.
    Mas na fonte, não citava em nenhum lugar o nome Marcos Xavier Vicente.
    Só aparecia o do Leandro Taques, e não embaixo da foto como sempre aparece, estava em cima, logo após o nome da crônica.
    Desculpem a minha falha,sem intenção.

    Marcos, aproveito para lhe dar os parabéns pela linda crônica. Linda e real, por que sei que o NMQT é assim mesmo, faz parte da vida da gente. Da minha ele faz, desde a Jovem Guarda, quando eu já estava casada e com dois filhos.
    Amo Roberto Carlos, mas é um amor, um carinho grande de irmã, de amizade. Isso eu disse à ele há um ano atrás quando consegui ir ao camarim. E essa ida ao camarim, só fez aumentar ainda mais esse amor.
    Ele é especial, é simples, é doce, carinhoso.Tudo de bom.
    Agora dia 18 estarei lá em São Paulo para ver o meu amor de novo.
    E irei dia 24 também.
    Coração tá disparado...

    Beijos para vocês dois, maninho e Marcos, da eterna fã do NMQT,
    Carmen Augusta

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  5. Olá Carmen,

    Lí esta crónica ontem na internet e também vivenciei cada momento aqui descrito.

    O Marcos excedeu-se, a crónica está para lá de fenomenal.

    Puxa, Carmen, como eu gostaria de poder ir ver o NMQT ainda este mês! Você é uma sortuda viu? Ainda por cima já esteve no camarim com ele. Que inveja (boa, no bom sentido). Me manda um email contando como foi essa experiencia no camarim e como você conseguiu entrar lá. Foi por convite?

    Nós aqui em Portugal sonhamos com o dia que vamos ver e ouvir novamente o Nosso Mais Que Tudo, mas não sabemos quando vai ser.... Ele estava para vir a Lisboa em Janeiro deste ano pela comemoração dos 50 anos de carreira, mas esse show acabou nunca sendo marcado!

    Qto á crónica do Marcos, espero que o Roberto tenha conseguido com as suas músicas românticas que a comadre se tenha entendido com o seu "caro enrolado" pq tudo o que nós fãs do Rei somos românticos e só queremos que o amor vença no final das contas!

    Beijos lisboetas, querida Carmen.

    Julia

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  6. OLà querida Guta! realemente estes relatorios fazem prazer mas deixam cà baba enorme.Foi muito fixe ouvir tudo claro!e nos fas, que orgulho, com que a gente fica ao saber de todas estas reaçoes de gente que à partida nao se creem fas e ao final demonstram que sao tanto ou mais que outros que o dizem! nao é assim Guta? beijinhos

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